jornal Valor Econômico 21/12/2010 - Gleise de Castro
Nada de lembrancinhas. O Natal deste ano deve ser marcado por compras de maior valor e produtos importados, favorecidos pelo descompasso do câmbio. O comércio em geral prevê aumento médio de 10,5% nas vendas e o melhor faturamento para a data desde 2005, segundo pesquisa da Serasa Experian. Nos shoppings, o valor médio do presente deve passar dos R$ 70,00 a R$ 100,00, registrados no ano passado, para valores entre R$ 80,00 e R$ 110,00.
Com renda maior e emprego mais estável, o consumidor tende a comprar cerca de 20 presentes, entre itens de pequeno, médio e alto valor e, com isso, as vendas dos shoppings devem ser as melhores dos últimos três anos, de acordo com a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop). A participação dos cartões de crédito, débito e das próprias lojas nas vendas deve se manter em 47%, segundo a Serasa. No ano, as vendas do varejo devem crescer entre 6% e 10%, dependendo da região.
Este foi um ano marcado por uma conjunção inédita de fatores que estimularam o consumo. A Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio), prevê crescimento de 6,5% para o comércio paulista em 2010. Os fatores combinados foram: renda maior, menor desemprego, crédito em volume 25% maior para os consumidores e a juros decrescentes, prazo médio ampliado de 390 para 460 dias, inadimplência estável e nível elevado de confiança dos consumidores. Pesaram também para o aumento dinamismo no setor de varejo a redução do IPI para eletrodomésticos e a desvalorização do real, que tornou os importados mais baratos. Para 2011, a Fecomercio estima crescimento de 4% para o varejo paulista e de 6% para as vendas em plano nacional.
As vendas do Natal nos shoppings devem aumentar 12%. Segundo o diretor de relações institucionais da Alshop, Luís Augusto Ildefonso da Silva, entre os produtos cujo crescimento deve ser 14% superior ao do Natal passado, estão eletroeletrônicos de tecnologia mais avançada, como TVs de tela plana, LCD e LED e celulares. "Nesse segmento, a obsolescência é rápida e quem gosta de estar atualizado aproveita o décimo-terceiro salário para trocar os aparelhos", diz. A expectativa é grande também para produtos de perfumaria e cosméticos, que devem crescer 17%. Livros, CDs e DVDs devem ter aumento de 14%, enquanto vestuário deve crescer 10%. Para calçados, moda esportiva e joias, a previsão é crescer 9%.
Entre os pequenos lojistas, o tom do Natal será dado pelo consumidor das classes que ascenderam na escala social. "Elas subiram um degrau e, com isso, aspiram consumir tudo que não podiam quando estavam um degrau abaixo", diz Roque Pellizzaro Júnior, presidente da Confederação Nacional de dirigentes Lojistas (CNDL). Segundo ele, o maior volume de vendas no pequeno comércio deve se concentrar em vestuário e calçados. Já o maior valor de vendas por setor deve ficar com os eletroeletrônicos, como TV de tela plana e fina, computador, celular e relógios. "O grande apelo para os consumidores emergentes são os bens que aparecem na novela das oito e aos quais agora têm acesso", explica.
No grande varejo, as expectativas para o Natal e ano novo variam de acordo com o setor e a estratégia de cada rede. O Pão de Açúcar, por exemplo, prevê fechar 2010 com faturamento de R$ 40 bilhões, incluindo as vendas da Casas Bahia, 50% a mais do que os R$ 26 bilhões de 2009. Excluindo o faturamento da rede de eletrodomésticos, as vendas do grupo devem ficar em R$ 33 bilhões, valor que inclui o faturamento do Ponto Frio. A Riachuelo prevê para 2010 aumento de dois dígitos no faturamento. Para 2011, espera que as vendas de vestuário sejam menos afetadas com as medidas de contenção do consumo e por isso mantém seu plano de expansão. Em 2010, a Riachuelo abriu mais 17 lojas, aumentando a rede para 124 lojas.
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