portal iG 15/12/2010 - Olívia Alonso
A seguradora Chubb, conhecida por sua forte atuação em coberturas “de luxo”, como de aviões, iates, automóveis de alto padrão e obras de arte, está investindo para dobrar sua plataforma de tecnologia e ampliar sua atuação no País. Mas, desta vez, os esforços da empresa estão voltados para o segmento de massificados, que são os seguros mais baratos, como as garantias estendidas de eletrodomésticos. “Queremos dobrar o número de clientes em seguros populares em três anos”, afirma Acácio Queiroz, presidente da empresa. Hoje, são aproximadamente 4 milhões.
Foi ele quem lançou a primeira apólice de seguros populares no Brasil, quando era presidente da seguradora ACE Brasil, em 1995, dez anos antes de ter assumido a presidência da Chubb. Agora, pretende usar sua experiência para aumentar cada vez mais a participação deste segmento na empresa. “Não vamos perder o foco no luxo. Mas isso não impede de atuarmos onde vemos oportunidades”, ressalva. O executivo, que trabalha há 36 anos no setor, diz ver um potencial de pelo menos 30 milhões de pessoas no mercado de seguro popular. Atualmente, 50 milhões de brasileiros compõem este mercado, diz ele.
Para se adequar ao segmento popular, a Chubb vai duplicar sua plataforma tecnológica em 24 meses, afirma Queiroz. É uma forma de vencer o principal desafio das empresas que querem atuar com clientes de classes C e D: o preço do produto. É preciso que a apólice seja barata, caso contrário, os clientes não podem pagar. “Por isso, o massificado depende muito de tecnologias”, diz Queiroz. Segundo ele, com sistemas mais avançados é possível tornar os processos mais eficientes, o que contribui para que a empresa reduza seus custos. Assim, pode cobrar menos pelos prêmios.
Apesar do entusiasmo da companhia com os seguros massificados, Jorge Hilário Gouvêa Vieira, presidente da Confederação Nacional das Empresas de Seguros, Previdência, Saúde e Capitalização (CNSeg), pondera que este nicho ainda enfrenta um grande desafio no Brasil: “o brasileiro ainda não cultura de poupança e proteção”, afirma. Vieira acredita que, aos poucos, os seguros de garantia estendida para produtos e prestamista _que é aquele em que a seguradora quita um financiamento caso o devedor perca o emprego, fique inválido ou morra_ deverão contribuir para que a população de baixa renda passe a se acostumar com a ideia de proteção.
Para as empresas que querem atuar neste nicho, o presidente da CNSeg alerta: “é preciso um esforço mercadológico de todos para a publicidade do setor”. Além disso, ele aponta a necessidade de desenvolvimento dos canais de venda, para levar os produtos com mais agilidade à população de classes média e baixa.
Na Chubb, a estratégia adotada para transpor esse desafio e atingir esses clientes são as parcerias. Queiroz diz que a empresa pretende ter como aliados grandes redes de varejo, operadores de cartões de crédito, prestadores de serviços públicos, planos de saúde e associações de classe. “A ideia é que essas empresas comercializem nossos seguros de forma massificada por meio de seus canais de distribuição”, diz o executivo.
Além dos massificados e das coberturas para clientes de alto padrão, também está no radar da Chubb o seguro garantia, aquele feito para proteger empresas em grandes obras, segundo o executivo. Com esforços direcionados para essas três áreas, a empresa afirma que está caminhando para atingir um faturamento de R$ 1 bilhão. Em 2010, deve se aproximar dos R$ 900 milhões.
A meta da Chubb é estar entre as cinco primeiras empresas em lucro proporcional no País. “Dentro do nosso segmento, excluindo saúde, previdência e capitalização, somos a 14ª. Entre as estrangeiras atuantes no Brasil, estamos entre as dez primeiras”, diz Queiroz. Dados da Susep mostram que neste critério a companhia ocupa a sétima posição. Ele garante, no entanto, que a empresa não se guia por rankings. “Isso é uma consequencia, foi assim que passamos de 24ª para 14ª, no geral, em cinco anos.”
De 2006 para cá, a Chubb cresceu 300% organicamente, o que rendeu a Queiroz o título de “Executivo Empreendedor do Ano” em novembro deste ano, na quarta edição do prêmio “Empreendedor Brasil”, cuja classificação é feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em parceria com o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre). Queiroz enfatiza, com orgulho, a forma de crescimento da companhia e afirma que “a estratégia vai continuar igual”. “Nossa filosofia é de crescimento orgânico, não é de fusão. Nossa fusão é com os corretores de seguros”.
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