jornal Estado de Minas 10/03/2011 - Tereza Rodrigues
As facilidades oferecidas nas compras com cartão de crédito têm conquistado a confiança dos consumidores e estão se tornando um aliado importante aos lojistas de Belo Horizonte. A modalidade foi a opção escolhida em 70% das compras realizadas a prazo pelos consumidores da capital em janeiro. No mesmo mês de 2010, esse percentual não passava de 58%, segundo pesquisa divulgada quarta-feira pela Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas).
No sentido oposto, o cheque pré-datado foi utilizado por 18% dos consumidores que optaram por crediário em janeiro de 2011, queda expressiva ante o primeiro mês do ano passado (26%). Do total das empresas pesquisadas, 24% trabalham atualmente com cheques – este índice era 45% na sondagem feita no início de 2010. A análise divulgada pela Fecomércio indica que a decisão do comerciante de evitar trabalhar com cheque justifica-se pelo risco de não pagamento e também pelo elevado custo da recuperação do crédito.
O estudo mostra ainda que o percentual de inadimplência nas vendas a prazo ficou na casa dos 4%, um quadro relativamente estável em relação aos meses anteriores. O resultado é considerado pela Fecomércio Minas como um indicativo positivo para a saúde financeira do comércio. “Hoje, mais do que nunca, vivenciamos a cultura de que ‘quem não deve, não tem’. Os lojistas enxergam a diversidade das formas de pagamento como vantagens competitivas. Não há como temer o crédito, já que ele é a alavanca das vendas”, afirmou a coordenadora do departamento de Economia da entidade, Silvânia de Araújo. Segundo ela, o belo-horizontino tende a ficar mais cauteloso em relação aos aumentos nas taxas de juros, entretanto, por enquanto, não há estatísticas que indiquem que compras a prazo estão perdendo força.
A representante comercial Valéria de Paula tem dois cartões de crédito e sempre carrega pelo menos uma folha de cheque na bolsa. Segundo ela, a maior parte das compras realizadas pela família segue o indicativo do balanço da Fecomércio: é paga com dinheiro de plástico, seja os cartões de crédito tradicionais ou os de fidelidade, cada vez mais adotados por grandes varejistas. “Não deixo de levar o que estou precisando quando entro numa loja e vejo que o preço compensa, mas sou cuidadosa. Não me deixo levar por impulso”, disse.
Segurança
De acordo com Silvânia de Araújo, a pesquisa mostra que a estabilidade tem permitido a inclusão e expansão do mercado de consumo. “O uso dos meios de pagamentos eletrônicos está ganhando espaço na vida das pessoas, independente da renda, idade, localidade ou formato do varejo (físico ou virtual). Além disso, as compensações com premiação têm se tornado atrativas, como é o caso de programas de milhagem”. A economista aponta também a praticidade do uso dos cartões, tanto para o lojista quanto para o consumidor. “Principalmente por uma questão de segurança, as pessoas preferem cartão. Assim, quem compra não precisa andar com o dinheiro, e quem vende não fica sem receber, já que este risco é repassado aos bancos”, explicou.
Da folia às compras
Muitos consumidores aproveitaram a quarta-feira de cinzas para ir às compras. Grandes redes do varejo anunciaram megaliquidações, e as filas dos caixas e crediário lotaram diversas lojas do Centro de BH. Na Ricardo Eletro, os descontos chegaram a 80% para eletrodomésticos e, já na madrugada, às 4h, os primeiros compradores ficaram na fila. De acordo com o gerente da loja da Rua Curitiba, Rondinere Liporati, o plano era abrir as portas às 10h, mas, com a aglomeração, resolveram abrir mais cedo. “Por volta de 7h30, cerca de 200 pessoas já estavam na fila. Hoje (ontem), é um dia que muitos clientes ainda não voltaram ao trabalho e aproveitam para comprar. Esta liquidação está se tornando tradicional no comércio”, comentou.
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