CRED-SYSTEM SEGUE PASSOS DA HIPERCARD

jornal Brasil Econômico 12/12/2011 – Ana Paula Ribeiro e Flávia Furlan

Concentrada no estado de São Paulo, a financeira Cred-System quer ser a especialista na concessão de crédito para as classes de menor renda. Para isso, centraliza sua atuação no financiamento ao consumo por meio de cartões em parceria com lojas populares. Criada há 15 anos para atender as necessidades dos clientes da loja de calçados Kallan, a empresa conta hoje com 7 milhões de clientes, sendo que seis milhões possuem cartões. Outros 1 milhão utilizam carnês.

Os cartões de loja, também conhecidos como private label e que representam metade da base total da Cred-System, são emitidos em parceria com redes varejistas como os supermercados Econ e Rede Litoral e as calçadistas Kallan e Pontal. Além disso, a financeira criou uma bandeira própria, a Mais!. Uma das opções do cliente é ter um cartão híbrido, que é aceito não só no estabelecimento emissor, mas tambémna rede da bandeira, hoje formada por 20 mil pontos. “É um trabalho de formiguinha construir uma rede e isso é uma barreira de crescimento, mas agora temos parceria com a Cielo e Redecard”, diz Paulo Valente, diretor da Cred-System.

A expectativa é que os cartões Mais! sejam aceitos integralmente na rede da Cielo até o primeiro trimestre do ano que vem e, na Redecard, até o final do primeiro semestre de 2012. Com isso, o que se espera é que as vendas cresçam 50% nos cartões Mais!, mas o executivo não revela qual o faturamento atual.

Ogrupo não se compara a outras marcas, mas o caminho de explorar o varejo e expandir a rede de aceitação lembra a trajetória da Hipercard, hoje com 10 milhões de cartões, que teve início no supermercado Bom Preço, depois comprado pelo Walmart. Com um milhão de cartões emitidos só em2011, Valente diz que a Cred-System continuará tendo como alvo as classes C e D. “Se você dá um instrumento de crédito, vende mais”, diz. O gasto médio do cliente da financeira é de R$ 150.

Ser aceito por credenciadoras nacionais, como Cielo e Redecard, e disponibilizar programas de fidelidade estão entre as opções dos cartões private label para elevar o gasto médio dos seus clientes em cada compra. Dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) mostram que os plásticos de loja respondem por 36% dos cartões em circulação, mas só 12,7% do faturamento, com um gasto médio de R$ 55. Já os cartões de crédito, que representam 25,2% de todos os plásticos do país, ficam com 57,8% do faturamento da indústria.

O diretor da Sorocred, Wilson Justo, afirma que, para estimular o uso dos cartões de loja da empresa, que somam quase 2 milhões de unidades, foi desenvolvida uma ferramenta para inserção de promoções nas lojas parceiras. “É uma ação ostensiva para elevar o gasto médio.” Além dos cartões exclusivos de loja, a Sorocred possui outros 2,3 milhões, incluindo os híbridos, que são aceitos na rede própria e também em parte das máquinas Redecard.

Desde a aceitação nas máquinas da Redecard, Justo afirma que o gasto médio dos cartões com bandeira Sorocred passou de R$ 83 para R$ 89. No entanto, lembra que no decorrer do ano houve aumento do poder de consumo. Já a partir de 2012, a Sorocred deve ser aceita em todas as máquinas da Redecard. “E aí teremos um aumento do uso de fato”, acredita.

O uso dos cartões private label depende do ramo de atuação da loja. No segmento de vestuário, por exemplo, o diretor da Sorocred explica que o gasto médio é maior. Já em supermercados, os valores são mais baixos,mas o cliente utiliza o plásticos mais vezes por mês.

Por essa razão, a Hipercard, de acordo com o diretor Eduardo Abreu, não sente o problema de falta de uso dos plásticos emitidos, uma vez que eles são distribuídos no Walmart, uma rede de supermercados que traz “recorrência no uso do cartão, já que as pessoas vão duas ou três vezes ao mês fazer compras”. Outro motivo para a alta ativação é que 1 milhão de estabelecimentos aceitam a bandeira.

ESTRATÉGIA HIPERCARD: Do Nordeste para o mundo

Depois de crescer 20% neste ano para uma base de 10 milhões de cartões, a Hipercard planeja, em 2012, incluir uma bandeira com atuação internacional em seus plásticos e confirmou conversas com Visa e Mastercard. O objetivo é atingir novos públicos. “O cartão poderá ser usado internacionalmente, terá programas de recompensa e condições diferenciadas de parcelamento”, conta o diretor da empresa, Eduardo Abreu.

A bandeira Hipercard nasceu no Nordeste, como um cartão private label do grupo Bom Preço. Com a ampliação do uso do plástico para estabelecimentos próximos aos supermercados da rede, começou a ganhar mercado, principalmente depois da compra da rede Bom Preço pelo Walmart. Com o novo controlador, começou a ser emitido no Sul e Sudeste do país.

Em 2004, a Hipercard foi comprada pelo Unibanco, banco que se associou ao Itaú em 2008. A emissão dos cartões hoje é feita nas 500 lojas do Walmart e, segundo Abreu, não está prevista distribuição em rede bancária, a exemplo do que ocorre com a bandeira Elo, criada por Bradesco, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil.

Além de se aliar a uma nova bandeira, a Hipercard também está prevendo para 2012 a ampliação do número de adquirentes que aceitam seus cartões. “Estamos hoje com a Redecard e conversando com outras empresas para fazermos parte do portfólio delas”, diz Abreu.