portal Isto É dinheiro 16/12/2011 - Fernanda Pressinott
Os 190 milhões de brasileiros são usuários entusiastas de seus 232 milhões de celulares. Falam, mandam mensagens de texto e compartilham fotos animadamente. No entanto, eles ainda não são capazes de realizar o que japoneses, coreanos e mesmo quenianos fazem sem problemas: usar o aparelho para fazer pagamentos. Esse quadro, porém, deve mudar em 2012. Companhias de telefonia móvel e instituições financeiras finalmente estão chegando a um acordo sobre como viabilizar esse tipo de operação. As expectativas são promissoras. Em janeiro, um serviço gerido em conjunto pela operadora Oi, Banco do Brasil e pela Cielo deve estar disponível em todo o País, após mais de um ano de testes. Em outubro, a Vivo e a administradora de cartões MasterCard criaram uma joint venture para oferecer serviços de pagamentos móveis. “Operadoras telefônicas e instituições financeiras já tentaram fechar essas parcerias muitas vezes, mas agora as chances de que isso dê certo são bem maiores”, diz o consultor paulista Gustavo Roxo. Ex-diretor de tecnologia da Federação Brasileira dos Bancos e hoje sócio da consultoria Booz & Co., Roxo testemunhou as inúmeras tentativas frustradas de se conseguir um acordo entre as partes, apesar de diversas tecnologias para usar o celular como meio de pagamento – o chamado m-payment – estarem disponíveis desde 2001.
A convergência entre o sistema financeiro e as operadoras, no caso dos celulares pós-pagos, representa um avanço. No entanto, essa mudança vai muito além da praticidade para os usuários. Será um instrumento imbatível para que os 40% da população brasileira sem acesso ao sistema financeiro possam ser bancarizados. No caso dos pré-pagos, que representam 80% das conexões ativas no País, há um universo de 185 milhões de usuários que poderão usar o celular como cartão de pagamentos sem carregar um plástico na carteira. “A carga do crédito vai funcionar da mesma forma que a habilitação do celular, só que terá de ser feita em um banco ou correspondente bancário”, diz Massayuki Fujimoto, presidente da Paggo, empresa que desenvolve pagamentos móveis e é controlada pela Oi.
Uma das vantagens do sistema é o aumento da segurança. “Cerca de três milhões de pessoas trabalham com vendas de porta em porta e são pagas em dinheiro, mas poderiam ser por celular”, diz ele. Outras facilidades são pagamentos de empregados domésticos e o crédito da mesada dos filhos. “Os celulares também poderão intermediar transferências de valor entre pessoas”, diz Maurício Romão, diretor de produtos e serviços da Vivo. Ainda há, porém, um entrave legal para a realização de pagamentos por pré-pagos: a falta de regulamentação pelo Banco Central (BC). As iniciativas de m-payment funcionam como um cartão pós-pago, em que o banco analisa o crédito do cliente e cria uma conta vinculada a seu CPF. Os cartões pré-pagos em operação só servem para propósitos específicos, como vale-alimentação.
Procurado, o BC informou apenas que está estudando a regulamentação desse mercado. Nações como o Quênia possuem sistemas muito eficazes, que não envolvem os bancos. No país africano, 14 milhões de pessoas, um terço da população, pagam contas pelos celulares. Aqui, ao comprar crédito do pré-pago, o cliente está adquirindo o direito de uso dos serviços de telecomunicações. Cada vez que carrega o celular, o dinheiro entra como receita para a operadora – que paga uma alíquota média de imposto de 43%. “Imagine o cliente carregar R$ 10 no cartão e descobrir que tem menos de R$ 6 para gastar?”, diz Fujimoto, da Paggo.
Enquanto isso não for resolvido, os pagamentos via pré-pago não decolam. No Japão e na Coreia, onde o sistema de pagamento com dispositivos móveis funciona com base na tecnologia de aproximação, os pagamentos são realizados pelo telefone, mas o dinheiro circula pelos bancos. Essa tecnologia é uma das maiores apostas do setor, mas exige celulares sofisticados, o que pode adiar o funcionamento no Brasil. “Aqui, o que queremos é digitar o número do celular na máquina de POS da processadora de cartão e assim eliminar o plástico e dar acesso ao serviço a quem não tem conta em banco”, afirma Raul Francisco Moreira, diretor de cartões do Banco do Brasil.
De olho nos direitos do consumidor, empresa oferece facilidade de devolução integral do valor do produto comprado.
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