jornal Diário do Comércio 01/04/2011 - Vanessa Rosal
Os consumidores da nova classe média brasileira, beneficiados pelo aumento dos postos de trabalho e do salário mínimo no País, começam a ter um certo descontrole financeiro. É o que revela a pesquisa "Perfil do Inadimplente", realizada pelo Instituto de Economia Gastão Vidigal (IEGV) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), a partir de entrevistas com os consumidores que procuraram o Balcão de Atendimento do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), administrado pela Boa Vista Serviços (BVS).
Do total de entrevistados, 56% recebem entre um e três salários mínimos e integram as classes C e D. Em março último, 76% dos inadimplentes tinham dois ou mais carnês em atraso, contra 73% em março de 2010 e 47% em março de 2009. "Essas pessoas melhoraram de vida, começaram a consumir mais e acabaram descontrolando seus gastos", disse o economista da ACSP, Emílio Alfieri.
Por outro lado, o número de consumidores que tem de dois a cinco cheques sem fundo – pessoas que ainda usam o pré-datado para fazer compras – era de 25% em março de 2009; subiu para 35% em março de 2010 e agora totaliza 77%. "Isto significa que atualmente os usuários de cheque preferem prazos mais curtos para fazer suas compras, ou seja preferem não se endividar a longo prazo", acrescenta Alfieri.
Na lista de motivos citados pelos entrevistados, a "perda do emprego" continua sendo a maior causa da inadimplência, com 56%, mas o "descontrole do gasto" permanece em segundo lugar, com 14%. Já a recuperação do posto de trabalho, que era de 65% em março de 2009, passou para 68% em março de 2010. "As pessoas que perderam seus empregos já os recuperaram", afirma Alfieri. Do total de pesquisados, 81% afirmaram estar empregados.
A maioria dos entrevistados (41%) tem de 21 a 30 anos, seguido pela faixa entre 31 e 40 anos (35%) e de 41 a 50 anos (13%). A pesquisa revela ainda que entre os inadimplentes voltou a predominar, ligeiramente, o número de homens, com 52%, ao contrário de pesquisas anteriores, quando as mulheres lideravam a lista.
Segundo Alfieri, a inadimplência no comércio varejista será controlada de forma gradual pelo governo, através de medidas qeu foram definidas a partir do final de 2010, como o aumento nas alíquotas de recolhimentos compulsórios dos bancos, determinado pelo Banco Central .
Para o presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Rogério Amato, o aspecto positivo da pesquisa é a parte que mostra que aumentou a recuperação do emprego. "Isso explica a forte recuperação do crédito. Além disso, a aprovação do cadastro positivo vai ajudar a evitar que o consumidor se endivide acima de sua capacidade", disse.
Nenhum comentário:
Postar um comentário