jornal DCI 29/04/2011 - Marcelle Gutierrez
Para o grupo Santander, a economia brasileira continua como principal fonte de retorno financeiro e de investimentos. No primeiro trimestre de 2011, o lucro líquido do Santander Brasil alcançou R$ 2,1 bilhões segundo o critério dos International Financial Reporting Standards (IFRS), o que representa crescimento de 17,5% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Com este valor, o Brasil lidera a participação mundial com 25% no lucro total do grupo e com 58% da distribuição na América Latina. O Reino Unido aparece em seguida, com 18%.
O bom resultado da instituição também reflete a tendência dos grandes bancos no Brasil que, segundo a agência classificadora de risco Austin Rating, deve apresentar crescimento de aproximadamente 15%.
Para o presidente do Santander Brasil, Marcial Portela, o resultado é muito positivo, principalmente em uma situação de recessão em que se encontram os bancos da Europa, principalmente da Península Ibérica (Portugal e Espanha). "O Brasil é uma presença cada vez mais forte e a tendência é de participação melhor no grupo." Em relação ao lucro mundial, o Grupo Santander teve queda de 4,8%, para 2,1 bilhões de euros, valor inferior aos 2,2 bilhões de euros do início de 2010.
O patrimônio líquido final nos primeiros meses de 2011 chegou a R$ 74,7 bilhões, com elevação de 5,6% em relação aos R$ 70,7 bilhões do primeiro trimestre de 2010. Os ativos totais somaram R$ 383,9 bilhões, com avanço de 21,5% ante o mesmo período do último ano. O índice de Basileia apresentou queda de 1,7 ponto percentual em 12 meses, mas continua com valor superior aos 11% exigido pelo Banco Central, ao atingir 22,7%. "Meu objetivo é ter o máximo de capital possível, com o razoável entre capital e rentabilidade, em torno de 20%. O banco tem situação muito forte entre depósito e crédito de clientes, o que é importante para evitar problemas de liquidez", pontuou o vice-presidente.
Assim como o Bradesco, que divulgou balanço na última quarta-feira, o crescimento da carteira de crédito também impulsionou o resultado do Santander Brasil, com empréstimos totalizados em R$ 164,5 bilhões, alta de 2,5% no trimestre e de 17,6% no acumulado de 12 meses. O destaque ficou com crescimento de pequenas e médias empresas, que desde 2010 apresentava positivos resultados e agora teve elevação de 27,7% em um ano e 2,6% nos últimos três meses.
Em seguida aparece pessoa física, que totalizou aumento de 4,9% nos primeiros meses de 2011, para R$ 53,4 bilhões. O financiamento ao consumo apresentou leve queda, de 0,1%, para R$ 26,9 bilhões. No entanto, Marcial Portela não enxerga reflexos imediatos das medidas do Governo Federal para conter o consumo. "As medidas macroprudenciais precisam de um tempo para contemplar os efeitos".
No segmento pessoa física, os produtos que obtiveram maior elevação em comparação com março de 2010 foram o crédito consignado (34,6%), imobiliário (32,2%) e cartão de crédito (28,7%). O vice-presidente observou o bom crescimento do consignado como conseqüência da compra de carteira de crédito, modelo de negócio mais conhecido como cessão de carteiras de bancos de menor porte para maiores. "O Brasil está mais focado em crédito. Mas o sistema bancário tem possibilidade de crescimento em outros produtos e nosso objetivo é buscar também por outros produtos."
Ao ser questionado sobre a preocupação com o aumento da inadimplência, Portela afirmou que o Santander não tem preocupação com o fato. "Se compararmos com o período pré-crise (2008 e 2009), teria que descer um pouco mais a inadimplência. Com as medidas, o crédito fica um pouco mais caro e tem impacto na inadimplência, mas não temos preocupação por enquanto." Pelo critério BR Gaap (Generally Accepted Accounting principles) , o vencimento acima de 90 dias atingiu 4%, com elevação de 0,1 p.p. sobre o trimestre anterior.
Em relação ao setor de seguros, Portela disse que o Santander não tem vocação de seguradora, mas de distribuidora de produtos. A declaração pode justificar a parceria feita com a Zurich Seguros em fevereiro deste ano para seguros de vida, previdência e crédito. Segundo o balanço de resultados, a operação visa a fortalecer a atuação do Santander Brasil no mercado de seguros e lhe gerou um ganho de capital de 21%.
Santander quer 10 milhões de clientes ativos
Dois anos e meio após a compra do banco Real, o atual presidente do Santander Brasil, Marcial Portela, afirmou que o processo de integração foi concluído com sucesso. "Olhamos a fusão pelo retrovisor, uma coisa que está para trás. Procuramos olhar características dos dois bancos e criar estratégias com o melhor, não fomos um 'rolo compressor'". - Para 2011, o foco está no crescimento da rede de atendimento e dos serviços bancários. "É muito fácil crescer com o volume de empréstimos, mas não vamos deixar de ter critérios, sem correr riscos."
Até o fim do ano, o banco pretende abrir 110 novas agências e conquistar 600 mil novas contas correntes para manter o patamar e chegar ao total de 10 milhões de clientes ativos. No primeiro trimestre, foram abertas 31 novas agências.
"A proximidade com o cliente é um diferencial, assim como o relacionamento. Vamos fazer isso de todas as formas, com agências e com ampliação da rede de correspondentes bancários", pontuou Portela, que acrescentou o interesse da instituição em participar da licitação do Banco Postal.
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