jornal Valor Econômico 29/04/2011 - Adriana Cotias
Sob novo comando, uma orientação estratégica mais voltada para eficiência da operação, fidelização de clientes e menos sacrifício de margens para ganhar participação de mercado. Essa foi a mensagem da administração da Redecard, na primeira apresentação de resultados após a substituição de Roberto Medeiros por Claudio Yamaguti na presidência da empresa.
Ao divulgar os resultados do primeiro trimestre, a companhia reportou aumento das receitas operacionais líquidas, proveniente de maiores volumes capturados com cartões de crédito e débito na sua rede, mas queda de margem, do resultado de caixa operacional (Ebitda) e do lucro líquido.
A Redecard lucrou R$ 281,3 milhões, uma redução de 20,2% em relação ao mesmo período do ano passado e de 19,3% sobre o quarto trimestre. O Ebitda ajustado chegou a R$ 464,9 milhões, 17,7% inferior na comparação anual, enquanto a margem líquida caiu de 43,7% para 34,7%.
O volume capturado em crédito cresceu 28,7% entre um ano e outro, para R$ 34,1 bilhões, enquanto a receita no mesmo intervalo subiu 4,1%, a R$ 385 milhões. A taxa líquida de desconto (o MDR, que exclui a parcela que remunera os bancos emissores) caiu de 1,40% para 1,13%. No débito, o volume chegou a R$ 18 bilhões (+32,2%), com taxa de desconto em 0,71%, em comparação a 0,78% de um ano atrás. As renegociações com grandes lojistas e as parcerias reformuladas com os bancos no credenciamento explicam tal dinâmica, segundo o diretor de finanças, Marcelo Kopel, mas o ritmo do aperto diminuiu.
"A forma como as negociações estão sendo feitas são distintas à do passado. A companhia continua levando em consideração os volumes, mas como já houve um movimento importante de aceleração do crescimento o apetite agora é diferente."
No topo da pirâmide, no segmento de grandes grupos, o executivo explicou que 70% dos clientes renegociaram o MDR e em 80% dos casos as novas condições já foram implementadas, com impacto nos números da Redecard. Na composição do volume financeiro capturado, a maior parte, ou 67,6%, teve originou nos grandes e médios lojistas, mas na composição da receita operacional é o pequeno varejo, com faturamento anual de até R$ 1,3 milhão, que representou a boa parte do bolo, 64,7%. De acordo com Kopel, nessa faixa de clientes não há negociação de MDR - situação que a reportagem do Valor chegou a identificar no segundo semestre do ano passado, quando houve a abertura do mercado de cartões -, já que os clientes têm necessidade de usar a tecnologia de captura da Redecard.
A receita de aluguel de equipamentos caiu 19,4% em relação ao primeiro trimestre de 2010, a R$ 166 milhões, com o preço médio de recuando de R$ 69 para R$ 49. "Nosso foco não é só negociar o aluguel para reter clientes, mas prestar um serviço de boa qualidade e ter uma gama de produtos disponíveis para que a discussão de preços seja menos relevante", disse Kopel.
Como resultado dos acordos de credenciamento com grandes bancos, concorrendo na linha de antecipação de recebíveis, o volume de pré-pagamento caiu a 20,9% em relação ao volume de crédito capturado, totalizando R$ 7,1 bilhões. Em igual período do ano passado, os R$ 6,8 bilhões correspondiam a 25,5%.
Já os custos operacionais totalizaram R$ 247,8 milhões, com aumento de 43,1% em 12 meses. O presidente Yamaguti, ao se apresentar aos analistas, comentou que um dos focos da Redecard é a busca da eficiência operacional, que permita alavancar a infraestrutura sem aumento de custos. Revisão de processos, de logística e de contratos com fornecedores está nos objetivos traçados. No trimestre, a companhia credenciou 135 mil estabelecimentos.
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