jornal Valor Econômico 08/11/2010 - Adriana Cotias
RG, CPF, comprovante de endereço e o contra-cheque. Além dessa documentação, comum em qualquer análise de crédito, o consumidor agora também vai deixar a sua impressão digital eletronicamente. É a tecnologia que chega ao velho CDC. Criado para financiar o varejo na década de 60, esse instrumento teve que se render aos desígnios da tecnologia. Se, nos bastidores, a inteligência de aprovação de contratos já era de última geração, com a resposta, baseada em estatísticas de perfil sócio-econômico, em cinco segundos, faltava chegar à ponta do consumo. A Credfibra, ligada ao Banco Fibra, promete preencher essa lacuna com alguma escala. A financeira acaba de testar um sistema de crédito com identificação biométrica e assinatura digital, o que elimina todo o tráfego de papéis após a concessão.
Antes de preencher o cadastro do candidato ao crédito, as suas digitais são capturadas por um leitor biométrico de alta precisão. As impressões são transformadas num código numérico e armazenadas no sistema, sendo confrontadas depois na finalização do contrato.
Com o modelo, a expectativa é reduzir em 15% os custos com a logística de postagem e arquivo de contratos, que ronda os R$ 6 milhões anuais, bem como o prazo de pagamento ao lojista. Segundo o vice-presidente de negócios e varejo da Credfibra, Márcio Ronconi, a tecnologia também viabiliza economicamente as operações de pequeno valor. Por isso, a política de crédito da financeira está sendo revisada. Se até aqui, o valor mínimo dos contratos era de R$ 400,00, nas últimas duas semanas, fase piloto do sistema, já havia aprovações de R$ 250,00 numa franquia da Casa das Alianças, na Lapa, zona oeste de São Paulo.
Na primeira fase, nos próximos seis meses, o planejamento prevê levar o sistema biométrico a 1 mil lojistas, dos 19 mil que a CredFibra tem na sua base de financiamento ao consumo. Depois, a intenção é expandi-lo para toda a rede de distribuição. Inicialmente, não haverá custo para o varejista. "Se o sistema gerar mais fluxo, podemos até isentar o lojista de qualquer tarifa", afirma Ronconi. Na ponta do lápis, o varejista vai pesar aquilo que gasta com aluguel de terminais de captura de cartões e a taxa por transação que paga às credenciadoras, em comparação ao CDC digital.
Não se trata de uma tecnologia exatamente barata. Cada leitor biométrico custa R$ 450,00, mas como os gastos em prevenção de fraudes não são desprezíveis, vale o investimento, assegura Ronconi.
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