jornal Brasil Econômico 10/11/2010 - Ana Paula Ribeiro
A demanda fortemente aquecida deve evitar que as instituições financeiras, em parceria com o varejo, façam uma guerra de preços e prazos de financiamento para estimular as compras a prazo no final do ano. A conquista do cliente virá não por uma melhora nessas condições, que são consideradas suficientes, mas sim por uma maior agressividade comercial, como promoções e a forma de abordar os clientes. "É claro que o crédito é fundamental para estimular o consumo, mas não vejo necessidade em alongar os prazos e também não espero uma guerra de preços", afirma o consultor Boanerges Ramos Freire, da Boanerges & Cia.
O consultor lembra que os prazos de financiamento hoje estão mais longos do que no pré-crise. A crise financeira que eclodiu a partir de setembro de 2008 causou redução nos prazos, mas eles voltaram a crescer e hoje chegam a 541 dias nas operações para a pessoa física, segundo dados do Banco Central referentes a setembro. Em 12 meses, o aumento é de 35 dias no prazo médio.
Em relação à agressividade comercial, algumas instituições financeiras tentam ter uma abordagem diferente para ganhar espaço nas redes de varejo parceiras. E o caso da Losango, promotora de vendas do HSBC, que disponibiliza aos varejistas atendimento diário, inclusive em finais de semana e feriado, para garantir maior agilidade na aprovação de propostas.
Outra iniciativa da instituição foi realizar um trabalho de conscientização do crédito, para evitar problemas de inadimplência no futuro. "Buscamos um pacto com o varejista para que ele conheça melhor as necessidades dos clientes", explica o presidente da Losango, Hilgo Gonçalves.
Para isso, segundo o executivo, foi realizado um grande investimento em tecnologia para garantir que as propostas sejam processadas no menor prazo possível. “Conseguimos aprovar um crédito em até oito segundos", comemora.
Ainda no sentido de tentar oferecer o crédito adequado, Gonçalves explica que o prazo máximo de financiamento com os parceiros varia de acordo com a atividade de cada varejista. No ramo de vestuário, os prazos costumam ficar no máximo em seis meses. Já para materiais de construção, o cliente pode pagar em 24 ou 36 vezes.
Para estreitar a relação com os parceiros, a Losango iniciou uma campanha que permitirá aos vendedores das lojas parceiras concorrer a premiações, como motocicletas e casas, em um programa chamado "Talento Premiado".
No Bradesco, a avaliação é também a de que não é preciso ofertar prazos maiores. "Não vemos essa necessidade. Na prática, os prazos mais longos têm uma participação pequena no total do financiamento", explica o diretor de private label (cartões de redes varejistas) do Bradesco, Wagner Aguado. De acordo com ele, o prazo máximo na maioria dos acordos é de 24 meses. Entre elas, estão Casas Bahia, C&A, e G.Barbosa, sendo mais de 15 milhões de plásticos.
Aguado explica que a maior preocupação no momento é prestar assessoria aos parceiros com as condições atrativas que já são praticadas e que serão mantidas. "Temos uma área só para desenvolver produtos para esses consumidores dentro dos varejistas parceiros." '
Exceções
Embora no geral não deva ocorrer afrouxamento nos prazos, os executivos que cuidam das parcerias com o varejo não descartam ajustes pontuais. "Vão acontecer algumas promoções específicas, mais para atender à estratégia do varejo do que a nossa", afirma o presidente da financeira Cetelem, Marcos Etchegoyen.
A avaliação é a mesma no Banrisul, que possui a rede de compras Banricompras. A diretora comercial do banco gaúcho, Marinês Bilhar, explica que os prazos são de até 12 meses, mas que em alguns casos a quantidade máxima de parcelas pode ser ajustada. "Além disso, estamos preparados para intensificar a antecipação de recebíveis no final do ano", diz.
Essas parcerias, para o banco, funcionam como um meio de conquistar e fidelizar as pequenas e médias empresas.
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