jornal Valor Econômico 30/11/2010 - Daniele Camba
Nos últimos dias, várias notícias mexeram com o setor de cartões de crédito. Primeiro foram as especulações de que as credenciadoras poderiam fechar o capital, já que suas ações têm um desempenho pífio desde a oferta pública. Depois, foram as novas regras do Conselho Monetário Nacional (CMN) para as tarifas de cartões, divulgada no fim da semana passada. E, agora, a notícia publicada no Valor de ontem de que a Redecard estuda fazer aquisições fora do país.
Para o investidor, o importante é saber o peso desses novos dados e se eles mudam o destino ainda tortuoso das empresas de cartões. Segundo os analistas, ainda há muita água para rolar no setor, o que significa que as ações devem continuar patinando por mais algum tempo.
Em outras palavras: para o investidor que comprou as ações da Cielo e da Redecard no IPO, esperando obter um alto retorno, é bom ter uma dose de paciência até isso de fato acontecer.
O futuro ainda é nebuloso para a Redecard e a Cielo
"As empresas ainda estão passando por ajustes, depois de vários acontecimentos - o fim da exclusividade da Cielo com a bandeira Visa e as novas regras do setor -; precisamos dar um pouco mais de tempo para ver como as companhias ficarão nesse novo cenário", diz a analista da Link Investimentos Mariana Taddeo. Ela tem recomendação de "market perform" (desempenho em linha com o mercado) para tanto para Redecard quanto para Cielo.
Mariana acredita que esse período de ajustes deve durar pelos próximos dois a três anos. Ela lembra que as credenciadoras ainda estão negociando com as grandes varejistas programas de fidelização, mas várias dessas negociações devem ser concluídas apenas no começo do ano que vem.
A analista ressalta também que no último trimestre a Redecard baixou as taxas de desconto dos estabelecimentos, mais ainda não se sabe se ela ganhará mercado com essa iniciativa e nem se a Cielo fará o mesmo.
Já as novas regras do CMN para as tarifas dos cartões, se trouxessem algum impacto seria para os bancos, que são os emissores dos cartões de crédito. Entre as regras estão: a redução das tarifas de cerca de 80 para apenas 5, a definição de 15% para pagamento mínimo das faturas, o que até então variava entre 8% e 10%, e a separação entre cartão básico e diferenciado (com benefícios como pontuação e milhagem).
Para o analista da Fator Corretora, Fernando Salazar, essas medidas terão impacto marginal para os bancos. O aumento no número de cartões juntamente com o crescimento econômico mais do que compensam qualquer perda com as regras.
Ontem, o Índice Bovespa fecho em baixa de 0,47%, aos 67.908 pontos.
Daniele Camba é repórter de Investimentos (daniele.camba@valor.com.br)
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