jornal Valor Econômico 23/11/2010 - Fernando Teixeira
Mais conhecido como Sem Parar, o sistema de pagamento automático dos pedágios surgiu como uma exigência dos editais de concessão de rodovias paulistas lançados entre 1998 e 1999, quando foi prevista pela primeira vez a cobrança eletrônica. O sistema teve difusão tímida nos primeiros anos, mas desde 2008 a oferta explodiu e a empresa que gere seu uso mostrou-se bom negócio. Fatura R$ 300 milhões por ano, com uma rentabilidade de 20%, equivalente ao obtido com as próprias concessões. O sistema movimenta R$ 5 bilhões em receita de pedágios, registra 500 milhões de passagens ao ano e cobra mensalidades de 2,4 milhões veículos.
Apesar do crescimento vertiginoso - uma expansão média de 41% desde 2007 -, a empresa ainda vê espaço para expansão. O sistema funciona em 71 estacionamentos em São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná e pode começar a aparecer em postos de gasolina. Nas estradas, o Sem Parar ainda não vê sinal de saturação de mercado: hoje, concentra 40% do movimento de pedágios, mas acha que pode chegar a 70% - índice alcançado em algumas rodovias.
As marcas Sem Parar e Via Fácil são administradas pela STP (abreviação de Serviços e Tecnologia de Pagamentos), criada há dez anos pela CCBR Catel, uma empresa do ramo de telecomunicações. Depois ganhou participação da CCR, líder do ramo de concessões, com 38% de participação, e fatias menores foram para EcoRodovias e OHL. A CCBR Catel ainda tem 35% de participação.
Hoje, o Sem Parar está presente em 47 das 53 concessões de rodovias do país. No momento, tem planos de de se instalar em 100% das praças, pois negocia sua chegada às últimas praças que operam pedágios só manualmente ou sob outro sistema- a BR 040, no Rio de Janeiro, entre elas.
O faturamento da STP vem do pagamento das mensalidades cobradas dos usuários. São R$ 10,84 dos veículos de passeio e R$ 12 dos veículos comerciais. Hoje com 2,4 milhões de assinantes, ela deve fechar este ano adicionando 1 milhão de novos usuários à base - em 2007, foram acrescentados 250 mil.
Presidente da empresa há cinco anos, Pedro Donda reforça as vantagens do sistema. Passando direto pelas praças de pedágio, um caminhão economiza R$ 300 ao mês em combustível e manutenção, e um carro de passeio encurta a viagem em quatro minutos - uma viagem entre Ribeirão Preto e São Paulo, com sete praças de pedágio, ficaria meia hora mais curta.
O marketing nas estradas, feito por vendedores nas praças de pedágio, intensificado a partir de 2008, a inclusão de novas rotas e a oferta do sistema em outros serviços - como estacionamentos - são formas de atrair mais clientes para sua base.
Segundo Donda, quase todas as grandes distribuidoras de combustíveis procuraram a STP interessadas em instalar o sistema de pagamento nos postos de gasolina, mas a empresa ainda avalia a viabilidade do negócio - o maior problema é a inadimplência. A avaliação da empresa é de que em postos de gasolina o perfil de usuário é outro, e a empresa pode amargar maiores prejuízos - hoje, a inadimplência é próxima a de serviços como telefonia e cartão de crédito. O executivo acredita que um projeto-piloto, com a instalação do sistema em alguns postos, pode ser lançado em breve - mas não há prazo definido.
Uma hipótese é lançar o sistema em postos como um meio de pagamento para transportadoras que contratam caminhoneiros autônomos. Hoje, os autônomos recebem a chamada "carta-frete", uma espécie de duplicata descontada em postos de gasolina em troca de abastecimento. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) regulamentou esse meio de pagamento este ano, exigindo o uso de meios eletrônicos. No momento, a STP está formulando um modelo para entrar como substituto à carta-frete tradicional.
Um problema surgido com o grande aumento na base de clientes é o maior número de reclamações - principalmente devido a problemas com a abertura das cancelas e cobranças indevidas. A empresa alega que são consequencias naturais do crescimento - ela estima que em média a cada 10 mil passagens há uma falha nos equipamentos. A base de clientes passou de 550 mil para 2,4 milhões em cinco anos, e o número de reclamações mais que dobrou - de 80 mil para 170 mil ligações de clientes ao mês.
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