25 de jul. de 2010

MERCADO ADOTA CAUTELA COM CREDENCIADORAS

jornal DCI 13/07/2010 - Fernando Teixeira e Ernani Fagundes

O mercado age com cautela em relação às ações das credenciadoras de cartões Cielo e Redecard. As mudanças no cenário, como a unificação de sistema, a entrada de novos concorrentes e a possibilidade de perda de mercado acenderam o alerta. Outro motivo de cautela é que o preço-alvo de ambas já está perto de se consolidar. Corretoras projetam o valor de R$ 19,80 para Cielo e R$ 29,90 para Redecard. Ontem, os papéis fecharam a R$ 15,90 e R$ 27,03, respectivamente.

Em 12 meses, o papel da Cielo subiu 7,5%; já no caso da concorrente houve desvalorização de 4,5% devido a uma pane de sistema no período do Natal de 2009. A estimativa é de que ambas detenham 90% do mercado, mas os analistas esperam números ruins nos primeiros balanços de 2011.

O analista Daniel Malheiros, da Spinelli Corretora destaca a alta volatilidade destes papéis desde que o Banco Central sugeriu mudanças no mercado máquinas que registram as operações feitas com cartão, os POS (sigla de point of sale).

De acordo com ele, o setor de cartões cresce e a tendência, medida em taxas compostas, é de que o mercado cresça 16, 5% quando comparados um ano e o outro. "A mola propulsora é o aumento do consumo das famílias. Hoje a penetração do dinheiro de plástico é de 21% no Brasil. Em países como EUA é de 50%."

O analista vê certo exagero na avaliação pessimista dos ativos das companhias. "As ações de consumo estão muito boas. São mercados interligados, podem gerar bons lucros."

Outro fato que joga a favor da valorização dos papéis é que a Cielo tem pouca margem de antecipação de recebíveis, o que pode significar receita adicional nos cofres das empresas. "Nos cartões de crédito a antecipação é de 6% ou 7%. Há espaço para crescer e aumentar o caixa. Pode-se calcular um aumento de 10% nesta carteira em um trimestre. Já a RedeCard tem 25% e já se pode prever uma queda ou a manutenção deste índice."

O principal fator de desconfiança do mercado, segundo ele, é no tocante ao fim da exclusividade. "Abre espaço para mais bandeiras de POS, como Santander e GetNet, e talvez a Caixa Econômica Federal".

Ele não vê espaço para outro banco ingressar neste mercado, uma vez que os grandes bancos já atuam como acionistas das empresas. "Bradesco e Banco do Brasil respondem pela Cielo, e o Itaú, pela RedeCard. A concorrência pode vir de fora, mas precisa ter capilaridade de cartões para justificar a entrada."

Na opinião de Malheiros, um outro fator que inquieta o mercado é uma possível queda do número de POS por estabelecimento. "A receita de aluguel também cairá, pois os estabelecimentos irão reduzir o número de máquinas."

Malheiros enumera como terceiro fator a possibilidade de as adquirentes terem de terceirizar o processo de liquidação das faturas. "O impacto disso é pequeno para os custos das empresas."

Mais otimista, o analista de investimentos da SLW Corretora, Pedro Galdi, vê boas perspectivas tanto para os resultados das companhias como para as ações. "A Bolsa como um todo está depreciada. O cenário é positivo para as duas empresas." Galdi destacou que o temor de mercado, e até mesmo uma justificativa para variação de preços do começo do mês a este momento, se deve à entrada da nova credenciadora formada pelo banco Santander e pela GetNet. "Esse mercado tem muito espaço para crescer. O banco espanhol não entrou tão agressivo como se imaginava."

Para ele, o crescimento da renda da população e a preferência por cartão frente a cheque e dinheiro como meio de pagamento são atrativos ao mercado.

Banco Imobiliário

Atento à receptividade das novas gerações por tecnologia, a MasterCard lançará na quinta-feira, 15, com a Brinquedos Estrela, uma nova versão do Banco Imobiliário. A novidade será o uso do cartão eletrônico, que substitui as tradicionais cédulas do jogo. A apresentação do novo brinquedo será feita no Museu de Arte Moderna (MAM) do Parque Ibirapuera, em São Paulo.

A inovação no brinquedo foi feita em parceria com Itaú, Vivo, TAM, Ipiranga (controlado pela Ultrapar), Fiat e Nivea. "Identificamos que as novas gerações já utilizam e conhecem as funcionalidades do cartão. É o meio de pagamento que melhor substitui o dinheiro", disse o vice-presidente da comercial da MasterCard do Brasil, João Pedro Paro Neto.

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