portal Exame 14/07/2010 - Beatriz Olivon
Uma das dificuldades nas integrações decorrentes de aquisições no varejo é a questão do financiamento aos clientes. Na eventual aquisição da Lojas Maia e da Lojas Colombo pelo Magazine Luiza, não seria diferente. "É uma bela salada", diz Boanerges Ramos Freire, presidente da consultoria em varejo financeiro Boanerges & Cia. O Magazine Luiza é sócio do Itaú Unibanco na LuizaCred, sua financeira, enquanto a Lojas Maia tem um acordo com o Banco do Brasil, e a Lojas Colombo com o Bradesco.
A tendência nas fusões de varejo, segundo Freire, é que as empresas adotem o banco da compradora, especialmente quando eles já são sócios em uma financeira, como é o caso do Magazine Luiza. "É uma possibilidade grande a financeira ser a LuizaCred; ela é a que tem mais experiência e mais gosto por essa parte, então seria natural que, num processo de fusão liderado pelo Magazine Luiza, a LuizaCred também fosse líder", afirma Álvaro Musa, sócio da consultoria Partner Conhecimento e ex-presidente da Credicard do Brasil.
Mas ainda não é possível ter certeza do que vai acontecer nesse caso. O motivo é que os contratos entre bancos e varejistas podem ser longos – de até 20 anos – e rompê-los pode ser custoso para o novo controlador das redes, segundo Freire. Concentrar o negócio em apenas uma financeira traz vantagens como o ganho de produtividade, diz o consultor. Por outro lado, manter as diversas financeiras também pode ser positivo, desde que isso estimule a concorrência.
"Não deve acontecer da noite para o dia, deve ser uma transição lenta e talvez a gente veja a convivência de alguns parceiros por certo tempo", diz Freire. Na associação da Casas Bahia com o Pão de Açúcar, por exemplo, ainda não foi definido qual ou quais financeiras serão usadas. O Pão de Açúcar é sócio do Itaú em sua financeira, enquanto a Casas Bahia tem uma parceria com o Bradesco.
LuizaCred no nordeste
A possível compra da Lojas Maia seria uma oportunidade de crescimento para os produtos financeiros do Magazine Luiza, segundo Renato Meirelles, sócio-diretor do Instituto Data Popular. "Não há no nordeste algo como o LuizaCred", disse Meirelles. "Há uma demanda no nordeste de um crédito diferenciado que o Magazine oferece", afirma Meirelles.
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