23 de jul. de 2008

NOVAS ESTRATÉGIAS PARA MANTER ALTA NAS VENDAS

jornal DCI 16/07/2008 - Alexandre Melo

O temor do consumidor à inflação terá um impacto maior a partir deste trimestre, mesmo depois da comemoração do setor, que contabilizou um crescimento no faturamento de 5% no primeiro semestre deste ano, em comparação com igual período de 2007. O aumento dos preços das commodities, que inflacionou alguns alimentos, poderá reduzir o consumo, segundo estudos da consultoria Provar/Fia em parceria com a Felisoni & Associados. Para driblar o cenário de alerta e manter o ritmo de vendas visto no primeiro semestre, que apenas em maio atingiu alta média de 10,5% em relação a maio do ano passado, o varejo começa a adotar estratégias como incrementar serviços financeiros nas lojas via parcerias com empresas aéreas, criar festivais de produtos sazonais, adotar vendas por celular e ampliar itens de marca própria nas prateleiras.

A Leroy Merlin, rede francesa de lojas especializadas em materiais de construção, que registrou faturamento na casa do R$ 1 bilhão em 2007 e prevê crescer 11% este ano, estuda parceria com companhia aérea para oferecer milhagens no cartão private label. "Vamos ampliar a rede de benefícios para melhorar o relacionamento com os clientes. O cartão poderá ser utilizado em outros estabelecimentos. Temos cerca de 150 mil cartões emitidos e esperamos triplicar este número até o final deste ano", afirmou Marcos Lima, diretor da Regional Sul da Leroy Merlin.

Outro recurso em que a varejista aposta para chamar a atenção dos clientes e aumentar as vendas é a implantação de um novo conceito de decoração, pelo qual se distribuem melhor os produtos nas lojas, estratégia iniciada com uma ação piloto no Rio de Janeiro e que será estendida para toda a rede em meados do próximo ano.

O varejo de construção registrou, inclusive, aumento de 5,4% na intenção de compra do consumidor para este terceiro trimestre. Para o executivo da Leroy Merlin, neste semestre o crescimento da rede poderá amargar um pequeno recuo. "A alta da taxa da inflação e o crescimento da taxa de inadimplência poderão fazer recuar nosso crescimento até 15% na comparação com o primeiro semestre", pontuou Lima.

Atualmente, a rede possui 15 lojas, sendo que no decorrer deste semestre serão abertas novas unidades em Goiânia (GO), Belo Horizonte (MG) e Porto Alegre (RS), esta em parceria com o Carrefour. O valor do investimento não foi revelado pelo executivo. "Os planos para 2009 são inaugurar mais três ou quatro lojas, reforçando a presença nas praças em que atuamos", disse Lima.

Tecnologia

De olho na ampliação de seus canais de venda, a rede supermercadista Sonda, cujo faturamento poderá chegar a R$ 1,2 bilhão em 2008, valor 40% maior que o de 2007, acirra planos de iniciar este ano o pagamento de contas via celular, e, para isso, está em negociações avançadas com uma empresa norte-americana, responsável pelo fornecimento desta tecnologia. "Este serviço será voltado principalmente para os públicos A e B. Operadoras como a Claro, por exemplo, já demonstraram interesse no nosso projeto. Isso irá facilitar bastante a vida de nossos clientes", revelou Roberto Moreno, diretor executivo do Sonda.

Outra investida da rede é a volta ao mercado de produtos de marca própria, que, segundo o diretor executivo, serão até 20% mais baratos que as marcas tradicionais. "O marketing trabalha no desenvolvimento de embalagens para pôr os produtos à venda o mais breve possível. Faremos um teste com goiabada e sucos para sentir a reação do público", contou Moreno.

De acordo com o executivo do Sonda, para não operar com margem de lucro baixa a rede repassará para os clientes o aumento do preço do arroz e também os gastos extras com a carga e descarga noturna, já que essas operações na cidade de São Paulo são permitidas apenas entre 21h e 5h.

Roberto Moreno avalia que o próximo período de vendas para o varejo é uma época de maior atenção das redes. Segundo ele, "alguns produtos têm estoque para 40 ou 120 dias, mas, de maneira geral, não temos muito estoque de commodities. Já os custos extra com as operações de carga serão repassadas no valor de 8 a 10% para o consumidor".

Festivais

Para alavancar as vendas de itens sazonais, em busca de manter o ritmo de aceleração dos negócios visto no começo do ano, grandes grupos, como Pão de Açúcar e Carrefour, apostam em festivais sazonais. No Carrefour - que fechou 2007 com faturamento de R$ 19,3 bilhões -, o diretor de Marketing Corporativo, Rodrigo Lacerda, conta que a adoção de conceitos unificados para vender os artigos que englobam as áreas de bazar, têxtil e eletro tem sido eficiente.

"As vendas têm crescido 10% ao mês", declarou Lacerda. Reforçando esta estratégia, a rede iniciou esta semana um festival do bebê, com a meta de fidelizar o público feminino.

A varejista francesa pretende ampliar a presença em outras frentes, como postos de gasolina e lojas de conveniência. Na Região Sul do País, o projeto piloto com cinco lojas de conveniência com a marca Carrefour demonstra o interesse. A meta é abrir mais 30 postos de gasolina até o final do ano, totalizando 100 unidades. A partir de 2009, a previsão é inaugurar cerca de 20 unidades por ano, incluindo bandeiras Carrefour, Carrefour Bairro e Atacadão.

O Grupo Pão de Açúcar viu seu festival de morangos alavancar de 23 a 50% a venda de itens a eles relacionados, como creme de leite, leite condensado e fondue, além da própria fruta da estação, que vendeu 8% a mais, com 370 mil bandejas de morango.

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