11 de jul. de 2008

COMPRAS COM CARTÕES SOMAM R$ 176 BILHÕES

jornal Gazeta Mercantil 02/07/2008 - Maria Luíza Filgueiras

O mercado de cartões registrou uma movimentação de R$ 176,2 bilhões em compras no primeiro semestre deste ano, avanço de 24% em relação ao mesmo período de 2007. Somando cartões de crédito, débito e de lojas, a base aumentou 20%, total de 466 milhões de plásticos em circulação, conforme levantamento da Associação Brasileiras de Empresas de Cartões e Serviços (Abecs).

Desse mercado, a maior fatia financeira fica com os cartões de crédito. As quatro bandeiras - Visa, Mastercard, Diners e American Express - movimentaram R$ 102,2 bilhões no semestre, alta de 23%, e atingiram a marca histórica de 100 milhões de plásticos. Em 2007, eram 86 milhões em uso.

O maior crescimento percentual foi registrado com os cartões de débito (pagamento à vista). "Esse cartão tinha desacelerado no final do ano, mas retomou o vigor este semestre, com o maior crescimento relativo em valor de compras, de 30%", diz Marcelo Noronha, diretor de comunicação da Abecs. O volume foi de R$ 50,2 bilhões, com alta do gasto médio por usuário de R$ 202 para R$ 247.

Já os cartões de loja, criados por redes de vestuário, farmácias, supermercados e livrarias para fidelizar o cliente e atraí-lo para compras, continuam apresentando multiplicação em número de unidades, de 130 milhões para 156 milhões entre o primeiro semestre de 2007 e 2008. Mas na boca do caixa, esse plástico acaba perdendo (por hábito ou vantagem de taxas) para os bandeirados tradicionais, que têm maior índice de uso e gasto - enquanto o tíquete médio a cada uso do cartão de crédito foi de R$ 78,80, a transação com cartão de loja foi de R$ 54,40, com 2,9 transações, contra 13,6 no crédito.

Crédito à pessoa física

O saldo de recursos emprestados à pessoa física, nas diversas linhas de crédito, atingiram R$ 354,5 bilhões, conforme o Banco Central. Trata-se de um crescimento de 67,1% em dois anos, encabeçado por leasing, financiamento imobiliário e cartão de crédito. Em números absolutos, as três maiores modalidades são crédito pessoal (incluindo consignado), financiamento de veículos e cartões.

Para Noronha, apesar do incremento de R$ 26,9 bilhões no saldo de operações com o cartão de crédito entre maio de 2006 e maio de 2008, atingindo participação de 16% no montante emprestado à pessoa física, o produto não pode ser responsabilizado pelo maior endividamento do brasileiro. "As taxas de inadimplência no cartão retraíram e o consumo está mais consciente, com menos compras com juros", avalia.

A inadimplência, que considera atrasos a partir de 90 dias, caiu de 10,5% em maio de 2006 para 8,8% em maio deste ano. Já a participação das compras parceladas sem juros e à vista, que era de 56% do volume em 2006, atingiu 65%. A estimativa da Abecs para o ano, revisada positivamente, é chegar a R$ 387,5 bilhões em compras com 500 milhões de cartões.

Entretanto, o aumento da taxa básica de juros pode atrapalhar um pouco o cenário otimista. "Tecnicamente, quando aumenta a taxa nominal, há propensão menor ao financiamento", pondera Noronha.

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