O forte aquecimento do mercado de cartões, que este ano deve crescer 24%, sexto ano consecutivo com taxa de expansão acima dos 20%, está atraindo novos bancos para o setor e provocando uma nova onda de investimento nas instituições já estabelecidas no mercado, como Itaú, Citi e Banco Safra.
O país deve terminar o ano com cerca de 500 milhões de cartões, incluindo os plásticos de crédito, débito e os de loja. Somente no primeiro semestre, foram emitidos 7 milhões de cartões de crédito, um recorde. O setor deve movimentar R$ 390 bilhões em 2008.
Em meio à forte competição por clientes, principalmente os da baixa renda, os bancos resolveram investir na área, uma das mais rentáveis para as instituições. Em média, sobre o valor de cada transação, é descontada uma taxa de 2,8%. Nesse cenário, os executivos que trabalham no setor estão sendo disputados a peso de ouro.
O Itaú acaba de contratar Miltonleise Carreiro. Vindo do Banco ibi (que pertence a rede C&A) e com 13 anos de experiência na Credicard, o executivo vai assumir a diretoria de cartões a não-correntistas e parceiros. O Itaú resolveu separar as operações de cartões e financiamentos para pessoas físicas em duas, uma para atender os clientes do banco e outra para os não-clientes.
Carreiro vai cuidar desta última, que engloba grandes operações, como a financeira que o banco tem em parceria com o Pão de Açúcar (chamada de FIC) e com a Lojas Americanas (FAI). "Minha missão é assegurar a liderança do Itaú no mercado de cartões" comenta o executivo, que está de férias, ainda em período de transição de um banco para o outro. Fernando Telles, que era presidente da FIC, vai cuidar da área voltada para os clientes do banco.
Quem também resolveu apostar forte no segmento é o Banco Safra. A instituição contratou Mario Mello, superintendente da área de cartões do Banco Real. Mello vai cuidar da área de cartões e também das operações de crédito imobiliário do Safra. Procurado pelo Valor, o banco informou que este ainda não é o "momento ideal" para comentar a aposta no mercado de cartões.
Outro banco que está mudando a área é o Citi, que promoveu Leonel Andrade, presidente de sua financeira, a Citifinancial, para a presidência da Credicard Citi. A base de cartões da administradora cresceu 50% em dois anos, passando de quatro milhões para seis milhões de unidades.
Já o Banco Matone, do Rio Grande do Sul, resolveu entrar nesse mercado. O banco começou no mês passado a montar a área, com uma contratação de peso. José Tosi, que era presidente da MasterCard, foi contratado para estruturar a área. Segundo Tosi, o objetivo do banco é buscar parcerias com o setor de varejo e lançar os cartões conhecidos como "híbridos" (plásticos com bandeira e que também levam o nome do banco e da loja).
Estimativa das administradora de cartões CSU CardSystem apontam que o mercado terá, em 2010, nada menos que 30 milhões desses cartões. "O crescimento do cartão híbrido será o dobro do resto do mercado", diz Décio Burd, diretor de relações com investidores da CSU.
O Carrefour é um dos melhores exemplos. A rede varejista francesa tem no Brasil uma parceria com a Visa. Só no primeiro final de semana de junho, foram emitidos mais de 10 mil cartões nas lojas (3,5 mil plásticos por dia). Outras redes, como a Riachuelo e o Ponto Frio, também resolveu entrar neste nicho.
A movimentação no setor de cartões não se restringe aos bancos. As bandeiras e credenciadoras de estabelecimentos também passam por mudança. A Visanet, que credencia pontos comerciais para a Visa, acaba de contratar um novo presidente, Romulo de Mello Dias. Com experiência no mercado de capitais, Dias deve preparar a empresa para lançar ações.
A Redecard, que credencia para a MasterCard, foi buscar no setor de telefonia seu novo presidente. Roberto Medeiros, que estava na Telefónica Empresas, foi escolhido no começo do ano para tocar a empresa. Segundo ele, desenvolver novos produtos para acoplar às maquinas leitoras de cartões é uma de suas metas. A outra é instalar as máquinas em novos tipos de estabelecimentos, como feiras livres, táxis e consultórios de médicos e dentistas.
O Brasil compra por ano 350 mil máquinas leitoras de cartões (chamadas de POS), equivalente a todo o mercado mexicano.
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