jornal Valor Econômico 02/12/2011 - Natalia Viri
A pernambucana Provider, do ramo de contact center e tecnologia da informação, está se preparando para abrir capital e ingressar no Bovespa Mais, o chamado "segmento de acesso" da bolsa. A intenção é realizar uma oferta inicial de ações na segunda metade do próximo ano ou no começo de 2013, afirma o presidente da companhia, Moises Assayag.
Atualmente, a empresa - que faturou R$ 235 milhões em 2010 -, está em busca de um parceiro estratégico. O valor e o prazo para a oferta dependem do sucesso das negociações que estão sendo conduzidas por Assayag para a entrada de investidores institucionais.
Segundo ele, a empresa quer captar R$ 120 milhões com um novo sócio para levar a cabo um plano de investimentos. Com essa captação, a previsão da companhia é que o faturamento alcance R$ 1 bilhão em 2016.
Cerca de metade do aporte seria utilizado para o crescimento orgânico, com implantação de novos postos de atendimento em call centers, e para engrossar o capital de giro da empresa.
Os outros R$ 60 milhões financiariam a estratégia de expansão via aquisições. "Há uma infinidade de empresas menores com as quais podemos captar sinergias", explica o executivo. O foco recairia sobre empresas com receitas inferiores a R$ 50 milhões. "Podemos pagar preços razoáveis por essas empresas e trabalhar em cima de suas ineficiências."
Caso a participação de um sócio estratégico se materialize, a listagem em bolsa deve ocorrer apenas em 2013. A entrada de um fundo de participação, por exemplo, seria uma etapa intermediária até a abertura de capital. "É mais fácil convencer um investidor influente do meu modelo de negócio do que falar diretamente com o mercado", explica Assayag.
Porém, se as negociações com investidores institucionais se frustrarem, a Provider pode fazer uma oferta já no segundo semestre de 2012. Em qualquer uma das hipóteses, o pedido de registro de companhia aberta à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) será protocolado no começo do próximo ano.
Fundada no Recife em 1996 por quatro sócios - todos com a mesma participação -, a Provider vem preparando o terreno para o ingresso no mercado de capitais desde 2009, quando teve início um processo gradual de profissionalização da gestão e aprimoramento da governança.
Naquele ano, explica Assayag, foi estabelecida uma estrutura de "diretores-espelho": para cada um dos sócios, que exerciam as funções de direção, foram contratados executivos que passaram a dividir o cargo com os donos.
No fim de 2010, os fundadores deixaram a gestão direta da companhia e estabeleceram um "conselho de sócios", espécie de prévia do que virá a ser o conselho de administração. Nessa estrutura, são estabelecidos pactos formais de decisão entre os sócios, com compromissos firmados entre eles e o presidente e registro das reuniões em atas para acompanhamento.
"A ideia foi fazer uma inclusão gradual dos princípios de governança para evitar um 'choque cultural' na condução da empresa", afirma Assayag, que foi contratado para comandar a companhia há cerca de um ano. O executivo conduz agora um processo de reestruturação operacional e financeira da empresa, com a missão de ampliar a rentabilidade.
A receita da Provider passou de R$ 96,1 milhões em 2006 para R$ 235 milhões em 2010, crescimento de 145%, mas a rentabilidade foi bastante inconstante. A margem Ebitda (antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de 7,6% em 2006, mas chegou a ficar negativa em 2008 e 2009 (-1,4% e -2,1%, respectivamente).
De acordo com Assayag, o apetite pelo crescimento das receitas acabou resultando em alguns contratos não tão rentáveis. A nova equipe de gestão fez uma "peneira" nesses contratos, o que resultou em uma margem Ebitda de 8,5% no ano passado.
A previsão é que essa rentabilidade se mantenha no fechamento deste ano, para quando a empresa estima um faturamento de R$ 240 milhões.
Nesta semana, a Provider inaugurou um posto de call center em Salvador, com 500 pontos de atendimento, o primeiro na Bahia. A empresa já operava em 12 Estados brasileiros e no Chile. Entre seus principais clientes estão o banco Itaú Unibanco e as concessionárias de energia Ampla e Coelce.
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