jornal Diário de S.Paulo 28/11/2011 - Luciano Cavenagui
O cartão de crédito foi o grande vilão das dívidas no balanço parcial do mutirão Acertando suas Contas, que terminou neste domingo no Vale do Anhangabaú, na região central da cidade.
O “dinheiro de plástico” correspondeu aos problemas de 40% das 35 mil pessoas que procuraram auxílio durante a semana do evento. Os números se referem apenas até as 18h.
Atrás do cartão vieram dívidas com o cheque especial, que corresponderam a 20%. O restante dos endividamentos foi referente a financiamento de veículos, crédito pessoal e contas de água, luz e telefone.
Aproximadamente 8 mil pessoas conseguiram renegociar a dívida e fechar acordo com os credores. Somente neste domingo foram 1,7 mil. A fila para entrar no setor de triagem foi muito grande, ultrapassando o Viaduto do Chá. Entretanto, apesar do cansaço, muitos mantiveram a esperança de conseguir abater as dívidas.
Foi o caso da decoradora Rose dos Santos, de 32 anos, que ficou “enforcada” com o cartão de crédito e recorreu ao mutirão. “Devia R$ 2 mil e consegui fechar um acordo para pagar somente R$ 600. Fiquei muito feliz”, afirmou a decoradora.
Débito semelhante contraiu o analista financeiro Jackson Leitão, de 42 anos, morador de Interlagos, na Zona Sul. “Estava devendo R$ 3,6 mil e agora só vou pagar R$ 967. Não vou ficar com o nome sujo”, comemorou.
Próximo evento /No ano que vem, mutirões semelhantes serão realizados. Um no primeiro semestre e outro próximo ao final de 2012. Locais e datas ainda não foram definidos pelos organizadores.
“É uma iniciativa que deu muito certo. Os endividados estão interessados em pagar o que podem e as empresas esperam receber pelo menos parte dos valores”, afirmou Fernando Cosenza, diretor da Boa Vista Serviços, empresa que administra o Serviço Central de Proteção ao Crédito.
Visitantes receberam cartilha educativa
Todas as pessoas que foram até as tendas montadas no Vale do Anhangabaú receberam a Cartilha do Orçamento Doméstico, que apresenta, por meio de dicas para o cidadão, formas de organizar e controlar o orçamento financeiro familiar. A publicação também é munida de orientações para a regularização de restrições financeiras e como proceder quando perder cheques e documentos.
•R$ 1 mil
é o valor médio das dívidas na cidade, segundo pesquisa
•Classes D e E tiveram ascensão de renda
De acordo com o diretor da Boa Vista Serviços, Fernando Cosenza, muitos integrantes das classes D e E tiveram ascensão de renda nos últimos anos e precisam de educação financeira. “O aumento do poder aquisitivo trouxe isso como consequência”, disse Cosenza.
•1.700
pessoas renegociaram as dívidas neste domingo no Vale do Anhangabaú
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