13 de dez. de 2011

MORPHO ABRE FÁBRICA DE OLHO NA PRODUÇÃO DO NOVO RG BRASILEIRO

jornal Brasil Econômico 08/12/2011 – Patrícia Nakamura

É bem provável que você nunca tenha ouvido falar na Morpho Cards do Brasil,mas ela está mais próxima do que você imagina. Dentro da sua carteira, talvez. A Morpho (pronuncia-se morfô) produz desde o plástico até o chip de cartões bancários, de crédito e de telefones celulares. Esse selinho dourado no seu cartão de crédito, por exemplo, foi ela que fez. Feitas as devidas apresentações a companhia avisa: vai aumentar sua presença na vida dos brasileiros. Um caminho para isso será a implantação do Registro de Identidade Civil (RIC), ou o novo RG. A partir de 2018, todo cidadão brasileiro terá o novo modelo de identidade. isso quer dizer, por baixo, pelo menos 200 milhões de “clientes”.

Para dar conta da demanda, a Morpho Cards do Brasil, inaugura hoje em Taubaté (SP) uma unidade de módulos de circuito integrado—o retângulo dourado visível de seu cartão bancário, que abriga um minúsculo chip. A linha de produção recebeu investimento de US$ 4 milhões e permitirá à Morpho produzir 60 milhões de módulos por ano.

Regulamentado no ano passado pelo governo federal, o RIC reunirá num único cartão plástico os números de CPF, RG, carteira de trabalho, habilitação e título de eleitor, além de impressão digital — tudo armazenado dentro de um chip. O novo documento dificultará falsificações e possibilitará a transferência de informações em tempo real para todo o Brasil. Cada unidade da federação será responsável pela emissão de seus documentos. A Morpho e suas concorrentes—Gemalto e Valid entre elas— se articulam para participar das licitações que serão realizadas a partir do ano que vem. Hoje, a Morpho tem entre 20% e 25% de participação no mercado brasileiro de chips, faturando € 100 milhões.

“Somos responsáveis pela emissão de identidades e passaportes em mais de 50 países”, diz o presidente mundial da Morpho, Jean Paul Jainsky. A empresa está entre as fornecedoras do novo documento de identidade na Índia - serão emitidos 1,2 bilhão de cartões.

A companhia também é responsável pela emissão de carteiras de habilitação em 44 dos 51 estados dos EUA, graças à aquisição, em2010, da L1 Identity Solutions, empresa de segurança que pertencia à BAE Systems, por US$ 1,6 bilhão.

Aquisições no Brasil

A Morpho também está disposta a comprar concorrentes brasileiras para ampliar sua participação nomercado. “Temos dinheiro para comprar quem quisermos”, diz Jainsky, ao mencionar o apetite de sua controladora, o conglomerado de segurança e aeronáutica Safran. No ano passado, o grupo francês desembolsou € 2 bilhões em aquisições, enquanto o faturamento da Morpho no período foi de € 1 bilhão. A Safran faturou € 11 bilhões em 2010.

NoBrasil, é preciso trocar 150 milhões de cartões para chips

Além de preparar a Morpho pa- ra competir pela emissão do Registro de Identidade Civil (RIC), a nova fábrica de módulos integrados de Taubaté também vai atender à demanda de grandes bandeiras de cartões de crédito e instituições financeiras, que estão trocando os cartões de tarja magnética pelo chip.

O movimento de troca e de adoção de normas internacionais de segurança, chamado pelo mercado de “liability shift” tem como objetivo reduzir fraudes e, por consequência, os prejuízos financeiros das administradoras de crédito e de bancos.

A implantação dos cartões com chips já dura pelo menos 10 anos, mas está longe de terminar. De acordo com a Morpho, existem ainda em circulação no Brasil mais de 150 milhões de unidades com tarja magnética. Na América Latina, esse número chega a meio bilhão de cartões de débito e de crédito. “É um grande mercado potencial”, afirma Jean Paul Jainsky, presidente da Morpho.

Para dar conta das encomendas das administradoras de cartões, a Morpho adquiriu recentemente, por preço não revelado, os centros de produção de cartões bancários do grupo Carvajal, na Colômbia e no Peru.

A Morpho, além de produzir chips, também fabrica equipamentos de identificação para segurança pública e privada e deve faturar € 1,5 bilhão em 2011.

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