jornal DCI 05/12/2011 - Marcelle Gutierrez
Baseada em práticas internacionais de fomento mercantil (factoring, em inglês), a BrasilFactors chega ao Brasil com a meta de retirar a imagem negativa de "lavagem de dinheiro" e agregar valor à atividade. Segundo o presidente da companhia, João Costa Pereira, o factoring é essencial para o desenvolvimento das pequenas e médias empresas, que muitas vezes encontram dificuldades em mercados tradicionais para captação de recursos financeiros, como no crédito bancário ou mercado de capitais.
Segundo Pereira, no mundo o segmento movimenta um volume de US$ 2 trilhões. Segundo a Associação Nacional das Empresas de Fomento (Anfac), em 2010 o segmento obteve faturamento no Brasil de R$ 81 bilhões. "Mas no Brasil, além de não ter boas práticas, não tem volume: por isso queremos aplicar as normas internacionais no mercado doméstico." As más práticas a que se refere o executivo dizem respeito à imagem do segmento, no qual ao longo de muitos anos algumas companhias alegaram ser empresas de factoring para realizar operações financeiras ilícitas. "Há o preconceito com a incerteza de como é feita, como a imagem de lavagem de dinheiro", pontua Pereira.
O primeiro passo para se diferenciar no mercado está na composição acionária, com o brasileiro BicBanco, com 40%; o FIMBank PLC, 40%, banco europeu com atividade de financiamento do comércio internacional; e International Finance Corporation (IFC), com 20%, que faz parte do Banco Mundial.
Diante desse cenário, a BrasilFactors tem como objetivo se tornar a principal empresa do mercado brasileiro nos próximos cinco anos, com movimentação anual de US$ 2 bilhões depois deste período. "Já atuamos no Egito com este modelo, na Rússia e na Índia. Mas para o FIMBank o Brasil sempre foi um país prioritário", diz Pereira, que acrescenta ser o objetivo principal do IFC o fomento às pequenas e médias empresas em países emergentes. "O Brasil pode ser uma importante plataforma para entrarmos em outros países da América Latina, mas, por enquanto, não há planos", finaliza o executivo.
De acordo com a Anfac, há cerca de 650 empresas associadas, que prestam serviços a mais de 150 mil pequenas e médias empresas de desconto de duplicatas, nos quais a factoring cobra os vencimentos do sacado, podendo ou não assumir o risco.
Entretanto, a aposta da BrasilFactors incide sobre um modelo diferente do já existente no mercado. Segundo o presidente, a principal estratégia para a conquista de clientes está na parceria com o funcionamento da companhia, com gestão dos recebíveis, riscos, cobrança, fluxo de caixa, assessoria administrativa, entre outros. "Analisamos os sacados, procedimentos e melhores práticas para aconselhar a empresa na operação. É a terceirização da gestão de crédito."
Outro importante diferencial, diz o executivo, está na garantia da compra dos recebíveis no cumprimento total do contrato, o que fornece segurança ao empresário para negociar. Na ponta do negócio, a BrasilFactors fornece o seguro de crédito, que funciona como uma proteção em caso de inadimplência. "Junto com o factoring, o seguro de crédito possui grande potencial no mercado nacional e vamos trabalhar com diversas seguradoras", disse João Pereira, sem revelar o nome dessas seguradoras.
Além de proteção ao risco de crédito, a atividade de fomento mercantil fornece garantias e oportunidades para exportação. O presidente da BrasilFactors explica que a assessoria administrativa dos recebíveis e riscos funciona como uma rede mundial, na qual a companhia obtém conhecimento sobre o comprador, sobre o país de destino do produto e sobre condições de pagamento. "Há a orientação de acordo com o país que irá exportar e funciona como uma associação de empresas de factoring no mundo, auditada para cumprir regras internacionais de contrato."
O capital inicial para o início das atividades no Brasil é de US$ 10 milhões, podendo atingir US$ 25 milhões. Até o atual momento, o funding é próprio, mas já há nos planos uma emissão em Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC). A cobrança dos clientes será feita como porcentagem das operações e de acordo com o perfil da carteira de recebíveis. "Vamos analisar os sacados e o plano de negócio com prazos e valores. A qualidade da carteira é que determina se o contrato é viável ou não para a BrasilFactors", pontua João Costa Pereira. Até sexta-feira, 02/12, o fator de compra de recebíveis das empresas de factoring estava em 3,88%, segundo a Anfac.
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