jornal Valor Econômico 22/11/2011 - Aline Lima
Luis Ushirobira/Valor
Neiva, da Alelo: "faz todo o sentido a Caixa ter participação na empresa, mas isso é um assunto para os controladores"
A nova identidade da Companhia Brasileira de Soluções e Serviços (CBSS), gestora dos cartões Visa Vale, espelha a estratégia delineada pela empresa para os próximos anos. A semelhança entre o nome escolhido, Alelo, e a marca Elo, bandeira nacional criada em abril para competir com as internacionais Visa e MasterCard, evidencia que o desempenho de ambas estará profundamente vinculado.
O objetivo da Alelo é concentrar os investimentos, nos próximos três anos, no desenvolvimento de pré-pagos Elo, indo além dos cartões de benefício refeição e alimentação. Na mira estão 45 milhões de consumidores brasileiros sem conta corrente em banco, para os quais serão oferecidos pré-pagos recarregáveis de uso geral, que podem servir para fazer compras e sacar dinheiro. A Alelo contará, para tanto, com a força de seus controladores, Bradesco e Banco do Brasil (BB).
"Nossos acionistas respondem por mais de um terço do movimento financeiro do país, por isso entendemos ser justo imaginar que teremos a mesma participação no mercado de cartões pré-pagos", afirma Ronaldo Varela, diretor executivo comercial da Alelo.
Resta saber, no entanto, qual será a participação da Caixa Econômica Federal (CEF) nessa equação, já que o banco federal, junto com Bradesco e BB, detém participação na bandeira Elo, mas está de fora da Alelo. Até o ano passado, a então CBSS tinha mais outros dois sócios: o ABN Amro Real (incorporado pelo Santander) e a bandeira Visa.
Por não ter participação na Alelo, a Caixa até agora não tinha demonstrado interesse em distribuir os vouchers alimentação e refeição Visa Vale. Em abril deste ano, por ocasião do lançamento da Elo, Márcio Percival, vice-presidente da Caixa, lembrou que o banco detém a folha de pagamentos de diversos Estados e municípios e acrescentou ainda que a Caixa havia mapeado a rede e identificado uma grande quantidade de empresas que não usam esses cartões de benefício. "Faz todo o sentido que a Caixa entre na Alelo, mas isso é um assunto para os controladores", diz Newton Neiva, presidente da Alelo. Procurada, a Caixa não atendeu à reportagem até o fechamento da edição.
A expectativa de Neiva é que, no fim do segundo trimestre de 2012, quando os sistemas da Alelo estiverem preparados, a empresa faça o lançamento dos cartões refeição e alimentação com a bandeira nacional. Os 5,4 milhões de cartões Visa Vale em circulação no mercado não serão substituídos. O cliente continuará livre para escolher a bandeira com a qual quer trabalhar, segundo Neiva, "mas o incentivo [para a Elo] será maior", ressaltou.
Enquanto os procedimentos para a gestão dos cartões Elo pela Alelo não são concluídos, a empresa aproveita o embalo das festas de fim de ano e lança com a Visa, em dezembro, um cartão pré-pago para presentes chamado Prepax. Até o fim deste ano, coloca também na praça versões de seu cartão de viagem internacional Money Card (bandeira Visa) em euro, libra e real (este último com proposta de venda a turistas estrangeiros em viagem para o Brasil). O mercado de cartão para pagamento de frete rodoviário não interessa à Alelo, uma vez que o Bradesco já tem seu exemplar, o Visa Cargo.
A Alelo espera encerrar este ano com faturamento de R$ 13 bilhões, o que representaria um crescimento de 26% em relação a 2010. Se confirmada a cifra de R$ 37 bilhões de faturamento do segmento de benefícios no país, Neiva acredita que a Alelo conquiste a liderança desse mercado.
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