4 de abr. de 2011

PAULISTANO PREFERE COMPRA À VISTA

jornal Diário do Comércio 04/04/2011 - Fátima Lourenço

A movimentação do comércio paulistano no primeiro trimestre de 2011 revela um consumidor mais cauteloso nas aquisições por meio do crediário do que nas transações à vista. É o que mostram os indicadores divulgados pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP), com base nas informações fornecidas pela Boa Vista Serviços (BVS), empresa responsável pela administração do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC).

Ao longo do primeiro trimestre deste ano, o SCPC, indicador das vendas à prazo, recebeu 5.622.624 consultas do comércio, equivalentes ao crescimento de 7,3% ante igual período de 2010, com o mesmo número de dias úteis. Em igual base de comparação, o SCPC Cheque, parâmetro para dimensionar as compras à vista, registrou um salto de 8,1% na movimentação, com 6.442.139 consultas acumuladas.

O economista Emilio Alfieri, do Instituto de Economia Gastão Vidigal, da ACSP, analisa que o uso do crediário durante os primeiros três meses de 2011 foi afetado pelas medidas de contenção de consumo adotadas pelo governo.

No ano de 2010, o aumento médio das vendas a prazo foi de 10,4%, compara Alfieri. Ele recorda que o acumulado da movimentação do comércio no primeiro trimestre daquele ano resultava em crescimento de 6,6% para as compras a prazo, ante o desempenho de igual período de 2009. Em meados de 2010, o percentual já batia na casa de 9%, explica Alfieri. "A economia estava em recessão em 2009 e o ano seguinte começou em ritmo mais lento. Era o começo da recuperação da crise econômica mundial", justifica.

Já as transações à vista do primeiro trimestre de 2011, apontadas pelas consultas ao SCPC Cheque (8,1%) se mantiveram no mesmo patamar médio do ano passado. De acordo com o economista da ACSP, a perspectiva para os próximos meses é que o movimento de vendas do comércio paulistano apresente desaceleração gradativa nas duas modalidades de compra "se a massa salarial continuar crescendo em ritmo mais moderado". A ACSP projeta para o ano, na média entre os sistemas SCPC e SCPC Cheque, movimento de vendas entre 6% e 7% maior que o contabilizado em 2010.

Os indicadores da associação ainda mostram um retrato da inadimplência no primeiro trimestre de 2011, com crescimento de 9% nos registros recebidos. "A recuperação não acompanhou esse ritmo, indicando que a inadimplência voltou a subir no início deste ano", comenta Alfieri, referindo-se à alta de 4,2% nos registros cancelados. Isoladamente, o mês de março de 2011 apresentou aumento de 7,5% nos carnês atrasados e de 2,6% nas dívidas solucionadas.

No mês – De acordo com os indicadores da ACSP, as vendas à vista do mês de março cresceram 3,2%, na comparação com igual período de 2010. Na mesma base de comparação, as transações a prazo recuaram 3,5%. "Elas continuaram prejudicadas pelo Carnaval, que aconteceu no início do último mês", explica Alfieri.

Na comparação da movimentação de compras do mês passado com o período imediatamente anterior, as vendas à vista cresceram 1,3%, enquanto o crediário saltou 17,3%. "Parece um número alto, mas está abaixo do padrão usual para o período, de 20,5% nos últimos três anos", justifica Emílio Alfieri.

PACOTE TURÍSTICO VIRA NOVO FOCO DO MAGAZINE LUIZA NO VAREJO
jornal DCI 04/04/2011 – Gleyma Lima

Com um tíquete médio de R$ 484 e um crescimento de até 30% mantido há 10 anos, a rede varejista Magazine Luiza sai de Franca, no interior de São Paulo, onde foi criada, para agora levar seus clientes da classe emergente a viajarem pela primeira vez de avião, por meio do Luiza Viagens, o novo braço do grupo, inaugurado recentemente em parceria com a empresa Azul Linhas Aéreas. A rede segue os passos da Casas Bahia, do Grupo Pão de Açúcar (GPA), que há pouco tempo fechou semelhante acordo de vendas com líder aérea TAM, e agora instalam quiosques em periferias de São Paulo para vender passagens ao público C e D.

Segundo a presidente do Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano, o intuito da rede é abocanhar parte dos 11 milhões de brasileiros previstos para começar a viajar de avião no País, segundo pesquisa realizada pelo Data Popular. "Hoje o nosso pacote é diferenciado, pois ele foi montado para a classe que não sabe nem o que é check in ou check out. No nosso avião é falado a mesma língua do povo", explicou a presidente, em evento realizado no WTC, na capital paulista. Apesar dessa movimentação de olho no aumento do turismo brasileiro, há quem tenha tirado o time de campo, e deixado de atuar na área de viagens. A rede supermercadista Carrefour vendeu suas lojas próprias de pacotes do setor para a CVC , líder nesse mercado. Por outro lado, o Carrefour anunciou sua entrada no ramo imobiliário, pois o objetivo é o de aproveitar a base de 114 hipermercados da rede no País para que em parceria com construtoras, além de erguer edifícios comerciais ou shopping centers no mesmo espaço.

Ainda que a movimentação pela venda de pacotes e passagens aéreas esteja forte no varejo, os planos do Magazine Luiza são mais amplos, com o objetivo de atuar em diversas vertentes, a empresa não descarta entrar ao mesmo tempo no Rio de Janeiro e Espírito Santo, com aquisições. "Não podemos chegar no Rio com duas, três lojas. Tem de chegar com uma força", disse Luiza, ao lembrar que quando veio para São Paulo apostou na abertura de 50 lojas ao mesmo. Ela afirmou que hoje, o segundo mercado mais importante da rede é a região sul.

Fidelização

Para manter os seus clientes fiéis, a rede investe no tradicional "Dia de Ouro", evento realizado deste 2005 e voltado aos consumidores mais fiéis, os Clientes Ouro. São ofertas diferenciadas, com condições de pagamento exclusivas. 401 lojas participam, sendo sete delas pela primeira vez este ano. Além das facilidades de pagamento proporcionadas pelo Cartão Luiza Ouro, somente nesses dias os usuários dessa modalidade de crédito contam ainda com o parcelamento de qualquer produto da loja, em até 10 vezes, sem juros no Cartão Luiza.

No âmbito dos negócios em si, as medidas anunciadas pelo governo no final do ano passado, que visam conter o ritmo do consumo e a concessão de crédito, não devem comprometer a expectativa de compras das classes C e D no Brasil ao longo de 2011, segundo Luiza Helena. "Notamos que o nível de endividamento não vem aumentando, e o consumo continua em um ritmo estável, o que contribui para um cenário positivo para o varejo neste ano", afirmou ela.

A avaliação de Luiza é que as ações do governo devem comprometer, em um primeiro momento, gastos com bens de maior valor, como imóveis e veículos, refletindo de forma pouco expressiva na compra de eletrodomésticos e eletrônicos. Ela ainda afirma que a questão de preço não é o principal desafio das empresas e que o atendimento com qualidade e velocidade são os grandes desafios das empresas varejistas do Brasil. "As únicas duas coisas que vão diferenciar uma empresa da outra são inovação e atendimento. Preço passou a ser commodity", afirmou. Segundo Luiza atualmente o cliente quer mais que um preço ele precisa de segurança.

Balanço

No ano passado, a companhia teve um lucro de R$ 68,8 milhões, ante um prejuízo de R$ 92,7 milhões em 2009 e perdas de R$ 76,6 milhões em 2008. A receita líquida totalizou R$ 4,808 bilhões em 2010, em um crescimento de 43% sobre o resultado de 2009. O lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização, na sigla em inglês (Ebtida) foi R$ 319 milhões no ano passado, ante R$ 64,6 milhões no exercício anterior.

A rede de lojas atingiu 604 unidades em dezembro de 2010, ante 455 em 2009. Em fevereiro deste ano a empresa apresentou um pedido de lançar ações na Bovespa, e ainda os recursos levantados com a oferta de ações (IPO) devem ser dirigidos para abertura de lojas, aquisições, investimentos em reformas de lojas e reforço do capital de giro. Lojas Americanas, Submarino, Lojas Renner e Marisa são outras empresas do setor varejista que já possuem ações negociadas na Bolsa.

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