27 de abr. de 2011

CONSUMIDOR JÁ SENTE REFLEXOS DA RETRAÇÃO DE CRÉDITO PARA FINANCIAMENTOS DE VEÍCULOS

portal InfoMoney 27/04/2011 - Camila F. de Mendonça

O aumento do fator de risco para concessão de crédito de longo prazo e a elevação da alíquota de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para pessoa física já afetam o bolso do consumidor que contraiu crédito para financiamento de veículos. A concessão de crédito dessa modalidade caiu em março e os juros subiram para a maior taxa desde fevereiro de 2009.

“A tendência é que ocorra mais aumentos nos juros daqui pra frente”, afirma o professor da Trevisan Escola de Negócios, Ricardo Cintra. De acordo com dados divulgados pelo Banco Central nesta quarta-feira (27), a taxa para financiamento de veículos passou de 2,03% ao mês para 2,2% ao mês, entre fevereiro e março. Na comparação com março do ano passado, a elevação foi ainda maior, pois naquele mês os juros estavam a 1,77% ao mês.

Oferta de crédito

Esses aumentos, na avaliação de Cintra, são reflexos das medidas do Governo de retrair a oferta de crédito – o que, de fato, acabou acontecendo. Em março, a concessão diária para financiamento de veículos, segundo o BC, somou R$ 409 milhões, contra os R$ 417 milhões de fevereiro. “Essa redução é efeito das medidas e se há uma redução de oferta, você também tem uma expectativa de elevação de custo”, explica Cintra.

E a tendência é que a oferta de crédito caia ainda mais e os juros subam, devido ao aumento de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic, que agora está em 12% ao ano. “Existe um delay de cerca de seis meses entre o anúncio do aumento e o impacto efetivo dele no crédito. Contudo, a economia está calcada em comportamento humano: se existe uma expectativa de elevação, ela acaba ocorrendo antes do tempo”, explica.

Comportamento do consumidor

Além das medidas e da antecipação do mercado de retrair o crédito e elevar os juros, o comportamento do consumidor também ajuda a compor um cenário de mais altas nas taxas e menor oferta de crédito nos próximos meses. O professor explica que, com a redução dos prazos do financiamento, os consumidores ficaram mais cautelosos. “É mais fácil comprar um automóvel em cinco anos do que em três”, afirma.
E mesmo com a cautela dos consumidores, com o cenário que está se formando, e se nada mudar, a inadimplência também pode subir daqui para frente.”A inadimplência está atrelada ao aumento dos juros. Com taxas maiores, a tendência é que o consumidor tenha mais dificuldades de pagar”, explica Cintra.

Em março, segundo o BC, a inadimplência ficou estável. Esse período, explica o professor, é de acomodação, pois a inadimplência não segue o mesmo ritmo dos efeitos do aumento das taxas e da retração do crédito. Ela vem logo em seguida. “Os sinais que temos não mostram queda na inadimplência a médio prazo”, afirma.

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