jornal Valor Econômico 12/04/2011 - Moacir Drska
A americana NCR colocou em funcionamento mais uma fábrica em Manaus, voltada inicialmente à produção de cofres de aço usados em terminais de autoatendimento bancário (ATM). A nova unidade - que começou a ser testada em janeiro e oficialmente entrou em funcionamento na semana passada - integra o plano traçado pela empresa no fim de 2009, para injetar US$ 73 milhões na subsidiária brasileira no prazo de três anos. Na época, a NCR colocou em operação sua primeira fábrica em Manaus, destinada a produzir ATMs, e anunciou a criação de um centro de pesquisa e desenvolvimento no país.
Com a nova fábrica, instalada em uma área de cinco mil metros quadrados, o Brasil será a única operação global da empresa que também produzirá os cofres. Nas outras quatro fábricas, localizadas nos Estados Unidos, na Índia, na China e na Hungria, esses componentes são adquiridos de outros fornecedores.
Todos os investimentos programados têm como objetivo adaptar a NCR às condições do mercado brasileiro, diz Elias Rogério da Silva, presidente da NCR no Brasil. "Nossa atuação aqui estava muito restrita a clientes globais, como HSBC e Citibank ".
Silva diz que a partir da década de 80, muitos bancos do país criaram suas próprias empresas de tecnologia. O número de sistemas criados internamente e com características específicas em cada instituição é significativo. Assim, enquanto em outros países o nível de adaptações está em torno de 10%, no Brasil, um projeto de ATM, que inclui os cofres, pode exigir um projeto 100% sob medida.
Outros aspectos que diferenciam o Brasil são os incidentes envolvendo o roubo dos ATMs ou atos de vandalismo. As especificações locais dos equipamentos incluem desde reforço físico - como o uso de materiais mais resistentes e formas especiais de fixação das máquinas no solo -, até sistemas de bloqueio remoto.
Com 175 mil máquinas instaladas, Brasil é o terceiro maior mercado mundial de ATM, atrás dos EUA e da China
Além da maior agilidade na entrega dos ATMs, Silva estima que a nova unidade trará uma redução no custo de produção local de no mínimo 20%. "Vamos melhorar a margem de lucro e poderemos ter um preço final mais competitivo".
Como ocorre com os ATMs, 80% da produção será destinada ao mercado brasileiro; o restante será dirigido à América Latina.
O Brasil é o terceiro maior mercado mundial de caixas eletrônicos, atrás dos Estados Unidos e da China. O país conta com cerca de 175 mil ATMs instalados, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). A base global é de 1,7 milhão de máquinas.
A NCR tenta repetir no Brasil o desempenho alcançado no mercado mundial de ATMs, onde lidera com 31% de participação, segundo Silva. Em 2010, o faturamento global foi de US$ 4,82 bilhões e o lucro líquido, de US$ 134 milhões.
Parte do interesse da NCR pelo Brasil se traduz na figura de John Gregg, vice-presidente da NCR para a América Latina. O executivo, antes baseado em Fort Lauderdale (EUA), mudou-se para Brasil no início do ano.
O país responde por cerca de 3% das receitas globais da NCR. A empresa tem uma base instalada de 17 mil máquinas no Brasil e ocupa a terceira posição no setor, atrás da também americana Diebold, que detém cerca de 60% do mercado. A concorrência inclui também companhias brasileiras como Itautec e Perto. "O objetivo é brigar pelo primeiro lugar em cinco anos", diz Silva.
Segundo o executivo, em média são adquiridos 25 mil ATMs por ano no Brasil. Isso inclui a substituição de equipamentos antigos e o acréscimo no número de máquinas. Silva diz que as unidades em Manaus têm capacidade instalada para atender a essa demanda. Em 2010, a NCR superou em 33% a estimativa inicial, de produzir 6 mil ATMs.
Juntamente com os aporte em produção, a NCR vem buscando ampliar seu campo de atuação. Assim como as demais companhias do setor, a empresa tem reforçado a oferta de sistemas e serviços que vão além do suporte estritamente relacionado à parte física do equipamento.
Os novos pacotes de manutenção preventiva buscam reduzir a indisponibilidade dos ATMs, ao antecipar falhas do equipamento e do software, ou mesmo questões como a falta de cédulas, serviço hoje prestado por terceiros.
A NCR também começou a explorar no país a oferta de terminais, softwares e serviços voltados ao varejo. Esse mercado já responde por 25% das receitas globais da empresa, atrás do segmento de finanças, com 65%. "O varejo no Brasil é menos concentrado e vai nos tornar menos dependentes do segmento financeiro", diz Silva.
O executivo afirma que as unidades em Manaus já estão preparadas para produzir todo o portfólio da NCR. A fabricação dos produtos para o varejo, em médio prazo, já está prevista no plano de negócios da empresa. Tudo dependerá da aceitação da oferta pelo mercado, diz Silva, que prevê uma ampliação de mais de 10% no quadro atual de 450 funcionários da NCR no país até o fim do ano.
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