jornal Brasil Econômico 12/04/2011 – Ana Paula Ribeiro
O Banco do Brasil (BB) deu mais um passo em seu processo de internacionalização. Confirmou que está em negociação com o Eurobank, instituição financeira que possui três agências na Flórida, um dos estados americanos com grande concentração de brasileiros.
Os valores da aquisição não foram anunciados, mas o mercado estima que seja inferior a US$ 50 milhões. Em diversas ocasiões, executivos do BB afirmaram que o custo da compra de uma instituição nos EUA seria muito inferior ao desembolso feito para adquirir o controle do argentino Patagônia, que foi de US$ 476,7milhões.
As três agências do Eurobank, instituição fundada em 1991, ficam em Coral Gables, Pompano Beach e Boca Raton. Desde o início do processo de internacionalização, o BB afirmava que iria comprar uma instituição em locais com grande presença de brasileiros. Por essa razão, além da Flórida, também foram avaliadas opções na região de Nova York e Boston, no estado de Massachusetts.
O objetivo dessa aquisição é atender aos brasileiros que morem no país, assim como a operação existente no Japão. A estimativa é que esses emigrantes somem 1,4 milhão nos EUA. No mês passado, o presidente do BB, Aldemir Bendine, disse em entrevista à agência Reuters que além de comprar uma instituição na Costa Leste dos EUA, tinha planos de desenvolver os negócios do BB organicamente nas cidades americanas com alta concentração de brasileiros.
“O BB já vinha com essa estratégia de internacionalização e a Flórida é condizente com esses planos. Tem uma concentração maior de brasileiros na região”, lembra o analista da Lopes & Filho Consultoria, João Augusto Salles.
Se a aquisição do banco americano pelo BB for concluída, será a primeira vez que uma instituição brasileira compra um banco de varejo nos EUA. Em abril do ano passado, o banco público recebeu do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) o status de “Financial Holding Company”. Com esse aval, o BB pode atuar no setor bancário dos EUA. A instituição brasileira também possui autorização do Financial Industry Regulatory Authority (Finra) para atuar no mercado de capitais norte-americano.
Expansão internacional
A rede externa do BB é composta por 47 dependências localizadas em 23 países, sendo 13 agências em 12 países. O restante da representação internacional do banco brasileiro é formado por subagências, escritórios de representação e subsidiárias. A esse rede será somada o banco Patagônia, que teve a sua aquisição pelo BB aprovada pelas autoridades argentinas na semana passada. O banco na Argentina tem150 agências.
Além da expansão nas Américas, o BB tem projetos para aumentar a atuação em outros continentes. Ontem, em seminário para empresários brasileiros, Bendine confirmou a intenção de transformar o escritório de representação de Xangai, na China, em agência e de abrir uma corretora em Cingapura, segundo informou a assessoria de imprensa do banco.
Ainda dentro do projeto de internacionalização, o BB, em parceria com o Bradesco, estuda uma associação com o português Banco Espírito Santo (BES) para atuar no continente africano. Diferente da aquisição nos EUA e Argentina, o objetivo desse projeto não é o atendimento à comunidade brasileira, e sim dar suporte aos negócios de empresas nacionais que estejam explorando o continente africano.
O memorando foi assinado em agosto do ano passado, mas ainda não foi anunciado qual será o desenho final dessa parceria. O BES já está presente em alguns países da região. Os bancos brasileiros podem explorar parte dos negócios em conjunto. Angola e Cabo Verde são países já com presença significativa de empresas brasileiras.
A instituição também procura por oportunidades em outros países da América do Sul. O objetivo seria, novamente, atender a empresas brasileiras em processo de internacionalização. Entre os países alvo estão Chile, Colômbia, Equador e Peru.
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