jornal DCI 29/09/2010 - Fernando Teixeira
Pesquisa realizada pela MasterCard em sete municípios de diversas regiões do Brasil, com população das classes C e D, mostra que o dinheiro continua sendo a forma preferida de pagamento. De acordo com a empresa, apenas 46% desta da população - de 18 a 60 anos - são bancarizados. De olho nesta fatia de mercado, a MasterCard lançará uma bandeira de débito e fará mais promoções. Bancos como Itaú Unibanco, Banco do Brasil e Bradesco também preparam produtos populares, como os cartões Hipercard e Elo para atingir este público. Cartão também é sinônimo de crescimento no Santander.
A pesquisa relata que 27% dos entrevistados possuem somente cartão de débito, enquanto 25% detêm somente cartão de crédito. Já ao analisar apenas a relação dos bancarizados das classes C e D com produtos financeiros, a pesquisa concluiu que 80% possuem cartão de débito; 69%, conta corrente; 52%, poupança; e 49%, cartão de crédito.
O dinheiro, segundo a empresa, continua tendo um papel importante na vida desses consumidores, os quais destinam uma média de R$ 47 por mês para o uso do cartão de débito e de R$ 100 para o cartão de crédito.
De acordo com o estudo da MasterCard, 55% dos bancarizados e 98% dos não bancarizados recebem seus rendimentos em dinheiro. Números do Banco Central mostram que o dinheiro em espécie é largamente utilizado para pagamentos de baixo valor - cerca 77% dos pagamentos efetuados por pessoas físicas.
Uma das iniciativas para abocanhar este público será a troca de logotipo, que englobará a palavra débito abaixo da logomarca. Já para gerar maior frequência e uso de seus cartões de débito, a MasterCard está lançando a promoção. "O objetivo é incentivar o uso dos cartões de débito nas compras do dia a dia. A campanha está focada no conceito de que o débito é muito mais prático e seguro do que o dinheiro e ainda gera benefícios para quem usa", destaca Beatriz Galloni, vice-presidente de Marketing.
No banco Itaú Unibanco o produto cartão de crédito se destaca como um importante instrumento de conquista de novos clientes, particularmente na população das classes C e D. O banco tem marcas populares com o Itaucard, Unicard e Hipercard que oferecem um portfólio de produtos para 25,1 milhões de clientes, correntistas e não correntistas.
De acordo com o banco, no segundo trimestre de 2010 o valor transacionado com cartões de crédito somou R$ 24,761 bilhões, o que corresponde a um aumento de 2,5% em comparação com o primeiro trimestre do ano. Na comparação com o segundo trimestre do ano passado, o resultado ficou 38% acima, pois naquele período o banco movimentou R$ 20,102 bilhões.
O número de contas de cartão de crédito em junho de 2009 era de 23, 708 milhões e saltou para 25,098 milhões no mesmo mês deste ano. O banco ressalta que não inclui cartões adicionais no levantamento.
No concorrente Santander Brasil, a base de cartão de crédito cresceu em 1 milhão apenas nos seis primeiros meses do ano, atingindo mais de 10,7 milhões de unidades em circulação.
De acordo com o banco, dentro da carteira de pessoa física, o cartão de crédito foi o produto que teve o segundo maior incremento no segundo trimestre de 2010: em junho, totalizou R$ 8,8 bilhões, 24% a mais do que 12 meses antes. "Temos buscado entender as demandas dos nossos clientes para desenvolver produtos com mais conveniência", disse Cassius Schymura, diretor executivo da área no Santander.
Para o professor do curso de Administração da ESPM Adriano Gomes, os bancos e as bandeiras de cartão voltarem as atenções para a classe emergente é consequência da realidade brasileira. "Imagine colocar duas vezes a população do Chile com mais dinheiro no mercado: são os 32 milhões de pessoas que subiram para classe C no Brasil", comparou.
Gomes destaca que os bancos se animam quando veem que esta classe apresenta baixo nível de inadimplência nas compras. "Mulheres e jovens são os que mais passam calote. Talvez haja filtros para liberar crédito."
Outro ponto de vista do professor é de que bandeiras como Hipercard e Elo no futuro tornem-se grande alvo das indústrias de cartão. "Os bancos fazem o trabalho de base. Acredito ser natural e previsível uma venda a grupos estrangeiros."
Além disso, a Associação Brasileira de Empresas de Cartões de Crédito (Abecs) projeta que em 2015 o País deve alcançar a marca de 909 milhões de cartões emitidos, um crescimento de quase 45% frente aos 628 milhões estimados em 2010. A associação calcula que, mesmo sem contabilizar os efeitos de Copa e Olimpíadas, o mercado brasileiro de cartões de crédito e de débito deve registrar um aumento de faturamento de R$ 444 bilhões ao fim de 2010 para R$ 1,3 trilhão em 2015.
Pesquisa da MasterCard mostra que somente 46% das pessoas das classes C e D são bancarizadas, o que abre espaço para que bancos e bandeiras de cartão busquem ampliar sua participação nesse mercado.
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