jornal Brasil Econômico 28/09/2010 - Thaís Folego
O número de cartões de débito é superior ao número de cartões de crédito no Brasil. No quesito utilização, porém, a equação se inverte. Tanto em número de transações quanto em gasto médio por plástico. o volume do crédito é o dobro do crédito. Dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) mostram que cada cartão de débito fez, em média, 10,7 transações em 2009, enquanto no crédito foram feitas 19,4 transações.
Para mudar esse cenário, há esforços tanto por parte do setor de cartões quanto do governo de incentivar o uso do débito. A Mastercard fez algumas mudanças no seu produto e lança, hoje, uma nova marca no Brasil para a função débito. Mundialmente a bandeira usa a marca "Maestro" para a função, que agora passa a ser "Mastercard débito". "A ideia é simplificar a marca, para facilitar a comunicação para o portador do cartão", conta Mauricio Rodrigues Alves, vice- presidente de produtos da Mastercard Brasil e Cone Sul.
A estratégia está, ainda, baseada em outros dois pilares: promoções para o cliente final e entrada em ramos de atividade em que o cartão ainda não é usado como meio de pagamento. Para o portador do cartão, a bandeira fará diversas promoções. A que estreia hoje e vai até dezembro, consiste em incentivar o portador a usar o débito pelo menos três vezes na semana, o que dá direito a concorrer a carros zero km.
Na outra ponta, a da aceitação de cartão por parte dos estabelecimentos, a Mastercard fará ações junto aos credenciadores de lojas para afiliar pequenos comércios, mercearias, cafés, farmácias, bares, escolas e médicos. "Queremos aumentar o uso do débito em novos segmentos, como educação, saúde e prestação de serviços no geral", diz Alves.
A estratégia da Mastercard baseou-se em um estudo que a bandeira fez com consumidores entre 18 e 60 anos, pertencentes às classes C e D. Segundo a amostragem, o dinheiro continua sendo a forma preferida de pagamento desse público.
"Isso é explicado, em parte, pelo fato de apenas 46% dessa população ser bancarizada". diz Alves. Ainda segundo o estudo, apesar de 80% desse público bancarizado possuir cartões de débito, contra 49% que possuem crédito, os volumes de gastos nos dois produtos é bem desigual: os consumidores destinam uma média RS 47 por mês para o uso do cartão de débito e R$ 100 para o de crédito.
Esforço
"Por incrível que pareça, muitas pessoas não sabem que podem usar o cartão de débito para compra. Acham que é só para saque", comenta Percival Jatobá, diretor-executivo de produtos da Visa do Brasil. Segundo o executivo, há a necessidade de educar o portador do cartão. "Os bancos não vendem o conceito do débito, mas sim uma conta corrente, em que o cliente recebe um cartão de débito. Por isso, às vezes ele não sabe que é um meio de pagamento", diz.
A bandeira lançou o primeiro cartão de débito em 1997 no Brasil (Visa Electron) e, segundo Jatobá, desde então há urna es¬tratégia coordenada com os bancos emissores e credencia- dores para incentivar o uso da função débito do cartão.
Mas não são apenas as bandeiras internacionais que estão interessadas no uso do débito. Um dos pontos que o governo negociou com o setor no ano passado foi exatamente a criação de uma bandeira nacional. "O governo percebeu que em países onde haviam bandeiras nacionais as taxas cobradas eram mais baixas", explica Juan Ferrés, economista consultor da Abecs.
Visa leva o débito para o e-commerce
Uma nova fronteira do cartão de débito é a do comércio eletrônico. Esse mercado cresce a taxas expressivas no Brasil, mas a maioria das transações é feita por cartão de crédito ou boleto.
A maior barreira para o uso do débito na internet é a segurança. Entre outras funções, a Visa desenvolveu o "Verified by Visa”, um serviço que disponibiliza uma verificação de dados além da senha. Ela é realizada por meio do do banco emissor do cartão a partir da solicitação e da validação de informações, e que devem ser de conhecimento apenas do titular da cartão. No Brasil, o Bradesco já está operando com o sistema mas dois outros grandes bancos estão implementando o serviço, o que dará dos portadores do cartão a possibilidade de usar a função débito para as compras na Internet, explica Percival Jatobá, diretor-executivo de produtos da Visa do Brasil. Ele conta que, atualmente, nos Estados Unidos 60% das transações na internet são feitas com o cartão de débito, enquanto 40% com o crédito.
"44% do faturamento do e-commerce vem do débito nos EUA, o que mostra a importância do produto dentro do mercado americano, e que tem um grande potencial também no mercado brasileiro." Na Índia, por exemplo, onde há um esforço da Associação de Bancos e do governo com a Visa para uso do débito na internet, o número de transações no e-commerce cresceu 250% entre abril de 2009 e junho deste ano
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