24 de set. de 2010

FACEBOOK PROMOVE SEU CRÉDITO VIRTUAL PARA GANHAR DÓLARES DE VERDADE

portal Veja 23/09/2010 - The New York Times

Por todo seu sucesso, o Google é muitas vezes criticado por ter um truque só. Depois de doze anos, a empresa de busca na internet ainda luta para encontrar uma nova fonte de receita significativa para complementar seu lucrativo sistema de publicidade. O Facebook, que mais que qualquer outra empresa aspira tomar o lugar dominante do Google na internet, pretende evitar esse problema. A caminho de se tornar uma potência em publicidade, a empresa de redes sociais prepara o terreno para seu segundo ato: um sistema de moeda virtual que algum dia poderá se transformar em em negócio multibilionário.

O Facebook começou a testar sua moeda virtual, chamada Credits, há mais de um ano, com alguns jogos populares no site. Este mês, o Credits ultrapassou um marco, ao se tornar o meio de pagamento exclusivo para a maioria dos jogos criados pela Zynga, o desenvolvedor número 1 de aplicativos para o Facebook. A Zynga deverá chegar a 500 milhões de dólares em receita este ano, de acordo com a Inside Network, que monitora as aplicações do Facebook. Milhões de usuários pagam com dinheiro real para comprar produtos virtuais em jogos como FarmVille e Mafia Wars.

Até o final do ano, o Facebook espera que o Credits seja utilizado para comprar a grande maioria dos produtos virtuais vendidos no site. O mercado de rápido crescimento deve chegar a 835 milhões de dólares no Facebook este ano, de acordo com a Inside Network. Para sustentar esse mercado, o Facebook começou a vender cartões de presente (os chamados gift cards) do Credits nas lojas Target este mês. Por ora, o Facebook diz que simplesmente quer o Credits para ajudar a promover o crescimento das transações de bens virtuais. Mas Mark Zuckerberg, presidente-executivo da rede social, disse que a empresa pode fazer "muito mais" com o Credits.

Planos - Ao longo do tempo, a companhia pretende transformar o Credits em um sistema de micropagamentos que poderia ser oferecido a qualquer aplicativo do Facebook, seja ele um jogo ou, talvez, uma empresa de mídia, disseram pessoas com conhecimento dos planos do Facebook. Além dos jogos, que representam a maior parte do dinheiro gasto no Facebook, mais de 1 milhão de outros aplicativos funcionam no site. No futuro, muitos deles poderão optar por cobrar pelo acesso a determinados recursos, como música, vídeo ou notícias.

Alguns analistas da indústria dizem que a expansão do Credits faz sentido e pode acabar colocando o Facebook como concorrente do PayPal, Google, Amazon e outros por uma fatia do bolo cada vez maior das transações on-line. "Se eles conseguirem 50 milhões de cartões de crédito registrados, por que não usá-los para pagar a assinatura de um jornal?", disse Alex Rampell, executivo-chefe da TrialPay, uma empresa de publicidade que oferece o Credits do Facebook gratuitamente para pessoas que compram determinados produtos.

Outros dizem que o potencial de utilização do Credits poderia ir além do Facebook, por meio do Facebook Connect, um serviço que permite aos usuários efetuar login em sites usando suas identidades do Facebook. "Há uma oportunidade enorme para o uso do Facebook Connect para oferecer compras em outros sites", disse Ron Hirson, vice-presidente da Boku, uma empresa que permite pagamentos on-line pelo celular.
"Eles estão se concentrando em jogos e aplicativos agora, mas faria sentido irem para outras categorias" de produto.

Por enquanto, o Facebook prefere minimizar suas ambições para o Credits. Dan Rose, vice-presidente do Facebook para parcerias e marketing de plataformas, falou sobre a utilidade do Credits enquanto se joga no site. Os usuários terão uma moeda única para gastar em qualquer jogo, poupando trabalho de usar o cartão de crédito ou o PayPal várias vezes, disse. Atualmente, os usuários podem comprar créditos em quinze moedas, incluindo o dólar americano, o euro, a libra e o bolívar venezuelano.

Nenhum comentário: