jornal DCI 08/09/2010 - Ernani Fagundes
O uso do cartão de crédito nas compras pela internet no Brasil alcançará US$ 11 bilhões em 2010, ou 67% dos US$ 16,47 bilhões faturados em e-commerce. A previsão foi divulgada pela companhia holandesa Global Collect durante o Congresso C4 de Cartões e Crédito ao Consumidor, realizado até a última sexta-feira (3) em São Paulo.
"A participação de cartões ainda é muito baixa", vislumbra o business manager da Global Collect, Juan Pablo Dantiochia.
A empresa de Dantiochia é o maior banco independente da internet com faturamento de US$ 4 bilhões em 2009, por meio de 500 mil pagamentos diários na rede em 170 moedas de 200 países, e faz parte de uma nova categoria de empresas que operam com cartões, as subadquirentes ou coletoras de pagamentos na web. Com 350 funcionários e escritórios nos Estados Unidos, Buenos Aires e Singapura, a Global Collect estuda as particularidades brasileiras para atuar no promissor mercado brasileiro.
"Além da opção pelo cartão de crédito, teremos de oferecer métodos alternativos como boletos e transferência", admite.
Ele tem razão, já que segundo relatório divulgado por sua concorrente Cobre Bem , cerca de 25% das compras feitas pela internet no Brasil são pagas por meio de boletos bancários. "Desde o início tivemos de montar uma estrutura multiadquirência, multibancos, multibandeiras e multimeios de pagamento", afirma o diretor executivo da Cobre Bem, Lúcio Vargas.
A Cobre Bem prevê que irá realizar 14 milhões de transações com cartão de crédito em 2010. "No Brasil, 20 milhões de pessoas fizeram pelo menos uma compra na internet no primeiro semestre, o setor deve fechar o ano com 23 milhões de consumidores comprando pela rede", prevê Vargas.
Ele está animado com o crescimento expressivo do setor, mas também está preocupado. "A nova onda é comprar por celular, temos que estar preparados", diz.
Vargas revela sua estratégia para crescer como subadquirente. "Vamos agir como facilitadores que dão garantia ao cliente, e isso ajuda trazer os pequenos e médios varejistas para o comércio na internet", declara Vargas.
Outra companhia virtual, a Moip, também vê alternativas para diminuir os custos para os pequenos lojistas. "Nos Estados Unidos, 15% das compras pela internet são feitas através de moedeiros e não por cartão de crédito. A MasterCard e a Visa já veem a PayPal como uma ameaça", conta o executivo da Moip, Igor Senra, ao se referir ao principal subadquirente americano.
A líder em pagamentos pela internet na América Latina, a Braspag, que atua em países como México, Colômbia, Argentina e Chile, também vê a chegada de novos players. "Nos Estados Unidos são mais de 3 mil empresas, vamos ver muitos no complexo mercado brasileiro", diz Svante Westerberg, da Braspag.
Flávio Littério, da Roland Berger, calculou a projeção do e-commerce para 2011. "Crescimento médio de 60% para R$ 27 bilhões", afirmou Littério.
GetNet
A terceira maior empresa de captura e processamento de transações eletrônicas com cartões no Brasil, a GetNet quer atingir entre 15% e 17% de participação no mercado brasileiro de captura de operações nos próximos cinco anos. "Em 2015, a briga será muito maior do que é hoje. Vamos conquistar entre 15% e 17% desse mercado", diz o diretor executivo de Negócios da GetNet, José Walter de Marca Filho.
O executivo diferenciou a GetNet de seus competidores Cielo e RedeCard em captura e processamento de cartões. "Somos uma companhia full services. No nosso caso, quem é adquirente é o Santander", explicou Marca Filho.
O diretor relatou os efeitos positivos da abertura de mercado realizada em 1° de julho desse ano. "A Visa já representa 40% das operações da GetNet e estamos operando com 23 bandeiras, incluindo a MasterCard", contou. O diretor explicou que sua companhia se diferencia das grandes por oferecer suporte aos lojistas e serviços completos às bandeiras regionais. "São 175 mil estabelecimentos credenciados e 200 mil pontos eletrônicos de captura", enumera sua estrutura.
Para efeito de comparação, a Cielo informou que possui 1,8 milhão de lojistas credenciados e a Redecard informou em seu último balanço trimestral que possuía 1,06 milhão de unidades de captura instaladas.
O banco Santander explicou por meio de sua assessoria que sua parceria com a GetNet prevê que a instituição financeira possa explorar, desenvolver e comercializar serviços de captura e processamento de transações de cartões de crédito e débito.
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