9 de abr. de 2011

COMPRADOR DE CARRO PAGA À VISTA COM PRÉ-DATADO E CARTÃO

jornal O Estado de S.Paulo 09/04/2011 - Cleide Silva

No setor automotivo, tradicionalmente movido a credito, a participação das vendas à vista passou de 34,5% no primeiro trimestre de 2010 para 38% neste ano, segundo as montadoras. Significa que cerca de 295 mil automóveis e comerciais leves foram pagos no ato da compra pelo consumidor. Além do carro usado, em muitos casos parte do pagamento é feita com cheques pré-datados e cartão de crédito.

Na avaliação do presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), Décio Carbonari de Almeida, clientes que antes financiavam 100% do carro passaram a financiar menos e em prazos menores. Já os consumidores que financiavam pequenos valores passaram a comprar à vista.

Em sua opinião, um fator que pode ter estimulado a migração é a relação da rentabilidade das operações tradicionais de investimento (como CDB e Fundos) em comparação às taxas de juros nos financiamentos. "O aumento nos juros, em decorrência das medidas do BC, pode ter ampliado a distância que existia entre custo financeiro versus rendimento de aplicação."

Segundo a Anef, em novembro, 37% das compras de automóveis eram feitas com pagamento à vista. Em fevereiro, esse porcentual passou para 42%.
Mudança - Clientes que financiavam 100% do carro passaram a financiar menos e em prazos menores, diz o presidente da Anef.

O agrônomo Aguinaldo Andreoli fechou ontem a compra de um Astra, da GM, por R$ 44,5 mil. Deu como parte do pagamento o carro antigo, outro Astra 2007, avaliado em R$ 27 mil e pagou a diferença à vista. "Tirei o dinheiro da aplicação pois compensava mais do que pagar os juros atuais do financiamento". A aposentada Olga Reschiliani fez o mesmo na quinta-feira. Trocou uma Meriva 2009 por um Agile 2011 e a diferença, de R$ 6,5 mil, foi quitada com o que tinha na poupança.

Bancos, montadoras e concessionários também encontraram alternativas para neutralizar as medidas do BC, como a obrigatoriedade do valor de entrada, que passou a ser parcelada no cartão de crédito, no cheque pré-datado e até postergado para 2013.

O grupo Aba, com seis revendas Chevrolet em São Paulo, tem plano em que o consumidor paga as parcelas do financiamento até a 30ª prestação, quando então quita a "entrada", equivalente a 35% do valor do automóvel, e segue pagando as demais mensalidades em 60 meses.

Em um mês 15% dos consumidores que financiaram o carro novo escolheram esse plano, informa Fabio Lewkowicz, diretor do grupo. "Nesta semana, ampliamos o plano para os usados.”

Com quatro lojas Peugeot em São Paulo, o grupo Pavillon parcela a entrada de carros seminovos em cinco vezes no cartão crédito, no limite de R$ 5 mil. No último fim de semana, 60% dos clientes que fizeram financiamento optaram pelo plano, diz o diretor comercial Wilson Goes.

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