6 de abr. de 2011

COMPRA DEVE GARANTIR ACESSO A UMA ATIVIDADE MAIS RENTÁVEL

jornal Diário do Comércio 06/04/2011 - Giseli Cabrini

Analistas do setor varejista e do mercado financeiro avaliam que a aquisição da rede Camicado pela Renner deverá ser positiva para a compradora e poderá provocar um "efeito cascata" a exemplo do que ocorreu em outros segmentos do varejo(veja quadro abaixo).

"As duas são muito fortes e conhecidas. Uma das prováveis sinergias deverá ocorrer na área de logística principalmente em vendas online", disse a diretora do grupo Troiano de Branding, Renata Lima. "É uma oportunidade para a Renner se diferenciar e adquirir conhecimento em um novo segmento, além de ter acesso a uma atividade mais rentável do que até então ela atuava", afirmou o coordenador do Núcleo de Estudos de Varejo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Ricardo Pastore.

De acordo com Renata, em relação ao público-alvo, essa união poderá atrair para a Renner, consumidores da classe A. "Pode haver dois caminhos, mostrar que se tratam de marcas irmãs que dialogam com o mesmo universo ou manter estratégias separadas. Mas, certamente, essa seria uma oportunidade de a Renner ascender a um novo público."

Renata avaliou também que a operação pode resgatar a lógica "one stop shop", ou seja, o formato dos antigos magazines de concentrar em um mesmo ambiente vários itens para que o cliente resolva todas as compras em um só lugar.



Insistência – O analista relembrou que não se trata da primeira tentativa da Renner de adquirir uma empresa com operações no segmento de artigos para o lar, cama, mesa e banho. Em março de 2009, a empresa chegou a anunciar entendimentos iniciais para a aquisição da Leader, loja de moda feminina, masculina, infanto-juvenil, infantil e bebê; lingerie; acessórios; brinquedos; cama, mesa e banho e utilidades para o lar. A operação acabou suspensa em virtude da crise financeira internacional iniciada em 2008.

Atualmente com 52 unidades espalhadas em oito estados brasileiros (Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas, Rio Grande do Norte, Sergipe e Bahia), a Leader informou por meio de comunicado que "nunca esteve à venda".

Além disso, a rede descartou que tenha sido sondada por outra companhia e que tenha interesse em realizar um negócio semelhante. De acordo com o documento, para ampliar a inserção no mercado nacional, em maio de 2010, a Leader ingressou no segmento de e-commerce.

Renata do grupo Troiano de Branding, acredita que a tendência é que outros magazines como Riachuelo, C&A e Lojas Marisa venham a adotar estratégia semelhante a da Renner.

"O momento é propício para quem deseja ir às compras: a rentabilidade das companhias é crescente, assim como o público consumidor. A velocidade de expansão dessa atividade inviabiliza que o crescimento seja feito de modo orgânico", disse Pastore da ESPM.

Procurada pela reportagem do Diário do Comércio, a C&A informou que por ser uma companhia de capital fechado não poderia comentar sobre estratégia ou mercado. Já a Lojas Marisa informou que por ser de capital aberto qualquer eventual posicionamento será por meio de comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). E, por fim, a Riachuelo não conseguiu localizar o presidente da companhia para comentar o assunto.

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