15 de jun. de 2008

UM NOVO NOME NO CARTÃO

revista Isto É Dinheiro 11/06/2008 - Márcio Krohen


Uma mudança repentina no comando da Visanet mexeu com o mercado de cartões na semana passada. A notícia pegou boa parte dos profissionais de surpresa. Em um comunicado breve de dez linhas divulgado na segunda-feira 2, a empresa que faz o credenciamento de estabelecimentos comerciais para a bandeira Visa informava que Antonio Luiz Rios não respondia mais como presidente. O texto, sucinto, não explicava os motivos que levaram Rios a deixar a presidência. Além disso, a Visanet dizia que, por ora, não tem um nome substituto. A vacância no cargo, assim, era uma segunda surpresa. O momento atual deveria ser de preparativos para a tão aguardada abertura de capital (IPO, em inglês) da empresa, uma das mais esperadas desde que sua concorrente Redecard captou R$ 4,1 bilhões no ano passado, ficando atrás apenas de Bovespa e BM&F entre as maiores captações públicas em bolsa de valores já realizadas no País. Porém, com essa indefinição de seu comandante, abrem-se uma lacuna e várias dúvidas nos corredores da Visanet.

Tudo leva a crer que a decisão pela demissão de Rios tenha acontecido durante a última semana de maio. Durante esse período, executivos de Bradesco, Banco do Brasil (BB) e Real -- principais acionistas da Visanet que, juntamente com a Visa International, detêm 95,2% do capital da empresa -– ficaram indisponíveis em longas reunião na sede da companhia em São Paulo. O que se especulava ser um encontro para definir a estratégia e a data da abertura de capital (o que, de fato, pode ter ocorrido, embora não exista confirmação) terminou com a cadeira vazia da presidência. “Antonio Rios era bem credenciado, por isso a surpresa. Havia uma aposta de permanência dele no cargo”, diz uma fonte próxima à empresa. Boatos sobre sua saída da Visanet já haviam circulado, no entanto, pelo menos uma vez quando, no final de 2007, a empresa comunicou a intenção de ir a mercado.

Os números da Visanet nos últimos cinco anos não são desprezíveis (ver gráficos). Porém, a necessidade de obter com sua abertura de capitais uma captação tão expressiva quanto a da rival Redecard, que faz 25% menos transações, estaria tirando o sono de seus executivos. Nos últimos meses, a Visanet tem investido bastante para ganhar mercado. Realizou uma política agressiva de instalação de suas maquininhas de transações com um preço 50% menor do que o custo tecnológico e manteve agressivas campanhas de marketing. “A Visanet vai precisar mostrar resultados após os altos investimentos”, afirma um analista. Procuradas, Visanet e Redecard preferiram não se pronunciar.

O nome mais forte na lista de sucessores é o de Newton Neiva, atual presidente da VisaVale, empresa de benefícios, como alimentação e refeição, que também pertence aos mesmos acionistas da Visanet. Neiva tem a confiança dos controladores por ter criado em 2003 uma empresa que rapidamente passou a brigar pela liderança do mercado com a Ticket. Além disso, Neiva apostou no formato eletrônico, enquanto os vales-refeição e alimentação eram em papel. Esse é o novo perfil dos executivos do mercado de cartões, mais ligados à tecnologia que aos bancos. “Esse é o novo perfil dos executivos do mercado de cartões”, diz Álvaro Musa, sócio da consultoria especializada Partner.

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