29 de jun. de 2008

CARTÕES DA GE DESPERTAM POUCO INTERESSE

jornal Valor Econômico 26/06/2008 - Robin Sidel (The Wall Street Journal)

A operação de cartões de crédito da General Electric Co., estimada em US$ 30 bilhões, está atraindo pouco interesse de potenciais compradores, uma vez que os possíveis interessados se preocupam com o fato de os consumidores de lojas como Wal-Mart, JC Penney e Lowe's estarem com dificuldade para pagar as contas.

O J.P. Morgan Chase & Co, por muito tempo considerado com o mais provável comprador, desistiu recentemente de fazer uma oferta, segundo pessoas a par da questão. Essas pessoas também consideram pouco prováveis ofertas de compra de outras companhias com portfólios de cartões de crédito de grande porte, como Citigroup Inc., Bank of America Corp. e Capital One Co., já que elas enfrentam crescente inadimplência ou perdas em seus próprios negócios.

Executivos da GE reconhecem as dificuldades, mas têm repetidamente dito que o objetivo é completar a venda no quarto trimestre. Jeffrey Immelt, o presidente da GE, procurou pessoalmente os potenciais compradores, segundo uma pessoa a par da questão.

A falta de interesse acontece numa hora imprópria para a GE, que está tentando vender pelo menos US$ 50 bilhões em ativos nas áreas de crédito a empresas e pessoas físicas este ano.

Entre outros negócios, o conglomerado também está considerando a venda de sua unidade de eletrodomésticos. Em abril, a empresa divulgou uma inesperada queda de 5,9% no lucro do primeiro trimestre, dando partida à maior queda da ação da companhia num único dia em 20 anos.

As ações da GE fecharam a US$ 27,99 dólares ontem, na Bolsa de Nova York, com alta de 1,5%, ficando pouco acima de seu nível mais baixo dos últimos 12 meses, de US$ 27,20.

A GE é a maior emissora dos chamados cartões de crédito de marca, com quase 40% do mercado americano, segundo estimativas da Nilson Report, uma newsletter setorial. Ao contrário dos cartões de amplo uso com as marcas da Visa Inc. e da Mastercard Inc., por exemplo, os cartões de marca exclusiva só podem ser usados em lojas específicas..

"Nós estamos conversando muito e tendo discussões com as partes interessadas", disse um porta-voz da GE ontem. Segundo ele, a empresa tem recebido manifestações de interesse de companhias americanas e estrangeiras.

Apesar de os varejistas ajudarem a distribuir os cartões aos clientes e colocar em prática projetos de marketing para eles, é a GE, ou qualquer outro emissor de cartões de crédito de marca exclusiva, que banca a responsabilidade financeira dos empréstimos.

Os portfólios de cartões de crédito são tipicamente avaliados com ágio em relação aos recebíveis, ou empréstimos. Com cerca de US$ 30 bilhões em recebíveis, a carteira da GE provavelmente tem um retorno abaixo de um dígito. Um retorno de 7% dos recebíveis, ou cerca de US$ 2 bilhões, poderia se traduzir num valor de aquisição de aproximadamente US$ 32 bilhões.


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