15 de jun. de 2008

CARTÃO RENNER FAZ 35 ANOS E PREPARA EMBANDEIRAMENTO

jornal Gazeta Mercantil 12/06/2008 - Jiane Carvalho


O cartão de crédito das Lojas Renner, um dos pioneiros no mercado brasileiro de private label, comemora 35 anos de vida e está próximo de ingressar em uma nova fase. Das grandes redes de varejo, a Renner é uma das últimas a manter seu cartão sem bandeira. Mas a varejista já negocia com Visa e MasterCard e deve definir o modelo de embandeiramento dos cartões nos próximos meses. A Renner, atualmente com 12,4 milhões de plásticos no mercado, tem no cartão o principal suporte às suas vendas, não apenas de vestuários, mas também de produtos financeiros.

"Quando lançamos nosso cartão, há 35 anos, era uma tentativa de reduzir a burocracia na concessão de crédito, substituindo o velho carnê, processo concluído em 1985 com sucesso", relembra o diretor de relações com investidores da Renner, José Carlos Hruby. Dados da varejista comprovam o papel importante do cartão nas vendas da empresa. O plástico foi responsável por 62,2% das vendas da rede no primeiro trimestre deste ano, de R$ 383,4 milhões. O tíquete médio do cartão Renner foi de 101,35. São emitidos, em média, 1,2 milhão de cartões por ano e a taxa de ativação é de 60%.

O plástico também é, segundo Hruby, um importante instrumento de fidelização. "O cliente da rede tem duas opções para pagar o cartão, ou via internet ou na loja", explica Hruby. "Na prática, 99% dos pagamentos são feitos na loja, o cliente prefere voltar ao ponto-de-venda para quitar a fatura." O diretor de RI da Renner aponta também, como ponto forte do cartão, a forma de emissão da fatura. "Não existe apenas um dia bom para compras com nosso private label, na verdade a cada compra é emitido um boleto com 30 dias para o primeiro pagamento." A Renner financia as vendas em até cinco vezes sem acréscimo, já para compras com prazo maior, a empresa cobra encargos e, depois, faz o redesconto da fatura junto a instituições financeiras.

No modelo de embandeiramento do cartão Renner em estudo, segundo Hruby, deve haver um limite de gastos fora da rede. "De fato estamos avaliando algo nesta direção, de estabelecer limites para uso dentro e fora da Renner", diz o diretor. Para o executivo, o embandeiramento deve aumentar o grau de fidelização dos clientes. "Vai ser importante para nosso cliente, além de trazer vantagens financeiras para a Renner", afirmou sem dar detalhes das negociações. "Isto era inevitável, estamos indo ao encontro de uma tendência dos private labels."

Produtos financeiros

Outra tendência que só recentemente a Renner passou a seguir é a de venda de produtos financeiros. "Enquanto a empresa foi controlada pela JC Penney a orientação era para que não avançássemos nesta direção", lembra Hruby. Com a pulverização do controle acionário da Renner, em 2005, isto mudou e, hoje, o segmento financeiro é importante para o negócio. No primeiro trimestre deste ano, o resultado de serviços financeiros foi de R$ 18,5 milhões, uma alta de 16% sobre igual período de 2007. No ano passado como um todo, os serviços financeiros engordaram o caixa da Renner em 49,9 milhões, um crescimento de 84,1%. "Do resultado final da Renner, 20% já vem dos produtos financeiros", diz o diretor. Dos serviços oferecidos, o principal deles é a linha de empréstimo pessoal, em parceria com o banco Safra. No primeiro trimestre, foram concedidos R$23,2 milhões em empréstimos. A carteira total é de R$ 87,3 milhões. A Renner oferece ainda um seguro proteção financeira em parceria com a Porto Seguro, Vende títulos de capitalização, com a Icatu, e oferece a função Saque Rápido, que permite aos clientes sacar dinheiro nas lojas.

Apesar do sucesso dos produtos financeiros, o diretor de RI nega que esteja nos planos da Renner abrir um banco ou financeira, caminho trilhado, por exemplo, pela Magazine Luiza, com a LuizaCredi, e por grupos como Sadia e Friboi, com bancos próprios. "A operação financeira tem se mostrado muito positiva, mas não temos nos planos atuar como financeira", afirma Hruby. O diretor de RI se diz otimista em relação à continuidade da expansão dos cartões. "Como abrimos, em média, 15 novas lojas por ano, naturalmente a emissão de cartões continuara forte", diz.

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