25 de out. de 2010

CREDICARD PROJETA CRESCIMENTO DE 55% NO ANO

jornal DCI 25/10/2010 - Fernando Teixeira

Mesmo com uma queda do crédito rotativo, a carteira de crédito da Credicard, administradora de cartão de crédito do Citibank, deve crescer acima da média. "nossa carteira de crédito deve crescer 55%, como um todo, na Credicard, ante 20% do mercado nacional", revelou o presidente da administradora, Leonel Dias de Andrade Neto.

Ele chama a atenção para a queda da modalidade de crédito rotativo, e a classifica de salutar, pois mostra que houve melhora da renda da população, há mais emprego e os clientes pagam melhor as dívidas. Além disso, os clientes buscam linhas de longo prazo para aquisição de bens. "A queda é natural no rotativo, pois em momentos de crise a tendência é a dependência subir, e na fartura, é cair."

Outro fato positivo, de acordo com Andrade Neto, é ter o cliente por mais tempo no banco. "A vantagem para o consumidor é grande porque se trocam dívidas de curto prazo por uma de longo. Para o banco, além de fidelizar o cliente, ele tem uma previsão do seu comportamento e independe do ambiente externo."

"A saúde financeira do grupo no Brasil vai bem", disse. Captação de recursos (funding) para financiamentos de longo prazo parece não ser problema para o banco. Segundo Andrade Neto, as operações da matriz do próprio Citi alimentam as necessidades de funding. "Vêm da tesouraria do banco. Temos capacidade de gerar mais ativos, até porque somos um banco de rating AAA, sem problemas de crédito e com bastante investimento por parte dos clientes de alta-renda."

O presidente ressalta que a operação do Brasil é lucrativa, e mesmo durante a crise deu lucro. Mas ele não revelou a participação do negócio brasileiro dentro do resultado mundial. Questionado se o grupo ainda sente os efeitos da crise, Andrade Neto descartou a possibilidade. "É óbvio que tivemos investimentos e apoio do governo norte-americano, mas também tivemos maturidade para realizar mudanças, inclusive de gestão, e força para remodelação da empresa. O Brasil nunca teve problemas. Posso afirmar que a operação daqui só ajudou."

Contudo, a ajuda da operação no Brasil custou a venda de 17% das ações de controle que o grupo tinha na Redecard.

No mundo, o Citigroup fechou o terceiro trimestre com lucro líquido de US$ 2,168 bilhões e receita administrável de US$ 20,738 bilhões. Um ano antes, esses montantes eram de US$ 101 milhões e a US$ 23,142 bilhões, respectivamente. "De modo geral, estou satisfeito com o progresso que estamos fazendo. Nossa marca e presença em mercados emergentes nos permitiram nos alinharmos para a tendência de crescimento que vemos globalmente, e continuamos a investir a fim de atender aos nossos clientes no mundo", comentou, em nota, o executivo-chefe do banco, Vikram Pandit.

Quanto à compra de outras instituições, Andrade Neto foi vago. "É cedo para falar em aquisição", disse. Na sua avaliação, o mercado está em ebulição e empresas estrangeiras estão olhando para o País, mas, neste momento, o Citigroup Brasil "está fora do mercado e no curto prazo não temos nada em vista."

Ele destacou que o banco tem atuação global e tem parcerias no exterior. "No Brasil temos bom posicionamento no mercado de cartões de crédito. Pode até ser que aconteça algo no futuro, mas neste momento estamos fora."

Quanto a atuar como banco de varejo, Andrade Neto descartou a possibilidade, pois o Citibank, disse, é reconhecido como banco focado em alta-renda. "Mantemos a operação da Credicard em separado da do banco. Os cartões atendem o varejo; o banco é segmentado."

Para ele, a segmentação traz dois cenários importantes para o grupo no Brasil. O primeiro, entende ele, é a expansão da marca. "O crescimento orgânico não cabe, mas também não há oportunidades para aquisição neste momento. Mesmo porque não está nos planos estratégicos."

A segunda conclusão do executivo é a de que faltam bancos para atender o consumidor de alta-renda. "O banco cresce no público-alvo justamente pela concentração. É o público que queremos atender e estamos bem posicionados onde queremos estar."

Outra segmentação se dá no mercado de cartões. O executivo considerou heterogênea a operação. "Temos produtos tanto para classe A como para classe E."

Ele exemplificou contando que há um ano foi lançado cartão D. Super, voltado para o público de classe C, cujo poder aquisitivo varia ente R$ 1 mil e R$ 2 mil. "Vendemos 200 mil cartões. Aqui nosso público não é alta-renda. O público é a distribuição em cima de um potencial de mercado. É o reflexo da pirâmide social brasileira." Ele não descartou que a Credicard lance mais produtos para classes mais baixas.

Há duas semanas o grupo lançou um cartão para clientes cuja renda é de mais de R$ 3 mil. A administradora de cartão de crédito do Citibank fechou parceria de exclusividade com a Visa e deve emitir, a partir de hoje, o cartão Credicard Exclusive. A meta do grupo é colocar 300 mil cartões na rua em um ano. "Isto é mole para nós", brincou, na oportunidade.

Ele explica que o produto solucionou um espaço vazio para o público de alta-renda, no caso, para acumular milhagem. "Quando pegamos nosso portfólio vemos que atendemos 100% das classes sociais brasileiras."

Para ele, lançar novos produtos não é exclusividade de renda, mas de suprir necessidades de nichos como o de clientes que buscam entretenimento, viagens e consumo como supermercados.

Andrade Neto participou do Congresso da Federação Latino-Americana de Bancos (Felaban), que tratou da educação financeira na América Latina, em parceria com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Um dos temas principais foi uma possível bolha de crédito. Para Fábio Moraes, diretor de Educação Financeira da Febraban, existe a chance de ocorrer um problema. "Não sei se é uma bolha como a que aconteceu no mercado internacional, mas em quatro a cinco anos teremos um aumento da inadimplência no mesmo ritmo da oferta atual", enfatiza.

Nenhum comentário: