26 de mai. de 2008

CARTÕES: MESMO SEM PÁSCOA, GASTO COM CARTÃO DE CRÉDITO CRESCE EM ABRIL

portal InfoMoney 26/05/08 - Flávia Furlan Nunes

Pesquisa divulgada nesta segunda-feira (26) pela Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços) mostra que o gasto médio por cartão - crédito, débito e lojas - foi de R$ 64 em abril, alta de 10,34% em relação ao mesmo período de 2007 (R$ 58).


A variação positiva foi alcançada mesmo sem a comemoração da Páscoa em abril deste ano, data que aquece o consumo, o que reflete, segundo a Abecs, a força de crescimento do mercado de meios eletrônicos de pagamento.

Modalidades
Quando analisados os tipos de cartões, o destaque é o de débito, que teve crescimento de cerca de 14% no gasto médio por cartão: de R$ 34 no quarto mês de 2007 para R$ 39 no mesmo período deste ano.

Em seguida, na análise de crescimento, está o cartão de crédito, que passou de R$ 162 para R$ 172 (+6%). No caso dos cartões de loja e rede, o gasto médio se manteve estável em R$ 27.

Tíquete médio
Em cada compra efetuada com as três modalidades, por sua vez, a pesquisa mostra que o valor médio é de R$ 63, maior em 5% na comparação com abril de 2007 (R$ 60). Este valor sobe para R$ 77 nos cartões de crédito, fica em R$ 47 nos plásticos de débito e em R$ 57 nos de lojas e redes, de acordo com a tabela abaixo:


Mercado
O valor das compras realizadas com as três modalidades de cartões em abril deste ano somou R$ 29,1 bilhões, num total de 456 milhões de unidades em circulação no país. O valor das transações cresceu 24% na comparação com o mesmo período de 2007, enquanto o número de cartões evoluiu 14%.

FATURAMENTO DA INDÚSTRIA DE CARTÕES CRESCE 25% E SOMA R$ 114,4 BILHÕES NO ANO, DIZ ABECS

boletim Valor Online 26/05/2008 - Bianca Ribeiro

O faturamento da indústria de cartões de crédito, débito, lojas e redes somou R$ 114,4 bilhões entre janeiro a abril, o que corresponde a um aumento de 25% em relação ao mesmo intervalo do ano passado. Levantamento feito pela Associação Brasileira das Empresa de Cartões de Crédito (Abecs) mostra que só no mês de abril a receita chegou a R$ 29,1 bilhões, com avanço de 24% ante o mesmo mês de 2007.

No acumulado deste ano, a maior expansão foi verificada no faturamento dos cartões de débito, que cresceu 28,9% ante 2007 e somou R$ 32,6 bilhões. Os cartões de crédito, entretanto, continuaram liderando o volume total de gastos, com faturamento de R$ 65,6 bilhões, alta de 23,5%. Os cartões de loja e rede movimentaram também 23,5% a mais na comparação com o ano passado e totalizaram receita de R$ 16,2 bilhões.

Marcelo Noronha, diretor de Comunicação da Abecs, acredita que o desempenho verificado até agora levará o setor a um crescimento maior do que os 20% estimados para este ano. "O que vimos no primeiro quadrimestre já permite prever um crescimento de, no mínimo, 22% só em cartões de crédito", afirmou, acrescentando que no total das modalidades de pagamento a expansão poderá chegar a 23% em 2008.

AON CONCLUI EXPANSÃO PARA A AMÉRICA LATINA

jornal Valor Econômico 26/05/2008 – Altamiro Silva Junior

A Aon, uma das maiores corretoras de seguro do mundo, concluiu seu projeto de expansão pela América Latina iniciado há dois anos a partir de São Paulo. A companhia está inaugurando um escritório no Peru e fechou um contrato com a distribuidora de energia AES para vender seguros em El Salvador.

A Aon resolveu levar o modelo de venda de seguros para a baixa renda, desenvolvido e criado no Brasil no final dos anos 90, para toda a América Latina. A preocupação da corretora na época era como chegar à população mais pobre, que desconhecia o setor de seguros. A solução foi oferecer as apólices aos clientes de empresas de energia elétrica e telefonia fixa. Outra idéia foi fazer o mesmo no setor de varejo.

Ao custo médio de R$ 2, começaram a ser vendidos seguros de acidentes pessoais, residencial, perda e roubo de cartão e proteção financeira. O público alvo é formado por pessoas das classes C, D e E. Hoje, a Aon tem uma base de 8 milhões de seguradoras e tem mais de 30 empresas de concessão de energia como clientes.

Atualmente, são 54 empresas parcerias, incluindo grandes redes de varejo (Ricardo Eletro, Pernambucanas e Lojas Colombo). A unidade brasileira cresceu em média 35% ao ano e tem prêmios de R$ 300 milhões.

Com o sucesso dos negócios aqui, surgiu a idéia de levar as operações para outros países da região. No final de 2005, o projeto saiu do papel. Em pouco mais de dois anos, foram criadas unidades da Aon Affinity na Argentina, Chile, Colômbia e México. Todas são subordinadas a Aon Affinity do Brasil, com sede em São Paulo. José Macedo, presidente dos negócios no país, virou o responsável pelas operações de toda a região. O projeto consumiu US$ 5 milhões.

O último país a receber as operações da Aon foi o Peru, em abril. Segundo Evandro Baptistini, vice-presidente da Aon Affinity Latin America, a região está praticamente coberta. Ficam faltando Bolívia, Venezuela e Equador, que por enquanto não estão nos planos da Aon. "Concluímos nossa expansão geográfica pela América Latina."

Em alguns países, as operações já começam dar resultado. No México, houve crescimento de 120% nos prêmios no primeiro trimestre. Segundo Baptistini, a meta é alcançar o equilíbrio financeiro (break-even) ainda este ano em alguns países. Essas unidades possuem 200 funcionários e alguns executivos brasileiros têm feito rodízio entre elas. Em El Salvador, a meta inicial é oferecer apólices para 1 milhão de clientes da distribuidora AES e vender 50 mil apólices com custo de US$ 2,40.

MARSH FECHA PARCERIA COM O PORTAL YAHOO! PARA A VENDA DE SEGUROS

jornal Valor Econômico 26/05/2008 – Altamiro Silva Junior

O setor de seguros chegou à internet. Depois de buscar clientes nas redes de varejo, empresas de telefonia e energia elétrica, a rede mundial dos computadores entrou na mira das seguradoras. A partir de junho, o portal Yahoo! começa a vender seguros por meio de uma parceria fechada com a corretora Marsh

A idéia é oferecer o produto aos 20 milhões de usuários do portal, um dos mais visitados no Brasil e no mundo. Segundo Sherry Gonzalez, diretora regional da Marsh Affinity, a expectativa é vender 3 mil apólices por mês. "O acordo é uma forma de termos acesso a uma população enorme. Este público oferece uma oportunidade de novos negócios para a empresa." O Brasil já tem 40 milhões de usuários de internet, equivalente a 31% da população.

Sherry veio ao Brasil para cuidar da área de afinidade (venda de seguro a preços baixos por meio de parcerias) da Marsh. Ela estava nos Estados Unidos e diz que o segmento tem ganhado cada vez mais importância dentro da empresa. Na América Latina, o segmento deve responder por 25% das receitas nos próximos anos. A Marsh é uma das maiores corretoras e consultorias de risco do mundo e pertence ao grupo Marsh & McLennan Companies (MMC). No ano passado, faturou US$ 11,4 bilhões, número 6% maior que os de 2006.

No Brasil, a área de afinidade é uma das que mais crescem. Em 2007, o volume de prêmios foi de R$ 342 milhões, crescimento de 31%. Em 2006, as operações de affinity representavam 21% da receita da Marsh. No ano passado, subiu para 24%.

Para a internet, a Marsh criou o Yahoo! Assistance. O plano "helpdesk" (R$ 9,90 por mês) oferece serviço de assistência técnica 24 horas ao computador, por telefone ou por meio de uma central de assistência. A outra opção oferecida é o plano "residencial" (R$ 12,90), que inclui a visita do técnico na casa do cliente e serviços extras (chaveiro, encanador, eletricista). Há ainda um seguro de acidentes pessoais.

A seguradora da parceria é a australiana QBE. A divulgação do seguro será no próprio portal do Yahoo!. O portal ganha um percentual da receita sobre o que foi vendido. Esta é a primeira parceria do portal com uma empresa para a venda de seguros. Leonardo Khéde, chefe da área de e-commerce do Yahoo! Brasil, conta que a venda de seguros pela internet já é uma realidade fora do país. Agora, diz ele, deve começar a ganhar força por aqui.

CONTAS SIMPLIFICADAS CRESCERAM 12,2% EM 2007

jornal Tribuna da Imprensa 24/05/2008

O crescimento das chamadas contas simplificadas, destinadas à população de baixa renda e que não exigem movimentações superiores a R$ 1.000, foi de 12,2% no ano passado em relação a 2006, segundo a pesquisa "O setor bancário em números", da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). O número supera a abertura de contas correntes em geral, que no período foi de 9,3%.

De acordo com a Febraban, o número de correspondentes não-bancários registrou no ano passado um incremento de 15,5% sobre o montante de 2006, para 84,3 mil unidades. Os correspondentes não-bancários são unidades onde os clientes podem realizar diversos pagamentos, como de água, luz, telefone, cobrança bancária e impostos municipais, estaduais e federais, além de saques com cartão.

A pesquisa destaca ainda o crescimento no ano passado de 9,2% dos usuários de internet banking. Em 2006, os clientes do serviço somavam 27,3 milhões, número que saltou para 29,8 milhões em 2007. Segundo a Febraban, desse total, 25,3 milhões são de pessoas físicas e os outros 4,5 milhões de pessoas jurídicas.

A Febraban detalha a pesquisa na próxima terça-feira, apresentando ainda os números de clientes com contas poupança, clientes de internet banking, transações bancárias por origem, quantidade e variedade de caixas eletrônicos, gastos e investimentos em Tecnologia da Informação (TI).

NEGÓCIOS&CIA

jornal O Globo (RJ) 23/05/2008

A Supervia quer ter um cartão bancário com sua marca. A idéia é que seus 500 mil passageiros diários paguem passagens com cartão de débito e acumulem milhagem, conta José Carlos Leitão, diretor de marketing da concessionária. A empresa está enviando cartas-convite aos bancos e espera terminar a concorrência em agosto.

FECOMÉRCIO-RJ: 84,5% DAS FAMÍLIAS TÊM CONTAS EM DIA

portal A Tarde Online 23/05/2008 - Agência Estado

A maioria das famílias da região metropolitana registrou orçamento equilibrado em abril. A informação é da Fecomércio-RJ, que anunciou hoje pesquisa sobre o tema. De acordo com a entidade, o percentual de famílias da Região Metropolitana do Rio de Janeiro com o orçamento equilibrado ou superavitário ficou em 84,5% em abril, "o segundo maior da série histórica da Pesquisa de Orçamento Doméstico da Fecomércio-RJ, iniciada em julho de 2000", detalhou a instituição, em comunicado. Ainda segundo o levantamento feito pela organização, o porcentual só é inferior ao apurado em setembro de 2001, quando 86,1% dos entrevistados encontravam-se na mesma situação.

Na análise da Fecomércio-RJ, esse cenário mais confortável no orçamento familiar provocou também uma redução na inadimplência dos fluminenses tanto em contas fixas quanto em financiamentos. "O porcentual de famílias da Região Metropolitana do Rio de Janeiro inadimplentes em contas regulares no mês passado foi de 22%, o menor para um mês de abril desde o começo da série histórica (também iniciada em julho de 2000). No mesmo período do ano passado, 22,6% dos entrevistados estavam com alguma conta pendente", esclareceu a Fecomércio-RJ, em comunicado.

O levantamento abrange universo de 3.149 consumidores pesquisados, entre os dias 15 e 18 de abril.

MERCADO DE CARTÕES DE CRÉDITOS SERÁ DEBATIDO EM AUDIÊNCIA DA CMA E DA CCT

portal Agência Senado 23/05/2008

Será realizada na próxima terça-feira (27), a partir das 10h, audiência pública conjunta das Comissões de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) e de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT), requerida pelos senadores Flexa Ribeiro (PSDB-PA) e Adelmir Santana (DEM-DF). O objetivo da reunião é ajudar no exame de dois projetos de lei do Senado que regulamentam o mercado de cartões de créditos, ambos de autoria do senador Adelmir Santana.

O primeiro projeto (PLS 213/07) altera a lei que estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social (Lei 8.078/90) - o Código de Defesa do Consumidor (CDC). De acordo com o projeto, não será considerado ato abusivo a fixação de preço diferenciado na venda de bens ou na prestação de serviços pagos com cartão de crédito em relação ao preço à vista.

Ao justificar seu projeto, Adelmir Santana lembra que a aceitação do cartão de crédito por parte do vendedor possui um custo, e este é repassado aos consumidores na forma de preços mais altos.

"Esse custo deveria ser pago pelo consumidor que utiliza o cartão de crédito para quitar suas compras. Porém, ao homogeneizar o preço, não só esses incorrem no custo adicional, mas também todos os outros consumidores", justifica o autor do projeto.

O outro projeto (PLS 677/07) dispõe sobre o compartilhamento da infra-estrutura de coleta e processamento de informações no mercado de cartões de crédito e débito.

De acordo com a proposta, as redes de captura e processamento de informações das operadoras de cartões de crédito e débito deverão ser interconectadas e funcionalmente compatíveis. O projeto decreta também que será obrigatório, nos termos da regulamentação, o compartilhamento das redes de coleta e processamento de informações, inclusive dos equipamentos terminais, dos operadores de cartão de crédito e débito.

Para Adelmir Santana, esse projeto tem por objetivo sanar um dos problemas mais sérios da indústria de cartões de crédito: a ausência de interoperabilidade dos terminais de venda. O senador lembra que, com exceção de terminais de "pontos de vendas", presentes em grandes estabelecimentos com hipermercados, a regra é: para cada bandeira, o comerciante necessita ter um terminal específico.

"Assim, um estabelecimento comercial que aceita cartões, digamos, Visa, Mastercard e American Express, terá três máquinas para processar a venda. Isso gera custos desnecessários para o comerciante, que terá de pagar por três aluguéis, além da inconveniência de lidar com vários aparelhos, fiação", explica Santana.

A reunião deverá contar com a presença da diretora-substituta do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) do Ministério da Justiça, Maria Beatriz Corrêa Sales; da coordenadora de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, Maria Inês Dolci; do diretor-presidente da Associação Brasileira de Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), Félix Cardamone; do diretor da Associação Brasileira de Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), Antonio Rios; do chefe do Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de pagamentos do Banco Central do Brasil, José Antônio Marciano; e do chefe da Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas Gomes.

A audiência será na sala 7 da ala Alexandre Costa.


23 de mai. de 2008

EMPRESAS APONTAM BARREIRA DE BANCOS PRIVADOS A EMPRÉSTIMOS DO BNDES

portal G1 23/05/2008 - Mariana Oliveira

Pequenas e médias empresas reclamam de dificuldades para obter empréstimos no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o banco público que financia investimentos privados.

Segundo empresários e entidades, um dos principais entraves está nos bancos credenciados pela instituição que, segundo eles, muitas vezes tentam “empurrar” os empréstimos do próprio banco, que têm taxa de juros mais elevada que a cobrada pelo BNDES.

Como o BNDES não tem rede de agências, credencia bancos privados para repassarem os recursos dos empréstimos de até R$ 10 milhões. Com isso, empresários de micro, pequeno e médio porte, que dificilmente teriam condições de arcar com um empréstimo de valor superior, quase sempre precisam se dirigir a instituições credenciadas.

De acordo com Fabiano de Souza, gerente regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) em São José dos Campos e responsável pelo posto do BNDES na cidade, os bancos lucram mais oferecendo empréstimos próprios.

“O banco privado fica com 3% em média do lucro ao ano. Se financiam direto, têm 30%, 40% ao ano. (...) O banco usa o crédito do BNDES como brinde aos clientes. Essa é a postura dos bancos.”

Presidente do Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo, Joseph Couri concorda. “O spread bancário (diferença entre a taxa de juros do dinheiro que o banco empresta do BNDES e a taxa que ele repassa para o cliente) é baixo. O que o sistema financeiro tenta fazer, ele tenta virar e dizer: 'Em vez de pegar uma linha do BNDES, pega um leasing comigo que eu libero na hora'”.

Os próprios empresários relatam ter encontrado dificuldades. “Tentamos obter por mais de um mês junto a instituições financeiras e é bem complicado porque os gerentes não têm conhecimento. Os bancos não têm interesse, querem ficar empurrando os produtos deles”, afirmou Alessandra Rodrigues, coordenadora financeira da Tracker Indústria e Engenharia, de São José dos Campos, no interior paulista.

“A gente, quando vai tratar BNDES, esbarra em burocracia, esbarra em desinteresse de instituições”, disse Donizete Duarte da Silva, proprietário da indústria CSI, de Diadema, na Grande São Paulo.

Além da questão com os bancos privados, empresários e entidades argumentam que a exigência da Certidão Negativa de Débitos (CND), que comprova a inexistência de débitos previdenciários, também dificulta o acesso aos recursos do BNDES.

“O crédito só é concedido para empresas muito bem classificadas. Isso inviabiliza um monte de micros, pequenas e médias”, disse o presidente do Simpi.

A versão dos bancos

Para a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) “não é verdade que os bancos travam” as negociações.

“O banco sobrevive de negócios. Ao pegar o empréstimo do BNDES é um 'funding' [conversão de dívida de curto prazo em dívida de longo prazo] de maior longo prazo que ele tem. Se pode pegar o dinheiro do BNDES e não pegar o do banco para longo prazo, para mim só essa explicação já justifica [que para bancos compensa emprestar recursos do BNDES]”, disse Ademiro Vian, assessor técnico da entidade.

Segundo o técnico, a dificuldade dos empresários ocorre por conta da “burocracia” do próprio BNDES. “Quando o banco coloca o cardápio que o cliente tem que cumprir, na maior parte das vezes não resta outra opção a não ser fazer direto com o banco, por exemplo, um leasing. (...) Às vezes, as empresas têm que aceitar uma taxa um pouco maior porque não conseguem cumprir requisitos. (...) A redução da burocraria é fundamental para a concessão do crédito.”

A versão do BNDES

O superintendente da Área de Operações Indiretas do BNDES, Cláudio Bernardo de Moraes, rebateu a informação de que há burocracia para liberação de verbas.

“(Exigência de certidão negativa de débitos) é uma norma que está na Constituição. Para acessar recursos públicos, a empresa tem de estar em dia com as obrigações.”

Sobre a reclamação dos empresários de que os bancos privados prejudicam as negociações, o superintendente afirmou que o banco público estimula a concessão de crédito para os micro, pequenos e médios empresários reduzindo o limite de recursos que a instituição privada pode emprestar se não liberar para este público.

“(Empréstimo do BNDES) é um produto que fideliza. Se ele (banco) tiver interesse, pode ofertar. (...) O BNDES não pode obrigar o agente financeiro a emprestar. Pode fazer uma política voltada para que eles apliquem nas micro, pequenas e médias”, comentou Moraes. “A gente vê aqui que, apesar de toda queixa, os empréstimos para as micro e pequenas vêm crescendo a taxas superiores aos das grandes empresas.”

Segundo dados do BNDES, as micro, pequenas e médias empresas obtiveram R$ 3,3 bilhões no primeiro trimestre de 2008 ante R$ 2,1 bilhões no mesmo período do ano passado, uma alta de 57%. Para as grandes empresas, o desembolso foi de R$ 12 bilhões nos três primeiros meses deste ano contra R$ 8,2 bilhões em igual período de 2007 - elevação de 46%.

A recomendação das entidades empresariais é de que o empresário procure a agência bancária já tendo conhecimento prévio da linha de crédito que pode obter.

Cartão BNDES

As entidades empresariais destacaram que, apesar da dificuldade apontada de acesso aos empréstimos, o Cartão BNDES (cartão de crédito com limite de até R$ 250 mil para empresas que estão em dia com os impostos) é boa opção para micros e pequenas.

“É bom para o comprador. (...) É muito mais rápido [a aprovação]. A taxa é imbatível”. O cartão tem taxa de 1,06% ao mês (valor do mês de maio); os cartões de crédito comuns empresariais têm taxa média de cerca de 3% ao mês.

Couri, do Simpi, disse que, por conta do cartão, é “injusto” com o BNDES dizer que o banco público não dá acesso ao crédito para os micro e pequenos. “Eles têm o cartão BNDES, que é muito positivo, e vem crescendo muito entre os empresários de menor porte.”

INTERNET BANKING É O TERCEIRO MOTIVO PELO QUAL AS PESSOAS ACESSAM A INTERNET

portal InfoMoney 23/05/2008 - Roberta de Matos Vilas Boas

O internet banking é a terceira principal razão para que as pessoas acessem a internet. Segundo estudo da empresa de consultoria Gartner, esse tipo de serviço faz com que mais usuários utilizem a rede.

Porém, entre os internautas de países emergentes, esse não é um dos fatores que influenciam o uso da tecnologia.

Brasil é líder entre latino-americanos

Segundo pesquisa da Felaban (Federación Latinoamericana de Bancos), o Brasil é o que mais utiliza internet banking entre os latino-americanos.

O estudo aponta que 20,3% da população adulta do Brasil utilizam esse tipo de serviço, enquanto no Chile, o segundo colocado, esse índice cai para 10,58%.

Outros motivos para acessar a internet

Além do banco on-line, o e-mail e as ferramentas de busca fazem com que as pessoas acessem mais a internet. Esses serviços estão no topo da lista da pesquisa da Gartner, na qual a maioria dos entrevistados afirmou que utiliza a rede para obter informações e ler as mensagens eletrônicas.

Compartilhar fotos, vídeos e músicas ficou em quarto lugar nas preferências dos internautas, e em quinto, os serviços de navegação geográfica e as compras on-line.

Redes Sociais

Apesar do aumento na utilização das redes sociais e de aplicações como vídeos, a Gartner comprovou que essas ferramentas são mais utilizadas entre os jovens, com idade de 13 a 18 anos, que também se interessam por download de músicas, jogos on-line e blogs.

Para a consultoria, internautas nessa faixa etária representam os precursores das novas tendências da web.

A pesquisa foi feita com 4,7 mil pessoas, durante o último trimestre do ano passado, em 18 países com usuários de três níveis educacionais e de três faixas salariais diferentes.

BB PODE PAGAR R$ 10 BI PELA NOSSA CAIXA

jornal Gazeta Mercantil 23/05/2008 - Iolanda Nascimento e Regiane de Oliveira

O Banco do Brasil (BB) poderá desembolsar aproximadamente R$ 10 bilhões pela aquisição da totalidade das ações da Nossa Caixa se vingarem as "tratativas" de incorporação iniciadas e anunciadas oficialmente pelas instituições na noite da última quarta-feira - e que pegou o mercado de surpresa - e se o BB estender a possível oferta de compra a todos os acionistas. O Estado de São Paulo, que detém o controle do banco com 71,25% do total das ações, ficaria com a maior parte do bolo, ou perto de R$ 7,13 bilhões. O restante dos papéis está no mercado.

O valor é baseado nas estimativas da agência classificadora de risco Austin Rating. Conforme o presidente da empresa, Eriberto Rodrigues, a precificação de um negócio desse porte gira em média de 3 vezes a 3,5 vezes o valor do patrimônio líquido. A Nossa Caixa encerrou o primeiro trimestre deste ano com um patrimônio líquido de R$ 2,9 bilhões, 7% a mais em comparação ao registrado no mesmo período de 2007. O Banco do Brasil evita falar em valores e prazos e informa que tudo ainda está em fase inicial de estudos. Mas estima-se que o prazo se estenderá por até dois meses para a fase de avaliação das condições da Nossa Caixa e formatação de preço e mais uns quatro, cinco meses para a autorização do Banco Central. Entretanto, desde o ano passado o BB entrou em negociações para comprar outros três bancos estaduais, e de menor porte (Banco do Estado de Santa Catarina, Banco do Estado do Piauí e Banco de Brasília), ainda não concluídas.

A Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo também teria de aprovar a venda da Nossa Caixa, se concretizada, o que deverá ocorrer, já que dificilmente a base parlamentar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva faria oposição ao negócio que, segundo especulações de mercado, foi alinhavado diretamente entre o presidente Lula e o governador José Serra, de São Paulo. Um dia antes do anúncio da intenção de o BB adquirir a Nossa Caixa, os dois estiveram, inclusive, reunidos em São Paulo. A Assembléia também não se oporia porque a Nossa Caixa, passando para as mãos do BB, não mudaria sua condição de banco público. A assessoria de imprensa do Palácio Bandeirantes, sede do governo paulista, informou que Serra não se pronunciaria sobre o negócio.

Apesar de o BB ter definido a estratégia de crescer por meio da aquisição de bancos públicos, para fazer frente a concorrência cada vez mais acirrada das principais instituições privadas do País - Bradesco, Itaú, Santander e ABN Amro -, que também estão indo às compras para acelerar o crescimento, o mercado não esperava que a Nossa Caixa seria o seu próximo alvo. "Soa estranho o governo querer se desfazer de um ativo assim, lucrativo e eficiente como é a Nossa Caixa e com planos de expansão", observa Rodrigues. Fontes do mercado avaliam que o negócio pode ser moeda de troca por conta do objetivo do governo estadual de privatizar a Cesp, que esbarra na necessidade de liberações em âmbito federal que poderiam inviabilizar o plano, se não ocorrerem.

Consolidação

Contornando o cenário político, a aquisição seria benéfica para o BB, que consolida sua liderança, ganha espaço no estado mais rico do País e coloca uma larga margem de vantagem sobre os concorrentes privados que crescem aceleradamente e ameaçam sua posição. Em dados do primeiro trimestre, o BB fechou março com ativos totais de R$ 392,58 bilhões, evolução de 22% em um ano. Já os ativos totais da Nossa Caixa somaram R$ 51,4 bilhões em março, alta de 19,9%. Juntos, têm ativos de R$ 443,98 bilhões. Os ativos totais do Bradesco foram a R$ 355,51 bilhões ao final de março, crescimento de 26,1%. Itaú somou R$ 327,62 bilhões, alta de 27,1%.

O gerente de relações com investidores do BB, Marco Geovanne Tobias, afirma que a transação vai ao encontro da estratégia do banco de se posicionar melhor no Estado de São Paulo, fortalecendo sua presença no mercado com uma estrutura maior. "Hoje, Bradesco, Itaú e Santander são as grandes forças no Estado", diz. Em São Paulo, atualmente o BB tem 682 agências e a Nossa Caixa, 552 - o que daria um total de 1.234 com a concretização do negócio e garantiria à instituição a dianteira no ranking. Hoje, o Bradesco tem 1.022 e Itaú tem 814 agências.

Na Região Metropolitana de São Paulo, no entanto, o BB ainda ficaria na segunda posição em número de agências, quando somada a sua estrutura com a da Nossa Caixa, de 442 pontos-de-venda. O Bradesco tem hoje 551 agências na região e o Itaú, 510.

Rodrigues, da Austin Rating, cita ainda como atrativos para o BB a folha de pagamento dos funcionários públicos do Estado - cerca de 800 mil pessoas - e os depósitos judiciais, que formam uma "espécie de funding a custo baixo" para a Nossa Caixa, que calcula em torno de R$ 10 bilhões. A folha foi comprada pelo banco paulista em 2007, por R$ 2,084 bilhões, e ainda resta R$ 1,6 bilhão de amortizações. "A Nossa Caixa tem uma atuação complementar à do banco do Brasil", afirma Rodrigues, ressaltando que o banco ganhará escala, principalmente, diante do crescimento previsto para os concorrentes. "Eles estão comprando e com certeza estão olhando novas oportunidades."


NEGOCIAÇÃO DEPENDE DO PREÇO

jornal Valor Econômico 23/05/2008 - Maria Christina Carvalho

A eventual incorporação da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil (BB) ainda deve passar por duas etapas importantes, segundo fonte ligada ao banco paulista. O fato relevante divulgado quarta-feira é apenas o pontapé inicial de uma negociação.

Uma das etapas é a definição do preço que o governo federal, por meio do Banco do Brasil, está disposto a pagar pela Nossa Caixa. Acredita-se que será um valor substancial. A Nossa Caixa fechou quarta-feira com um valor de mercado de R$ 2,9 bilhões. Em dia de queda do índice Bovespa, as ações do banco subiram 0,69%, acumulando alta de 8,65% no mês e de 17,50% no ano. O valor de mercado é praticamente idêntico ao valor patrimonial, de R$ 2,9 bilhões no balanço fechado em março.

Resultados ruins em 2007, quando o banco teve lucro líquido de R$ 303,1 milhões e retorno de 11%, deprimiram os preços da Nossa Caixa na bolsa. Mas, em se tratando de uma compra de controle, o banco vale mais. Alguns de seus trunfos são a folha de pagamento de 1,1 milhão de funcionários do governo de São Paulo, que engrossou a carteira de 5,7 milhões de clientes do banco, localizados no Estado mais rico do país.

O direito por pagar a folha nos próximos cinco anos foi adquirido do governo estadual em 2007 por R$ 2,084 bilhões, pagos à vista e amortizados mensalmente a um ritmo de R$ 40 milhões. Além disso, a Nossa Caixa tem rede de 950 agências e postos de atendimento quase que unicamente em São Paulo, que dariam ao BB posição imbatível, mesmo frente ao poder de fogo que o Santander adquiriu com a compra do Banco Real. Não só o Santander mas também os outros grandes bancos privados brasileiros ameaçam a posição do BB.

O BB já teria tentando negociar no ano passado, quando disparou a ofensiva pela compra do Besc e do BRB, de Brasília. Na ocasião, o governador Serra não aceitou a proposta. Mas, o fracasso da venda da Cesp mudou sua opinião. O governo paulista quer recursos para tocar seus projetos.

Outro passo importante da negociação será conseguir a aprovação da Assembléia estadual. Para que a venda seja efetuada, será necessário um projeto de lei, autorizando a operação pelo governo paulista. Quando o Tesouro paulista resolveu vender as ações da Nossa Caixa, também precisou de autorização da assembléia. A direção da Nossa Caixa foi comunicada pelo governo estadual da disposição de negociar com o BB, mas não quis comentar o assunto.

A Nossa Caixa divulgou na semana passada o balanço do primeiro trimestre com alguma melhora nos resultados. O banco teve lucro líquido de R$ 114,9 milhões, resultado 31% superior ao de igual período de 2007. O lucro inclui R$ 78,3 milhões em créditos tributários ativados em função do aumento de 9% para 15% da alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). O retorno sobre o patrimônio líquido médio subiu para 17,1%, de 13,9% no primeiro trimestre de 2007. Uma política comercial agressiva e a manutenção do controle das despesas melhoraram os números. O Banco Nossa Caixa pretende recuperar todo o investimento feito na compra da folha de pagamentos dos servidores do Estado de São Paulo até março de 2009. Para isso, a Nossa Caixa conta com as receitas propiciadas por essa nova massa de clientes, dos quais os 550 mil aposentados já recebiam os benefícios pelo banco. Os demais, da ativa, passaram a receber o salário pela Nossa Caixa e não mais pelo Santander, que, no entanto, também disputa essa clientela.

A Nossa Caixa garante, porém, que os funcionários públicos crescentemente compram produtos e usam os serviços do banco. Seus dados mostram que no primeiro trimestre de 2007 a margem média de contribuição de cada servidor público para as receitas do banco foi de R$ 138,82, R$ 104,70 dos servidores que já possuíam conta no banco e R$ 34,12 dos novos. Os números foram crescendo e no primeiro trimestre deste ano a margem média subiu para R$ 185,87.


ANALISTAS ESTRANGEIROS VÊEM RISCO DE BB PAGAR CARO PELA NOSSA CAIXA

jornal Folha de S. Paulo 23/05/2008 - Guilherme Barros

Os analistas de bancos estrangeiros avaliam que a incorporação da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil será um passo estratégico importante para o banco federal, mas apontam alguns riscos. O maior deles é o de o BB pagar caro demais.

Os bancos estrangeiros trabalharam normalmente ontem, e, por isso, foram feitos os relatórios comentando a notícia da incorporação da Nossa Caixa pelo BB.

O banco de investimento Morgan Stanley, por exemplo, espera que a conclusão da operação demore no mínimo seis meses porque o processo de "due dilligence" -durante o qual será feita uma avaliação pormenorizada da Nossa Caixa- deverá ser longo.

Mas a instituição vê muitas vantagens para o BB na aquisição, como o crescimento da sua rede de agências e as sinergias operacionais, que resultarão em redução de custos.

O Morgan Stanley, no entanto, vê o risco de o BB pagar caro demais pela Nossa Caixa, em parte devido à sua inexperiência em fusões e aquisições.

"As ações da Nossa Caixa são negociadas no mercado, atualmente, a um preço próximo do seu valor patrimonial e não gostaríamos de ver o BB desembolsar mais do que 15% a 20% de prêmio sobre o valor patrimonial."

Por isso, o Morgan Stanley prevê que o mercado reagirá negativamente à notícia, movimento que só será revertido quando as condições concretas do negócio forem conhecidas.

Já o Deutsche Bank afirma que a incorporação é positiva para o Banco do Brasil, mas negativa para o Bradesco, o Itaú e o Unibanco, já que a competição bancária deve aumentar, principalmente em São Paulo.

O banco alemão afirma que o fracasso recente da privatização da Cesp pode ter acelerado o processo de negociação.

"Os fatores políticos devem impedir que a transação seja concluída a médio prazo. Como o Banco do Brasil tem 65% de participação do governo federal, do PT, e a Nossa Caixa tem 71% do governo estadual, do PSDB, nós acreditamos que o fracasso recente da privatização da Cesp pode acelerar a negociação", diz o banco alemão.

O Deutsche Bank afirma também que a Nossa Caixa é um alvo atraente para uma instituição pública federal, mas não necessariamente para os bancos privados, já que a quantidade de depósitos judiciais- cerca de R$ 16 bilhões- no banco paulista é muito grande.

Para o UBS Pactual, a incorporação da Nossa Caixa é um passo importante para a estratégia de crescimento do BB por meio de aquisições. O UBS prevê, porém, que o anúncio do BB poderá motivar uma reação dos bancos privados, interessados na realização de um leilão.

A instituição diz que, como a Nossa Caixa está atrás de outros bancos em termos de eficiência, a integração com o banco federal será desafiadora.

O Citigroup lamentou que o anúncio tenha sido feito no início da noite, em uma véspera de feriado, e que o mercado tenha que esperar até a próxima semana para ter mais informações sobre o negócio.


ANALISTAS ESTRANGEIROS VÊEM RISCO DE BB PAGAR CARO PELA NOSSA CAIXA

jornal Folha de S. Paulo 23/05/2008 - Guilherme Barros

Os analistas de bancos estrangeiros avaliam que a incorporação da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil será um passo estratégico importante para o banco federal, mas apontam alguns riscos. O maior deles é o de o BB pagar caro demais.

Os bancos estrangeiros trabalharam normalmente ontem, e, por isso, foram feitos os relatórios comentando a notícia da incorporação da Nossa Caixa pelo BB.

O banco de investimento Morgan Stanley, por exemplo, espera que a conclusão da operação demore no mínimo seis meses porque o processo de "due dilligence" -durante o qual será feita uma avaliação pormenorizada da Nossa Caixa- deverá ser longo.

Mas a instituição vê muitas vantagens para o BB na aquisição, como o crescimento da sua rede de agências e as sinergias operacionais, que resultarão em redução de custos.

O Morgan Stanley, no entanto, vê o risco de o BB pagar caro demais pela Nossa Caixa, em parte devido à sua inexperiência em fusões e aquisições.

"As ações da Nossa Caixa são negociadas no mercado, atualmente, a um preço próximo do seu valor patrimonial e não gostaríamos de ver o BB desembolsar mais do que 15% a 20% de prêmio sobre o valor patrimonial."

Por isso, o Morgan Stanley prevê que o mercado reagirá negativamente à notícia, movimento que só será revertido quando as condições concretas do negócio forem conhecidas.

Já o Deutsche Bank afirma que a incorporação é positiva para o Banco do Brasil, mas negativa para o Bradesco, o Itaú e o Unibanco, já que a competição bancária deve aumentar, principalmente em São Paulo.

O banco alemão afirma que o fracasso recente da privatização da Cesp pode ter acelerado o processo de negociação.

"Os fatores políticos devem impedir que a transação seja concluída a médio prazo. Como o Banco do Brasil tem 65% de participação do governo federal, do PT, e a Nossa Caixa tem 71% do governo estadual, do PSDB, nós acreditamos que o fracasso recente da privatização da Cesp pode acelerar a negociação", diz o banco alemão.

O Deutsche Bank afirma também que a Nossa Caixa é um alvo atraente para uma instituição pública federal, mas não necessariamente para os bancos privados, já que a quantidade de depósitos judiciais- cerca de R$ 16 bilhões- no banco paulista é muito grande.

Para o UBS Pactual, a incorporação da Nossa Caixa é um passo importante para a estratégia de crescimento do BB por meio de aquisições. O UBS prevê, porém, que o anúncio do BB poderá motivar uma reação dos bancos privados, interessados na realização de um leilão.

A instituição diz que, como a Nossa Caixa está atrás de outros bancos em termos de eficiência, a integração com o banco federal será desafiadora.

O Citigroup lamentou que o anúncio tenha sido feito no início da noite, em uma véspera de feriado, e que o mercado tenha que esperar até a próxima semana para ter mais informações sobre o negócio.


ITAÚ CONTESTA VENDA DA NOSSA CAIXA PARA O BANCO DO BRASIL E PEDE LEILÃO

jornal O Estado de S. Paulo 23/05/2008 - Ricardo Grinbaum e Fernando Nakagawa

Um dia após ser anunciada, a negociação para a venda da Nossa Caixa para o Banco do Brasil (BB) foi contestada ontem pelo presidente do Banco Itaú, Roberto Setubal. Em declaração ao Estado, o presidente do segundo maior banco privado do País cobra maior transparência no negócio e defende a realização de um leilão, o que garantiria melhor preço pelo patrimônio do banco estadual paulista. Ele antecipou o interesse do Itaú na disputa.

"Se o governo do Estado de São Paulo pretende vender a Nossa Caixa, entendo que a melhor forma seria um leilão, pois estaria garantido, de forma transparente, o melhor preço para o Estado. O Itaú teria interesse em participar desse eventual leilão", declarou.

O presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo, José Carlos Vaz de Lima (PSDB), afirmou ontem ao Estado que a instituição tem condições de aprovar a incorporação da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil 60 dias após o envio de um projeto do governo paulista para a aprovação da alienação da sua participação no capital do banco estadual, que é de 71,25% - os 28,75% restantes estão em poder de acionistas minoritários.

"Meu sentimento é de que não haveria problemas para a aprovação, desde que obedeça às condições básicas de preço de mercado e garantia dos direitos dos trabalhadores e dos acionistas minoritários", frisou. Para ele, o preço mínimo deve ser perto de duas vezes o patrimônio da Nossa Caixa, de R$ 2,867 bilhões, pelo balanço de 31 de março. Assim, o preço deveria ficar ao redor de R$ 5,7 bilhões.

Na avaliação do deputado, há boas condições para a Assembléia Legislativa apoiar o negócio com o Banco do Brasil porque não será uma privatização, mas uma transação entre duas instituições públicas. Como o Banco do Brasil quer ampliar a atuação no Estado de São Paulo, a tendência é de requerer um número expressivo do corpo de empregados da Nossa Caixa.

Para ele, se essa negociação for feita com um banco privado, a aceitação na Assembléia Legislativa poderia ser mais difícil, pois haveria maiores preocupações com um eventual processo mais radical de enxugamento de despesas e demissões de funcionários. "O BB é uma instituição de 200 anos, que faz parte da história do Brasil e contribui há muito tempo com o desenvolvimento econômico e social do País. Não tenho dúvidas de que a incorporação da Nossa Caixa pelo BB deve ser positiva para São Paulo, para os funcionários e os acionistas minoritários", afirmou.

De acordo com Vaz de Lima, os entendimentos políticos entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador José Serra estão avançados e o Banco do Brasil e a Nossa Caixa devem apresentar em breve o preço que cada parte considera razoável. Ele ponderou que será necessária uma terceira avaliação independente, provavelmente de uma empresa de auditoria com experiência internacional, que será capaz de estimar um valor justo.

O deputado disse que, se os poderes executivos federal e estadual não contratarem a auditoria independente, a Assembléia tomará essa decisão. Para Vaz de Lima, o pagamento de um preço de mercado é essencial para que a operação seja aprovada.

"A Nossa Caixa é uma das maiores instituições financeiras do País e, naturalmente, também desperta interesse de bancos privados. Então, seu valor não pode ser aviltado. Além disso, ela atua no Estado cuja economia é a mais forte do Brasil. Desse modo, é coerente esperar o pagamento de um montante que levaria em consideração um prêmio sobre o preço mínimo em função desses fatores atrativos", comentou.

LANCES DO BB

O início das negociações para compra da Nossa Caixa é o lance mais ousado do Banco do Brasil no seu plano de manter a liderança no mercado. Essa reação iniciou-se em 2007 com o começo da incorporação do Banco do Estado de Santa Catarina (Besc), processo que deverá estar concluído até agosto, de acordo com informações do próprio banco. Paralelamente, o BB vai incorporar aos poucos as agências do Banco do Estado do Piauí, já federalizado.

O aproveitamento desses antigos bancos estaduais, no entanto, representa pouco diante da necessidade de crescimento num mercado que tende a ser cada vez mais concentrador. Com o anúncio feito na noite de quarta-feira, o BB acelera essa estratégia, de forma a responder aos concorrentes privados que adquiriram pelo menos 30 bancos nos últimos dez anos.

Desde o ano passado, os passos do BB para ganhar musculatura eram, proporcionalmente, discretos, se comparados à onda de fusões e aquisições que marcou o setor na última década. Por isso, em 2007 o maior banco brasileiro deu início às negociações com o governo do Distrito Federal para incorporar também o Banco de Brasília (BRB), que já foi forte na capital e em 2007 teve lucro de R$ 37 milhões.

Colaboraram Ricardo Leopoldo e João Domingos