A eventual incorporação da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil (BB) ainda deve passar por duas etapas importantes, segundo fonte ligada ao banco paulista. O fato relevante divulgado quarta-feira é apenas o pontapé inicial de uma negociação.
Uma das etapas é a definição do preço que o governo federal, por meio do Banco do Brasil, está disposto a pagar pela Nossa Caixa. Acredita-se que será um valor substancial. A Nossa Caixa fechou quarta-feira com um valor de mercado de R$ 2,9 bilhões. Em dia de queda do índice Bovespa, as ações do banco subiram 0,69%, acumulando alta de 8,65% no mês e de 17,50% no ano. O valor de mercado é praticamente idêntico ao valor patrimonial, de R$ 2,9 bilhões no balanço fechado em março.
Resultados ruins em 2007, quando o banco teve lucro líquido de R$ 303,1 milhões e retorno de 11%, deprimiram os preços da Nossa Caixa na bolsa. Mas, em se tratando de uma compra de controle, o banco vale mais. Alguns de seus trunfos são a folha de pagamento de 1,1 milhão de funcionários do governo de São Paulo, que engrossou a carteira de 5,7 milhões de clientes do banco, localizados no Estado mais rico do país.
O direito por pagar a folha nos próximos cinco anos foi adquirido do governo estadual em 2007 por R$ 2,084 bilhões, pagos à vista e amortizados mensalmente a um ritmo de R$ 40 milhões. Além disso, a Nossa Caixa tem rede de 950 agências e postos de atendimento quase que unicamente em São Paulo, que dariam ao BB posição imbatível, mesmo frente ao poder de fogo que o Santander adquiriu com a compra do Banco Real. Não só o Santander mas também os outros grandes bancos privados brasileiros ameaçam a posição do BB.
O BB já teria tentando negociar no ano passado, quando disparou a ofensiva pela compra do Besc e do BRB, de Brasília. Na ocasião, o governador Serra não aceitou a proposta. Mas, o fracasso da venda da Cesp mudou sua opinião. O governo paulista quer recursos para tocar seus projetos.
Outro passo importante da negociação será conseguir a aprovação da Assembléia estadual. Para que a venda seja efetuada, será necessário um projeto de lei, autorizando a operação pelo governo paulista. Quando o Tesouro paulista resolveu vender as ações da Nossa Caixa, também precisou de autorização da assembléia. A direção da Nossa Caixa foi comunicada pelo governo estadual da disposição de negociar com o BB, mas não quis comentar o assunto.
A Nossa Caixa divulgou na semana passada o balanço do primeiro trimestre com alguma melhora nos resultados. O banco teve lucro líquido de R$ 114,9 milhões, resultado 31% superior ao de igual período de 2007. O lucro inclui R$ 78,3 milhões em créditos tributários ativados em função do aumento de 9% para 15% da alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). O retorno sobre o patrimônio líquido médio subiu para 17,1%, de 13,9% no primeiro trimestre de 2007. Uma política comercial agressiva e a manutenção do controle das despesas melhoraram os números. O Banco Nossa Caixa pretende recuperar todo o investimento feito na compra da folha de pagamentos dos servidores do Estado de São Paulo até março de 2009. Para isso, a Nossa Caixa conta com as receitas propiciadas por essa nova massa de clientes, dos quais os 550 mil aposentados já recebiam os benefícios pelo banco. Os demais, da ativa, passaram a receber o salário pela Nossa Caixa e não mais pelo Santander, que, no entanto, também disputa essa clientela.
A Nossa Caixa garante, porém, que os funcionários públicos crescentemente compram produtos e usam os serviços do banco. Seus dados mostram que no primeiro trimestre de 2007 a margem média de contribuição de cada servidor público para as receitas do banco foi de R$ 138,82, R$ 104,70 dos servidores que já possuíam conta no banco e R$ 34,12 dos novos. Os números foram crescendo e no primeiro trimestre deste ano a margem média subiu para R$ 185,87.
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