4 de jan. de 2012

BRADESCO APOSTA EM INCLUSÃO BANCÁRIA E ABRE MIL AGÊNCIAS

jornal DCI 16/12/2011 - Marcelle Gutierrez e Renato Carvalho

Nos últimos seis meses de 2011, o Bradesco aposta na população brasileira não-bancarizada, isto é, que nunca utilizou os serviços bancários, para manter a trajetória de crescimento. Ao todo, foram inauguradas e reformadas 1003 agências, o que soma um investimento total de R$ 890 milhões e 5,9 mil novos funcionários diretos. Além de agregar novos clientes à sua base, a estratégia visa também compensar a perda das 6 mil agências do Banco Postal (Correios) para o Banco do Brasil em licitação realizada em maio deste ano. Agora, o Bradesco soma 8,2 mil agências.

Luiz Carlos Trabuco, presidente do banco, afirmou durante almoço de confraternização realizado na sede do banco, em São Paulo, que foram inauguradas, em média, cinco agências por dia nesse período, o que se caracteriza como uma vantagem competitiva a ser adotada nos próximos anos. "Queremos nos diferenciar pela distribuição e pela capilarização, sendo um delivery de serviços financeiros e de seguros por todo o País".

Segundo Trabuco, foram analisados os locais com maior ritmo de crescimento, como a Região Nordeste que, junto com a Sudeste, concentra 60% das aberturas de unidades no ano. "Levamos em conta ainda os índices de inclusão bancária. O potencial que a economia dá de bancarização é muito forte." O presidente explica que os índices de inclusão bancária são distintos, no qual São Paulo tem 43% da população bancarizada, Paraná possui 36%, Rio Grande do Sul 35% e Minas Gerais 25%. Já na região Nordeste a porcentagem chega a 16%.

O presidente do Bradesco ressalta que há capacidade para a quantidade de agências. "No Brasil, há 1,4 mil agências para cada 10 mil habitantes. Na Europa, há 3,2 mil agências para cada 10 mil agências", afirma Trabuco, que complementa: "O crescimento orgânico é a resposta para a atual realidade".

O executivo João Aguiar Alvarez, membro do Conselho de Administração do Bradesco, explica que a região Nordeste teve um incremento de renda nos últimos anos, além do banco ter adquirido a folha de pagamento dos servidores públicos de Pernambuco, fatores que justificam o investimento. "Ação específica para atender esses novos clientes, com abertura de agências onde há uma concentração muito grande. Mas esse [1003 novas agências] é um ponto fora da curva."

Ao ser questionado se as novas unidades possuem ligação com a perda do Banco Postal, Aurélio Conrado Boni, diretor-executivo do Bradesco, explica que houve uma análise dos lugares onde seriam instaladas as novas agências e que os locais onde o banco atuava por meio do Banco Postal, na rede de distribuição dos Correios, também foi um ponto relevante, já que os clientes mantêm relacionamento com o banco há anos. "Aquele cliente é do Bradesco."

O diretor de Varejo do Bradesco, Altair Antônio de Souza, também admite que a abertura de um número tão grande de agências em curto espaço de tempo tem como um dos objetivos manter os clientes conseguidos com o Banco Postal. "Claro que também temos por objetivo não perder contas, mas é bom lembrar que esses já são clientes do Bradesco. Esse investimento já estava previsto pelo banco, ele só foi acelerado por conta desta situação", afirma.

No final de maio, o Banco do Brasil venceu a licitação do Banco Postal com lance de R$ 2,3 bilhões, mais R$ 500 milhões em títulos de luvas. A rede de distribuição dos Correios começa a ser utilizada pelo BB em janeiro de 2012 e tem prazo de duração de cinco anos. O Bradesco tinha a exclusividade da operação desde 2002 e desistiu da licitação após lance de R$ 2,25 bilhões.

Cartões

Um dos produtos que mais podem contribuir para o processo de bancarização é o cartão. O diretor desta área no Bradesco, Marcelo Noronha, afirma que uma das estratégias é atingir novos clientes por meio de cartões de loja, conhecidos como private label. "Muitos deles não têm conta bancária, mas têm o cartão da loja." Ele não quis revelar quantos destes portadores de cartões se tornam efetivamente cliente. "É uma informação estratégica." A bandeira Elo, criada em parceria com o Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, já registra expansão. "Neste mês, já atingimos 1 milhão de plásticos", revela Noronha. Ele conta também que são 2 mil os estabelecimentos credenciados e com um ticket médio parecido com o do mercado. "Fica entre R$ 70 e R$ 80 mensais."

Noronha afirma que não está nos planos fazer da Elo uma bandeira internacional. "Não oferecemos a Elo como primeira opção aos clientes, porque é voltado para quem vai usar somente no Brasil. Queremos nos consolidar neste segmento de clientes, e depois vamos pensar em novos planos". Noronha também revelou que é possível um acordo com a Redecard em breve, já que, por enquanto, somente as máquinas da Cielo aceitam a bandeira.

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