2 de nov. de 2011

SISTEMA ELIMINA AS CABINES DE PEDÁGIO

jornal Valor Econômico 25/10/2011 - Marli Lima

Uma mini pista com quatro veículos em movimento é exibida em um estande da empresa de tecnologia Seagull. Nela não há praças de pedágios, mas câmeras instaladas em um pórtico registram a passagem deles, para que a cobrança pelo uso da estrada seja feita. O chamado "free flow", que no futuro deve acabar com as cabines que obrigam os motoristas a fazer paradas nas viagens, é um dos assuntos mais falados em congresso que reúne concessionárias de rodovias em Foz do Iguaçu (PR). Tecnologia para implementação das mudanças existe, o que se discute é como garantir o pagamento.

Uma das questões que anima as concessionárias é que o número de pessoas que paga pedágio deve aumentar com as mudanças em estudo. Saem as cabines com cancelas ao logo das pistas e entram pórticos instalados com distâncias menores, a cada 10 ou 20 quilômetros. O presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias, Moacyr Duarte, explica que no Brasil não dá para adotar o sistema de pagamento na saída da pista, como em outros países, porque normalmente há muitas vias de acesso. Segundo ele, na Dutra 10% dos usuários pagam e 90% usam trechos curtos e não são cobrados. O novo sistema reduziria o preço da tarifa pela metade.

Para que o assunto ir adiante, as concessionárias aguardam a implantação, pelos Detrans, do Sistema Nacional de identificação Automática de Veículos (Siniav), pensado inicialmente para combater furtos e roubos. Maurício Luz, diretor da Seagull, conta que a empresa é uma das interessadas no Siniav e desenvolveu projeto piloto no Rio que envolveu 120 veículos. "Tenho esperança de ter uma ou duas licitações ainda em 2011."

Mas tudo indica que, mesmo com a implantação do Siniav, ainda vai demorar para que as concessionárias mudem os modelos atuais. Para Duarte, "em menos de cinco anos é difícil". "Estamos olhando todas as possibilidades", diz Linomar Deroldo, presidente das concessões da OHL. Ele concorda que o free flow é mais eficiente do ponto de vista tecnológico, mas teme inadimplência. "O problema está na legislação e na cobrança", comenta. "Boa parcela da população não paga nem IPVA."

Outro que defende mais discussões para implementação do Siniav é Eduardo Coutinho, gerente-geral da Q-Free, uma das que fornece tags para o Via Fácil. "Como vai ser tratada a privacidade das pessoas e como será feita a fiscalização", questiona. O Executivo diz que a Q-Free planeja instalar nova fábrica no país, com aporte de US$ 3 milhões. O local não foi definido. Ela tem uma unidade em Campinas. Hoje a empresa apresenta a experiência que tem em Portugal, onde há modelos de "free flow" e de cobrança na saída de pistas.

Outro assunto em debate é o uso de novos meios de pagamento. Entre as opções estão GPS e celular. Ontem os participantes do evento conheceram experiência que está sendo testada na rodovia Dom Pedro pela concessionária Rota das Bandeiras. O usuário de celular envia mensagem para a administradora do sistema e adquire códigos para usar nas viagens.

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