16 de nov. de 2011

CARTÃO TRADICIONAL ELEVA O LUCRO DO VAREJO

jornal Folha de S. Paulo 01/11/2011 - Sheila D'Amorim e Flávia Foreque

Principal instrumento para estreitar relacionamento com a clientela, sobretudo com os consumidores da classe C, o cartão de uso exclusivo em uma loja começa a dar lugar aos em parceria com bandeiras internacionais (como Visa, MasterCard, Diners e Amex) e que são aceitos em diferentes estabelecimentos.

Essa tendência tem como pano de fundo o interesse dos bancos -que são emissores dos cartões, franqueados das bandeiras e donos das empresas credenciadoras- em aumentar a base de clientes, a frequência de uso e a rentabilidade das operações.

Algumas lojas já estão vendo nesse interesse a oportunidade para dividir o risco de crédito do cliente. Entre os consumidores, também há falta de disposição para carregar cartões de várias lojas.

A Riachuelo aderiu ao cartão com bandeiras no fim de 2010. Desde então, foram 900 mil cartões emitidos para clientes que já têm o cartão exclusivo da loja. A meta é chegar a 1 milhão até o fim do ano. A loja tem emitidos 20 milhões de cartões próprios.

Para José Antonio Rodrigues, diretor de crédito e risco da Riachuelo, o uso do cartão com bandeira representa mais uma etapa dos serviços que passam a ser usados pela nova classe média.

"O 'private label' [exclusivo da loja] foi a porta de entrada para conhecer o sistema de crédito [da loja]."

O cartão com bandeira ajuda a elevar o lucro da empresa, com a cobrança de taxa de anuidade de R$ 36, que não existe no outro cartão, e ganhos com a venda em outras lojas.

A Riachuelo não está sozinha. "Os cartões embandeirados devem adicionar mais valor aos negócios nos próximos anos", afirma relatório da Lojas Renner.

O grupo adotou o cartão com bandeira (Visa e MasterCard) em setembro de 2010. A empresa selecionou um grupo de clientes em sua base que já utilizava o cartão "private label" da empresa.

Em 2010, o cartão da Renner foi responsável por 56,6% das vendas totais da empresa. "Essa não é uma realidade só brasileira", afirma Marcelo Noronha, diretor da Abecs (entidade que representa a indústria de cartões).

PLANO REAL

"O cartão de loja existe no Brasil há muito tempo, é da década de 1980. Mas a indústria de cartões [com bandeira] deslanchou há menos tempo", disse, ressaltando que o setor ganhou força somente depois do Plano Real, em 1994.

Segundo a entidade, o Brasil encerrará 2011 com 684,4 milhões de cartões, dos quais 170,7 milhões com bandeiras e 247,4 milhões de uso restrito em lojas.

Segundo Noronha, a estratégia das lojas em adotar uma bandeira em seu cartão é garantir que ele "tenha um peso maior no bolso do consumidor". Caso contrário, o cartão vai ser usado uma vez ou outra pelo cliente e tende a ser esquecido.

A Marisa tem 12,2 milhões de cartões exclusivos e, segundo relatório da empresa, há 1,6 milhão de cartões dela que podem ser usados em várias lojas diferentes.

Juntos, os dois cartões foram responsáveis por 48,9% do total das vendas da companhia no segundo trimestre de 2011.

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