18 de set. de 2011

CONSUMIDOR ACEITA PUBLICIDADE NO CELULAR EM TROCA DE DESCONTO

jornal Brasil Econômico 15/09/2011 - Fabiana Monte

Um estudo da consultoria KPMG indica que usuários de telefones móveis e tablets aceitariam receber publicidade em seus dispositivos, em troca de descontos ou gratuidade em serviços e conteúdo.

E esse comportamento é mais forte entre consumidores dos países que compõem o Bric (Brasil, Índia, Rússia e China), onde 61% dos participantes responderam positivamente, enquanto nas nações do G7, o índice é 49%.

"Esta é uma boa notícia para as operadoras, porque cria um ambiente para novo modelo de negócios para as operadoras", afirma Manuel Fernandes Rodrigues de Sousa, sócio-líder da área de telecomunicações e mídia da KPMG.

Sousa refere-se a um debate que ocorre no mercado de telecomunicações mundial entre operadoras e os chamados provedores de serviços over the top (OTT), que oferecem serviços que consomem muita banda, como é o caso de vídeo.

O aumento do tráfego exige que as operadoras invistam em suas redes, mas, por outro lado, elas não participam da receita gerada pelos provedores.

"As operadoras reclamam porque têm que investir em infraestrutura e não participam da receita gerada por esses serviços. Por isso, esta propensão do consumidor apontada pela pesquisa é positiva", explica o executivo da KPMG.

Jean-Pierre Bienaimé, presidente do conselho do UMTS Fórum, entidade que representa a indústria de telecomunicações, concorda que a discussão é complexa, mas conta que a Comissão Europeia tem tentado criar alguns grupos de discussão sobre o tema.

Na segunda-feira (12/9), o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, disse que as operadoras têm que conviver com os novos competidores e destacou que essa é a nova realidade do mercado.

"A gente não briga contra a lei da gravidade. As empresas terão que se adaptar a essa nova realidade. Serviços como a Netflix vão competir com serviços estruturados. E haverá outros", observa.

Anteontem, Zeinal Bava, presidente da Portugal Telecom, uma das controladoras da Oi, declarou que "a fase de ter medo dos provedores OTT já passou e as operadoras, que investiram em rede e em inteligência da infraestrutura, podem colaborar e fazer parcerias com os OTTs".

O estudo da KPMG também mostra prognósticos positivos para o avanço da computação na nuvem. À medida que cresce o número de tablets e telefones celulares, que têm capacidade de memória limitada, os usuários devem aderir cada vez mais à nuvem, como forma de ter seus arquivos armazenados e acessíveis por meio de qualquer dispositivo.

Segundo o levantamento, 66% dos participantes da pesquisa já utilizam serviços de computação na nuvem. As aplicações mais comuns utilizadas são e-mail, compartilhamento de fotos e de vídeo.

Segurança e privacidade

O levantamento da KPMG mostra também que os consumidores dos Brics são mais preocupados com questões ligadas à segurança e privacidade, respectivamente, 81% e 71%.

Entre os entrevistados do G7, 46% dizem ser muito preocupados com segurança e 42% com privacidade. Os maiores níveis de preocupação podem estar relacionados à maior dependência que os assinantes dos BRICs têm do celular do que usuários do G7.

Por outro lado, os usuários de smartphones e tablets estão mais confortáveis em realizar transações financeiras por meio desses dispositivos

Em todo o mundo, 34% dos respondentes informaram estar confortáveis em usar o aparelho para isso. Este percentual é o dobro do verificado na versão anterior da pesquisa, realizada em 2008.

Outra informação da pesquisa é referente à telefonia fixa. Globalmente, aproximadamente 82% dos respondentes pretendem manter suas linhas de telefone. O principal motivo é para se conectar à internet (54%), seguido pelo hábito de ter o telefone fixo (45%) e por tarifas menores (40%).

Há também a percepção de que a linha fixa é a porta de entrada para serviços futuros de serviços de IPTV (televisão pela internet). Entre os cerca de 19% que têm a intenção de abandonar suas linhas de telefonia fixa, 60% pretendem fazê-lo em até seis meses.

A pesquisa, de julho de 2010, foi realizada em 22 países, incluindo 300 pessoas no Brasil. Ao todo foram ouvidos 5.627 entrevistados. A próxima edição do estudo será divulgada em novembro.

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