3 de jul. de 2011

AGENTES DE CRÉDITO TERCEIRIZADOS TERÃO PADRONIZAÇÃO DE VENDAS

jornal Brasil Econômico 01/07/2011 – Ana Paula Ribeiro

Os bancos de menor porte vão tentar tirar proveito das novas exigências do Banco Central (BC) em relação aos correspondentes bancários e elevar os ganhos das operações no futuro. A ideia é melhorar os procedimentos na concessão de crédito feitas por força de vendas terceirizadas e assim reduzir o risco desses empréstimos. “Uma boa mitigação do risco operacional pode trazer ganho de até 1% no spread”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), Renato Oliva.

As instituições de menor porte, em especial as que trabalham com crédito consignado e financiamento de veículos, contratam correspondentes bancários e empresas promotoras de vendas para captar novos clientes. De acordo com Oliva, como não há uma padronização nos procedimentos, cada prestador de serviço oferta o crédito de uma forma. Em muitos casos, parte das condições não é explicitada corretamente ao tomador do crédito ou ocorrem fraudes, como a tomada de umempréstimo consignado em nome de outra pessoa.

O dirigente afirma que não há um levantamento estatístico com os bancos para saber quais as perdas geradas com as operações captadas por correspondentes bancários. No entanto, Oliva explica que a melhora da gestão dessas operações pode mitigar o risco e reduzir as perdas financeiras. “A padronização leva a qualidade”, diz.

Para chegar a essa qualidade, a ABBC tenta antecipar a adoção das medidas que fazem parte da resolução 3954 do BC, publicada no início do ano para tentar disciplinar o relacionamento entre bancos e os prestadores de serviços. Por essa norma, até 2014 todos os agentes de créditos, também conhecidos como "pastinhas", devem ser certificados.

Oliva acredita que não é simples conseguir uma certificação sem um treinamento adequado. Para isso, a ABBC desenvolveu junto com a Fundação Instituto de Administração (FIA) um curso de capacitação para correspondentes bancários que terá início no dia 1º de julho.

Feito à distância, o curso é composto por sete módulos que envolvem prática de vendas (perfil dos clientes, apresentação e tratamento), crédito consciente (noções de orçamento familiar, valor da dívida no tempo), funcionamento do sistema financeiro e produtos financeiros (crédito consignado, financiamento e leasing de veículos, cartões).

Ao final de cada etapa é realizada uma avaliação. O custo do treinamento varia entre R$ 60 a R$ 70, a depender do número de alunos de cada empresa promotora de vendas. São 60 mil no Brasil, sendo que a maior parte possui mais de dez agentes de crédito.

Já a certificação fica a cargo da Associação Nacional das Empresas Prestadoras de Serviços (Aneps). O custo para realizar o exame é de R$ 300 (R$ 250 para os associados) e o certificado tem validade de três anos. Outras instituições podem vir a conceder certificações aos interessados.

O dirigente da ABBC destaca que atualmente os procedimentos são diferentes quando se contrata uma promotora que atua na região Sudeste e uma outra com atuação nos estados do Sul. “Àmedida em que você leva um conhecimento mínimo a esses profissionais, você passa a ter um comportamento de maior qualidade”, defende.

Outra preocupação dos bancos é que com a 3954, as instituições passam a ser mais responsabilizadas pelo crédito concedido por força de vendas terceirizadas, por isso a necessidade de treinar e certificar esses profissionais.

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