15 de jun. de 2011

MAGAZINE LUIZA ACERTA A COMPRA DO BAÚ POR R$ 83MILHÕES

jornal Brasil Econômico 14/06/2011 – Cintia Esteves

O Magazine Luiza levou a melhor na disputa pelas lojas do Baú da Felicidade e comprou a rede por R$ 83 milhões. O valor foi considerado uma pechincha por analistas, já que representa apenas 20% dos R$ 415 milhões que a varejista de Silvio Santos registrou de faturamento no ano passado. Sabe-se que o Baú tem dívidas, mas o destino destes passivos não foi detalhado pelas empresas. No comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliário (CVM), o Magazine Luiza se limitou a informar quer os R$ 83 milhões serão pagos integralmente em 31 de julho, “considerando que as lojas não terão nenhuma dívida ou caixa”.

Se Luiza Helena Trajano, dona do Magazine, for tão eficiente nas unidades do Baú como é em sua própria rede, pode ainda aumentar a receita em pelo menos R$ 240 milhões. No ano passado, o Baú vendeu R$ 9 mil por metro quadrado, enquanto no mesmo espaço, o Magazine vende 58% mais, R$ 14,2 mil. A aquisição formará uma rede com 732 lojas e receita de R$ 6,1 bilhões anuais.

Como explica Eduardo Seixas, sócio da Alvarez & Marsal, consultoria especializada em reestruturação de empresas, quanto maior a margem de lucro do segmento que a empresa atua, maior costuma ser o valor de venda desta companhia.

"No varejo, o segmento supermercadista tem a menor margem, o que leva estas companhias a serem vendidas por um valor abaixo do faturamento delas. Já em vestuário, a margem é alta e a tendência é que elas sejam vendidas por mais que a receita", diz. Na avaliação do especialista, o preço pago pelo Baú foi baixo pois a margem do segmento de eletrônicos está acima dos supermercados e abaixo das lojas de vestuário.

O Magazine Luiza reforçará sua presença nos estados de São Paulo e Paraná com unidades que se encaixam no perfil que a empresa está acostumada trabalhar: voltadas à classe C. Além de dificultar a chegada de um novo concorrente, a varejista também terá condições de expandir sua base de cartões de crédito, atualmente com 3 milhões de clientes cadastrados.

Mas apesar do aparente bom negócio, não há como fugir da sobreposição de lojas. A empresa informou que "poderá juntar, fechar, alienar ou transferir alguns dos pontos comerciais do Baú". E já começam a surgir interessados em comprar estes pontos.

A companhia também declarou que parte das lojas, principalmente as localizados no Paraná, serão convertidos em unidades virtuais, modelo espaço físico onde a varejista realiza vendas sem produtos, só com atendentes e computadores. A expectativa é que essa integração seja feita em seis meses.

O grupo Silvio Santos começou a buscar comprador para o Baú há sete meses, logo após a descoberta de fraude no banco Panamericano. A partir daí o grupo decidiu que focaria em comunicação, como canal de televisão SBT; em consumo, com a Jequiti; e em capitalização, com a Liderança. O Panamericano foi vendido ao BTG Pactual e a Braspag, empresa de pagamentos digitais, passou para as mãos da Cielo.

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